Pensar cansa? Este estudo mostra que sim
Pesquisadores do Instituto do Cérebro de Paris concluíram aquilo que os mais workaholics já suspeitavam: sim, pensar cansa. Seu estudo, publicado na quinta-feira (11), mostrou que um dia de trabalho “mental” pode ser tão desgastante quanto aqueles que dependem só da força física.
A pesquisa acompanhou 40 pessoas, que foram divididas em dois grupos. De um lado, 20 passaram mais de 6h trabalhando em tarefas mentalmente desgastantes. As demais, receberam funções mais simples.
O resultado: os participantes que precisaram lidar com questões mais complexas apresentaram níveis mais altos de glutamato, um importante neurotransmissor “excitatório”– ou seja, que ajuda os neurônios a disparar uma ação.
O problema é que altos níveis de glutamato podem perturbar a função cerebral. Isso é perceptível no estudo. Ao final do dia de trabalho, os participantes eram mais propensos que pessoas com tarefas simples a optar por recompensas financeiras em curto prazo – mesmo que fossem de valor baixo.
Esse seria o principal sintoma da fadiga mental: o cérebro, ao tentar regular os índices de glutamato, reduz o controle sobre as tomadas de decisão. Em consequência, cérebros cansados passam a escolher ações de baixo esforço com recompensas a curto prazo – mesmo que elas sejam bem menores que outras oferecidas.
Medindo o cansaço mental
O estudo é passo importante para encontrar que processos fisiológicos causam a fadiga mental. A equipe usou a técnica de espectroscopia de ressonância magnética para avaliar os participantes.
O objetivo era medir os níveis de glutamato na região do cérebro chamada córtex pré-frontal lateral – o lar do controle cognitivo, ou seja, o que permite que as pessoas contenham seus impulsos.
Esses estudos podem ser fundamentais para entendermos como funcionários reagem – e se recuperam – de trabalhos mentais de alto risco, como controle de tráfego aéreo, por exemplo. O sono ajuda? Quantas pausas são suficientes para ter um efeito positivo?
Essas são perguntas para estudos futuros, como adiantou o psicólogo e autor principal, Antony Wiehler. “Seria ótimo usar esse sistema para descobrir sobre como restaurar os níveis de glutamato e aprender mais sobre a recuperação da exaustão mental”, afirmou, à revista Nature.