Esta semana, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA) publicou um estudo sobre nanorrobôs que entram em seu cérebro. E como eles teriam o tamanho de partículas de poeira, os robozinhos são chamados de “pó neural”. É claro.
O estudo avalia se é plausível existir uma interface cérebro-máquina composta de três partes. Primeiro, milhares de pequenos sensores com o tamanho de micróbios, o “pó neural”, que detectam os impulsos elétricos dentro de sua massa cinzenta – especificamente, dentro do seu córtex.
Em segundo lugar, para monitorar o pó neural, um transceptor ultrassom instalado entre o crânio e a pele. As partículas seriam alimentadas por piezoeletricidade: ou seja, as partículas convertem ondas sonoras em sinais elétricos.
Finalmente, um nódulo maior na superfície da sua cabeça traz uma bateria, o processamento de dados, e a capacidade de transmitir dados para um receptor próximo. A ideia é exposta no estudo “Poeira Neural: uma solução ultrassônica de baixo consumo de energia para interfaces crônicas cérebro-máquina”.
Os cientistas vêm experimentando sensores cerebrais há décadas. Mas a ideia da frota de microssensores que podem ser injetados (ou inalados!) para o cérebro é algo novo. De certa forma, é ameaçador, insinuando a ideia de uma tecnologia de vigilância tão pequena que você nem se daria conta dela.
Mas isso é uma versão extrema de como o pó neural poderia ser utilizado. Ele também pode fornecer uma interface para pessoas com deficiência interagirem com o mundo, ou um sistema de monitoramento de pacientes de neurologia – um passo para uma interface cérebro-computador verdadeiramente “invisível”.
Tecnicamente, o conceito de interface cérebro-computador existe desde a invenção da máquina de eletroencefalograma, mas decolou na década de 1970, quando pesquisadores da Universidade de Washington conectaram macacos a um medidor de biofeedback, que permitiam aos primatas controlar um braço robótico usando seus pensamentos.
A essência básica da tecnologia é o seguinte: cada vez que um neurônio emite um impulso, escapa um pouquinho de eletricidade. Os cientistas podem detectar, fora do seu crânio, esses sinais vazados – e eles conseguem decodificar esses sinais cada vez melhor. É assim que funcionam tecnologias como os sensores NeuroSky e outros sensores ligados a um capacete, ou direto na cabeça.
Mas muitos cientistas acreditam que capacetes (e até mesmo o Google Glass) são uma tecnologia de ponte: algo intermediário até que seja possível pensar “ligar luzes”, por exemplo. O maior problema técnico impedindo uma solução boa e não-invasiva é que os sensores cranianos são imprecisos, principalmente porque seu crânio é espesso. Conversando com Nick Bilton sobre o futuro da interface cérebro-computador (BCI), o neurocientista John Donoghue disse o seguinte:
As atuais tecnologias para o cérebro são como tentar ouvir uma conversa em um estádio de futebol usando um dirigível. Hoje, para realmente entender o que está acontecendo no cérebro, você precisa implantar cirurgicamente um conjunto de sensores no cérebro.
Portanto, o maior desafio para a BCI agora é reduzir gradualmente o tamanho dos sensores, para que eles não danifiquem o cérebro. Por exemplo. com um exército de sensores do tamanho de micróbios que, juntos, poderiam transmitir e receber dados em uma resolução muito maior – em outras palavras, pó neural. [Pó Neural via MIT]