Pensar cansa? Este estudo mostra que sim

Rotinas extenuantes de trabalho aceleram a produção de glutamato, neurotransmissor que regula a tomada de decisões do cérebro
Pensar cansa? Este estudo mostra que sim
Imagem: Tim Gouw/Unsplash/Reprodução

Pesquisadores do Instituto do Cérebro de Paris concluíram aquilo que os mais workaholics já suspeitavam: sim, pensar cansa. Seu estudo, publicado na quinta-feira (11), mostrou que um dia de trabalho “mental” pode ser tão desgastante quanto aqueles que dependem só da força física. 

A pesquisa acompanhou 40 pessoas, que foram divididas em dois grupos. De um lado, 20 passaram mais de 6h trabalhando em tarefas mentalmente desgastantes. As demais, receberam funções mais simples.

O resultado: os participantes que precisaram lidar com questões mais complexas apresentaram níveis mais altos de glutamato, um importante neurotransmissor “excitatório”– ou seja, que ajuda os neurônios a disparar uma ação. 

O problema é que altos níveis de glutamato podem perturbar a função cerebral. Isso é perceptível no estudo. Ao final do dia de trabalho, os participantes eram mais propensos que pessoas com tarefas simples a optar por recompensas financeiras em curto prazo – mesmo que fossem de valor baixo. 

Esse seria o principal sintoma da fadiga mental: o cérebro, ao tentar regular os índices de glutamato, reduz o controle sobre as tomadas de decisão. Em consequência, cérebros cansados passam a escolher ações de baixo esforço com recompensas a curto prazo – mesmo que elas sejam bem menores que outras oferecidas. 

Medindo o cansaço mental

O estudo é passo importante para encontrar que processos fisiológicos causam a fadiga mentalA equipe usou a técnica de espectroscopia de ressonância magnética para avaliar os participantes.

O objetivo era medir os níveis de glutamato na região do cérebro chamada córtex pré-frontal lateral – o lar do controle cognitivo, ou seja, o que permite que as pessoas contenham seus impulsos.

Esses estudos podem ser fundamentais para entendermos como funcionários reagem – e se recuperam – de trabalhos mentais de alto risco, como controle de tráfego aéreo, por exemplo. O sono ajuda? Quantas pausas são suficientes para ter um efeito positivo? 

Essas são perguntas para estudos futuros, como adiantou o psicólogo e autor principal, Antony Wiehler. “Seria ótimo usar esse sistema para descobrir sobre como restaurar os níveis de glutamato e aprender mais sobre a recuperação da exaustão mental”, afirmou, à revista Nature.

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Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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