Baixos níveis de poluição do ar também podem prejudicar seus pulmões tanto quanto fumar um maço de cigarros por dia

Segundo estudo, exposição a baixos níveis de ozônio por 10 anos gera o mesmo risco de enfisema de quem fuma um maço de cigarros por dia durante 29 anos.
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Respirar ar poluído pode afetar a saúde de uma pessoa tanto quanto fumar um maço de cigarros por dia. É o que diz um estudo publicado na terça-feira no Journal of American Medical Association, que é o primeiro do tipo a estudar o papel, a longo prazo, que vários poluentes do ar exercem na causa de enfisema. Os resultados mostram que a poluição do ar pode danificar seriamente os pulmões.

A pesquisa baseou-se em dados do estudo Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (ou “Estudo Multi-Étnico da Aterosclerose”), que inclui mais de 15 mil tomografias cardíacas e pulmonares, bem como testes de função pulmonar, de 7.071 adultos com idades entre 45 e 84 anos, em seis comunidades nos EUA entre 2000 e 2018.

Os dados são o principal diferencial. O tamanho da amostra não é apenas grande como também inclui pessoas de várias cidades importantes, como Los Angeles, Chicago e Nova York, e de diferentes raças e etnias.

A maioria dessas cidades tem visto os níveis de poluição do ar de material particulado, óxido de nitrogênio e carbono negro diminuírem. O ozônio é a única exceção, visto que aumentou. As cidades estudadas viram níveis anuais médios de ozônio entre 10 e 25 partes por bilhão. Níveis inferiores a 100 partes por bilhão não geram nenhum risco à saúde, segundo os padrões da Environmental Protection Agency, mas este estudo mostra que a exposição prolongada a níveis baixos também pode ser perigosa para a saúde pública.

As pessoas que foram expostas a apenas 3 partes por bilhão a mais de ozônio ao longo de 10 anos enfrentam o mesmo risco de enfisema de uma pessoa que fuma um maço de cigarros por dia durante 29 anos. O calor extremo agrava a poluição do ozônio ao nível do solo, e os autores observam que este poluente pode tornar-se mais prevalente durante a crise climática.

“O que isso está nos mostrando é que não há nível seguro de poluição do ar”, disse Brian Christman, vice-presidente do Departamento de Medicina da Universidade de Vanderbilt, que não participou do estudo, ao Gizmodo.

Infelizmente, nem todos experimentam essa poluição igualmente. Comunidades de baixa renda e minorias étnicas são mais propensas a viverem mais próximas de regiões com má qualidade de ar, revelaram vários estudos. Nós já sabemos como a poluição do ar pode causar doenças cardíacas e outras doenças pulmonares. Agora, podemos adicionar o enfisema — que pode envelhecer os pulmões e acelerar a morte — à lista de ameaças que essas comunidades enfrentam.

À medida que o governo Trump continua a reverter as proteções ambientais, as comunidades marginalizadas podem arcar com uma carga ainda maior se a qualidade do ar diminuir. Mas não precisa ser assim. Adicionar mais carros elétricos às estrada e desenvolver fontes de energia limpa poderia ajudar, Christman observou.

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