Ciência

Poluição luminosa: como as luzes de satélites dificultam observação do céu à noite

Imagem publicada no site da NASA evidencia a constelação de satélites que refletem a luz solar e geram poluição luminosa. Veja os detalhes na foto
Imagem: Joshua Rozells/ NASA/ Reprodução

Em junho de 2014, uma das Fotografias Astronômicas do Dia da NASA apresentou brilhos no céu noturno que até então eram desconhecidos. Na descrição, o fotógrafo fazia uma pergunta: “O que são todas aquelas faixas no fundo?”. Ele mesmo respondeu: são rastros de satélites.

O fotógrafo é Joshua Rozells e o local da foto é o Parque Nacional de Nambung, na Austrália. A luz solar refletiu nos satélites presentes no espaço e a imagem mostrou como eles podem ser vistos da Terra.

“Criados por satélites em órbita baixa da Terra refletindo a luz solar, todas essas faixas foram capturadas em menos de duas horas e digitalmente combinadas na única imagem em destaque”, contou Joshua Rozells.

Poluição luminosa: como as luzes de satélites dificultam observação do céu à noite

(Imagem: Joshua Rozells/ NASA/ Reprodução)

Segundo o autor da imagem, a maioria das faixas eram referentes à crescente constelação Starlink de satélites de comunicação. Ainda assim, há outros satélites que aparecem no quadro e que podem ser vistos durante a noite até pouco antes do amanhecer.

Excesso de luz vira poluição

Contudo, o debate e a imagem não são recentes. Mas um tweet publicado no início de setembro (5) trouxe o assunto novamente à tona.

O próprio fotógrafo que fez a imagem reforçou a importância de compreender e remover os rastros de satélites dos registros. “Não apenas para a astrofotografia, mas também para a compreensão científica da humanidade sobre o universo distante”, escreveu na descrição da foto.

O fenômeno ganha o nome de poluição luminosa. Ela consiste na crescente quantidade de luz artificial em um local, o que prejudica a observação do céu noturno.

Segundo estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters em 2021, o número de objetos em órbita ao redor da Terra pode elevar o brilho geral do céu noturno em mais de 10% acima dos níveis naturais de luz.

Isso ultrapassa um limite que os astrônomos estabeleceram há mais de 40 anos para considerar um local como “poluído pela luz”.

A pesquisa inclui satélites em funcionamento, bem como detritos diversos. “Diferentemente da poluição luminosa terrestre, esse tipo de luz artificial no céu noturno pode ser visto em uma grande parte da superfície da Terra”, explicou John Barentine, um dos autores do estudo, ao Eureka Alert.

Em geral, telescópios e câmeras sensíveis driblam o problema. Mas detectores de luz de baixa resolução, como o olho humano, veem apenas o efeito combinado de muitos desses objetos.

Operadoras de satélite, como a SpaceX, já buscaram reduzir o brilho de suas espaçonaves por meio de mudanças no design. No entanto, o efeito coletivo do aumento no número de objetos em órbita já está mudando a experiência do céu noturno para muitos em todo o mundo.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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