Planeta do tamanho da Terra a 90 anos-luz pode ser coberto por vulcões
Astrônomos descobriram um novo exoplaneta (ou seja, um planeta fora do Sistema Solar) a partir de imagens do telescópio espacial Spitzer, aposentado pela Nasa em 2020. Batizado de LP 791-18 d, ele poderia sofrer com explosões vulcânicas tão frequentemente quanto Io, lua de Júpiter e o corpo mais vulcanicamente ativo da nossa vizinhança espacial.
O exoplaneta está a 90 anos-luz e seria um pouco maior e mais massivo que a Terra. Ele orbita uma pequena estrela anã vermelha na constelação Crater (ou “Taça”), chamada LP 791-18 (daí seu nome). Por lá, existem outros planetas conhecidos por nós: LP 791-18 b, cerca de 20% maior que a Terra, e LP 791-18 c, cerca de 2,5 vezes maior que a Terra e sete vezes mais massivo.
O planeta C passa muito próximo ao planeta D recém-descoberto enquanto orbitam a estrela. Como ele é maior, vence o planeta D quando o assunto é atração gravitacional. A cada vez que os corpos se aproximam, C dá um puxão gravitacional em seu vizinho – por isso, a órbita de D é elíptica.
Segundo os pesquisadores do novo estudo, nessa trajetória elíptica, o LP 791-18 d é levemente deformado toda vez que gira em torno da estrela. Tais deformações poderiam causar atrito interno suficiente no planeta para aquecer seu interior e produzir atividade vulcânica em sua superfície. Io seria afetado por Júpiter e algumas de suas luas de maneira semelhante.
Outra característica do LP 791-18 d é que ele está sempre com a mesma face voltada para sua estrela, ou seja, gira em torno de si (rotação) no mesmo ritmo em que gira em torno da estrela (translação). Trata-se de um fenômeno chamado “travamento de maré”, que também acontece com a Terra e a Lua – e é consequência natural das distorções gravitacionais que um corpo celeste induz sobre outro.
Se um planeta está “travado”, em metade deste mundo é sempre dia; na outra metade, sempre noite. Os astrônomos acreditam que o lado diurno do LP 791-18 d é provavelmente muito quente para a existência de água líquida na superfície, mas ela poderia existir no lado noturno sob condições especiais.
“A quantidade de atividade vulcânica que suspeitamos ocorrer em todo o planeta pode sustentar uma atmosfera”, disse Björn Benneke, coautor do estudo, em comunicado. Dependendo das características desta atmosfera, ela poderia reter o calor vindo da estrela (nosso conhecido efeito estufa) e promover a circulação deste calor entre os lados noturno e diurno do planeta – o que pode permitir que a água se condense no lado noturno.
“Além de potencialmente fornecer uma atmosfera, esses processos [a atividade tectônica ou vulcânica] podem produzir materiais que, de outra forma, afundariam e ficariam presos na crosta do planeta, incluindo aqueles que consideramos importantes para a vida, como o carbono”, disse a coautora Jessie Christiansen, pesquisadora da Nasa, em comunicado.
A equipe de pesquisa foi liderada por Merrin Peterson, pesquisador da Universidade de Montreal (Canadá). O estudo foi publicado na última quarta (17) na revista Nature.