A Petrobras anunciou que alcançou um marco histórico: pela primeira vez no mundo, óleo de soja foi processado em uma unidade de refino industrial e transformado em combustível 100% renovável. Quem está por trás da tecnologia é o Cenpes (Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação) da empresa estatal.
A expectativa é que, com as pesquisas, seja possível produzir em larga escala uma gama de insumos petroquímicos e biocombustíveis renováveis. Isso inclui, por exemplo, GLP, combustíveis marítimos, propeno e bioaromáticos (BTX – benzeno, tolueno e xileno) — usados nas indústrias da borracha sintética, nylon e PVC.
A tecnologia permite adotar como carga uma matéria-prima 100% renovável, incluindo inovações de processo e de catalisação. O processamento dessa matéria-prima renovável em unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) é o primeiro do tipo no mundo.
De acordo com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a companhia tem como uma de suas prioridades a transição energética e na produção de combustíveis renováveis. “Estamos fazendo derivados típicos de petróleo a partir de óleo vegetal. É inovação e transição energética combinadas em benefício do Brasil. É a Petrobras voltando a liderar grandes processos de transformação técnica, econômica e social, com repercussão global”, disse Prates em um comunicado.
Tecnologia para o biorrefino de combustível
Os testes na área do biorrefino começaram a partir de um acordo de cooperação entre as empresas Petrobras, Braskem e Ultra, assinado em maio de 2023.
O primeiro teste industrial começou na última semana de outubro. Nessa etapa, a empresa recebeu duas mil toneladas de óleo de soja e fez uma manutenção na unidade de FCC. O dia 1º de novembro marcou o início do processamento da carga 100% renovável, com a comprovação da viabilidade da operação.
Posteriormente, a empresa planeja realizar um segundo teste em junho de 2024, no qual vão coprocessar uma carga mineral com bio-óleo (uma matéria-prima avançada de biomassa não alimentar) e produzir propeno, gasolina e diesel. Ou seja, todos eles terão conteúdo renovável.
A Petrobras está investindo cerca de R$ 45 milhões para desenvolver esse tipo de processamento renovável.