Polícia Federal desmonta operação de “descaminho” de notebooks e celulares em São Paulo

Em uma operação silenciosa e certeira, batizada de "Trem Fantasma" pela Polícia Federal, foi desmontado esta semana um esquema de descaminho* de mercadorias que incluíam notebooks e celulares trazidos da China e de Miami no Aeroporto Internacional de Cumbica, em São Paulo. O que isso quer dizer?

* Sim, é descaminho. Alguns chamam de contrabando, mas, segundo a Wikipédia, o termo mais correto neste caso seria descaminho, pelo fato de não serem bens de comércio proibido. Gostamos dos dois termos.

O esquema de contrabando, que também movimentava aparelhos médicos e máquinas fotográficas, era bastante engenhoso. O G1 explica que, com a ajuda de cúmplices dentro do setor de cargas do aeroporto, a quadrilha entrava com um caminhão idêntico não autorizado — o tal "fantasma" a que o nome da operação se refere) –, cheio de equipamentos sem muito valor comercial, mas com peso e volume aproximadamente iguais aos da carga do caminhão que trazia as mercadorias do avião para a entrada no país. Durante o trajeto, o caminhão com o contrabando se desviava e saía do aeroporto sem passar pela tributação, ao passo que o fantasma ocupava o seu lugar. Após o desembaraço das mercadorias de pouco valor do caminhão fantasma, o mesmo voltava às ruas e estava pronto para realizar a ação novamente.

Segundo o Estadão, até o início da tarde de hoje já foram cumpridos 23 dos 29 mandados de prisão, colocando atrás das grades delegados, funcionários de segurança do aeroporto e até oficiais da própria Polícia Federal, além do dono de uma loja na Galeria Pajé, em São Paulo, um dos locais onde as mercadorias seriam comercializadas. No ano passado, foram apreendidos cerca de 12 milhões de dólares em mercadorias eletrônicas/de informática com entrada ilegal no país em Foz do Iguaçu, e o prejuízo em impostos não arrecadados referentes às mercadorias apreendidas na operação Trem Fantasma foi calculado em 50 milhões de Reais.

A curto prazo, isso obviamente significa que, quem for procurar notebooks e máquinas fotográficas "no esquema" em centros de produtos de origem duvidosa como a Galeria Pajé em São Paulo (ou feiras de importabandos semelhantes pelo Brasil), pode encontrar menos opções. Mas a longo prazo? Quem sabe quanto tempo demorará até que uma nova quadrilha, com um novo método, entre em operação e volte a normalizar o abastecimento destes produtos? Certamente não apoiamos nenhum tipo de contrabando no Brasil, nem mesmo dos nossos tão amados gadgets, mas enquanto os impostos continuarem tão altos e as empresas não derem um jeito nas suas grandes margens de lucro sobre os produtos mais desejados, essa demanda — e gente disposta a fazer o que for preciso para suprí-la de modo pouco honesto — vai continuar existindo. [IDG Now – Imagem: G1]

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