Ciência

Por que os cães abanam o rabo? Cientistas culpam os humanos

Em revisão bibliográfica, pesquisadores apontam processo de domesticação de cães como possível responsável desse comportamento
Imagem: Aleksandra Sapozhnikova/ Unsplash/ Reprodução

Não há quem não se comova com um cão tão alegre que abana incessantemente seu rabo. No entanto, seria esse um comportamento natural dos animais? Para alguns cientistas, não. 

Quatro cientistas amantes de cães e interessados na evolução da cognição humana investigaram  o que a ciência sabe sobre o tema até agora. De acordo com o novo estudo, publicado na revista Biology Letters, balançar o rabo pode ser uma herança da domesticação que os homens impuseram aos cachorros.

“Pode ser que não possamos voltar no tempo até o início da relação entre cães e humanos, mas podemos analisar o comportamento dos cães hoje em conjunto com o comportamento humano para tentar entender como foi esse processo de domesticação”, disse Taylor Hersh, um dos autores da pesquisa.

Entenda a pesquisa

Para analisar a origem do comportamento canino, os pesquisadores revisaram mais de 100 estudos que investigam os motivos dos cães abanarem o rabo. Dessa forma, notaram que algumas pesquisas concluíam que a direção do movimento indicava a carga positiva ou negativa do que os animais estavam reagindo.

Por exemplo, os cães balançam a cauda para a direita em resposta a experiências positivas, como ver seus donos. Frente a situações negativas, como quando querem se retirar do ambiente, eles fazem o movimento para a esquerda.

Além disso, a revisão bibliográfica também permitiu que os pesquisadores identificassem que cachorros balançam a cauda com mais frequência e em mais contextos do que outros canídeos.

Para os autores da pesquisa, uma possível explicação é o processo de domesticação pelo qual os animais passaram. Em geral, acredita-se que os humanos domesticaram os cachorros há cerca de 15 mil e 50 mil anos. Como fruto desse processo, homem e cão possuem um vínculo até hoje.

“Propomos uma nova hipótese de que os humanos selecionaram consciente ou inconscientemente o balançar da cauda durante o processo de domesticação porque somos muito atraídos por estímulos rítmicos”, disse Silvia Leonetti, também autora do artigo.

Para os cientistas, os humanos ancestrais viam os balanços de cauda como um sinal positivo, uma vez que compreendiam facilmente o que os lobos queriam dizer quando faziam o movimento.

De acordo com os pesquisadores, estudos anteriores já comprovaram que há características dos cães que surgiram porque têm uma ligação genética a comportamentos selecionados pelos humanos. Por exemplo, a mansidão e a docilidade.

Agora, eles pretendem realizar experimentos que permitam observar não apenas os cachorros, mas também suas interações com humanos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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