Polvos fêmeas são vistos jogando sedimentos em machos que querem acasalar
Se resolver problemas de convivência é difícil para os humanos, imagine para os animais. Cientistas observaram que os polvos, por exemplo, jogam tudo ou qualquer coisa ao seu alcance no companheiro até que ele volte para o buraco. Pelo menos, foi o que mostrou uma pesquisa disponível na plataforma bioRxiv.
Na costa leste da Austrália há um local onde um grande número de polvos que se reúnem — os cientistas apelidaram a região de Octopolis. Lá, os especialistas detectaram pela primeira vez animais atirando objetos uns nos outros. Agora, eles concluíram que o comportamento vem de fêmeas que tentam repelir machos excessivamente amorosos.
“O arremesso de material por polvos selvagens é comum, pelo menos no local descrito aqui. Esses arremessos são realizados juntando o material, segurando-o nos braços e depois expulsando-o sob pressão”, escrevem os pesquisadores em seu artigo.
“A força não é transmitida pelos braços, como num arremesso humano, mas os braços organizam a projeção do material… O arremesso é mais visto por mulheres, e vimos apenas um acerto de um arremesso por um macho. Os polvos que foram atingidos incluíam outras fêmeas em tocas próximas e machos que tentaram acasalar-se com uma arremessadora.”
Uma equipe de pesquisadores liderada pelo filósofo da ciência Peter Godfrey-Smith, da Universidade de Sydney, analisou o lançamento em ação. Usando câmeras GoPro não invasivas, eles gravaram mais de 100 instâncias dos polvos jogando detritos.
Para 33% desses arremessos, o objeto arremessado realmente atingiu o alvo pretendido, com detritos sendo o melhor material para essa tarefa. Os alvos eram outras fêmeas próximas ou machos fazendo tentativas de acasalar. Em um caso notável, registrado em 2016, uma fêmea jogou material em um macho 10 vezes em um período de 3 horas e 40 minutos, acertando-o cinco vezes. Curiosamente, os polvos que foram atingidos com esse material não fizeram nenhuma tentativa de retaliação, mas às vezes tentaram se esquivar.
Outra explicação, talvez um pouco mais controversa, para esse comportamento pode ser que os arremessos nem sempre são necessariamente direcionados, mas podem ser uma forma de acesso de raiva devido à frustração.
De qualquer forma, parece que o arremesso parece desempenhar algum tipo de papel social. “Os polvos podem então ser definitivamente adicionados à pequena lista de animais que regularmente arremessam ou impulsionam objetos, e provisoriamente adicionados à lista mais curta daqueles que direcionam seus arremessos sobre outros animais”, escreveram os pesquisadores.