Estudo explora por que temos vontade de apertar bebês e filhotes fofos

Talvez você já tenha ouvido falar do conceito de “cute aggression” (“agressão fofa, em tradução livre). Ele descreve a estranha, mas aparentemente comum, compulsão de apertar, morder ou beliscar — sem machucar — coisas fofas, como bebês e animais. • Chimpanzés podem ser manipuladores assim como os humanos, diz pesquisa • Esta inteligência artificial é capaz […]
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Talvez você já tenha ouvido falar do conceito de “cute aggression” (“agressão fofa, em tradução livre). Ele descreve a estranha, mas aparentemente comum, compulsão de apertar, morder ou beliscar — sem machucar — coisas fofas, como bebês e animais.

• Chimpanzés podem ser manipuladores assim como os humanos, diz pesquisa
• Esta inteligência artificial é capaz de prever sua personalidade só de olhar para você

Há anos, pesquisadores têm investigado por que algumas pessoas relatam se sentir assim. Katherine Stavropoulos é professora assistente de educação especial na Universidade da Califórnia em Riverside e coautora de um novo estudo sobre agressão fofa. Ela disse ao Gizmodo, por telefone, que se interessou pelo fenômeno depois de sua amiga lhe enviar um artigo sobre a questão, citando uma pesquisa da Universidade Yale.

Enquanto pesquisas anteriores focaram o lado comportamental da agressão fofa, a pesquisa de Stavropoulos teve como objetivo mostrar que havia um elemento neural envolvido também. Ela levantou a hipótese de que os sistemas de recompensa ou de emoção estavam envolvidos, e sua pesquisa parece mostrar que ambos estão.

“Essa relação entre atividade cerebral e agressão fofa parece ser influenciada pelo quão impressionado você se sente”, disse Stavropoulos ao Gizmodo. “Então, se você se sente impressionado (ao olhar para coisas fofas), é mais provável que tenha essa relação entre atividade cerebral e agressão fofa.”

Para o estudo, publicado na semana passada no periódico Frontiers in Behavioral Neuroscience, Stavropoulos examinou a agressão fofa usando capacetes de eletroencefalografia, que usam eletrodos para captar a atividade elétrica no topo do couro cabeludo.

Cinquenta e quatro pessoas entre 18 e 40 anos de idade participaram do estudo, sendo que a todas elas foram mostrados quatro blocos de 32 imagens: animais “mais fofos” (ou filhotes), animais “menos fofos” (que aqui significavam animais adultos) e dois tipos de imagens de bebês humanos.

Que vontade de apertar! Imagem: Pixabay

As imagens de bebês que eles usaram foram, na verdade, estímulos visuais emprestados de colegas pesquisadores, com ambos os conjuntos tendo sido manipulados para terem características faciais especialmente fofas.

No primeiro conjunto, as características que fazem os bebês parecerem fofos foram mais pronunciadas. Stavropoulos disse que isso incluía bochechas maiores, narizes menores e olhos grandes. No outro conjunto de fotos de bebês — as mesmas fotos das mesmas crianças, só que manipuladas —, as imagens foram ajustadas para que eles tivessem bochechas mais finas, olhos menores e assim por diante.

As imagens foram mostradas aos participantes em uma ordem diferente, e eles observaram cada tipo de imagem por cerca de três minutos antes de serem convidados a preencher os questionários comportamentais. As respostas que indicavam agressão fofa incluíam “dizer ‘quero te morder’ com os dentes cerrados” e “quero apertar alguma coisa”. Uma coisa que Stavropoulos apontou, no entanto, foi que a pesquisa não tentou comparar bebês e animais entre si; em vez disso, olhou para as respostas às condições “mais bonitas” e “menos bonitas” em bebês e animais, respectivamente.

“O interessante é que vimos efeitos realmente fortes para os animais, ou seja, animais bebês versus animais adultos”, disse Stavropoulos ao Gizmodo. “Nós definitivamente vimos diferenças no cérebro e no comportamento, de tal forma que as pessoas relataram mais agressão fofa para os animais mais bonitos do que para os animais menos bonitos.”

Para os bebês, no entanto, Stavropoulos disse que ela e sua coautora de estudo, Laura Alba, doutoranda da Universidade da Califórnia em Riverside, não encontraram os efeitos esperados. Mas elas acham que isso tem a ver com diferenças nos métodos.

AHHH! Imagem: Pixabay

“Ambos os bebês (mostrados aos participantes) eram objetivamente muito bonitos, esse é o problema”, ela disse. “Animais adultos e animais bebês são surpreendentemente diferentes. Mas essas fotos de bebês foram de fato tão bem manipuladas fotograficamente que são ambos muito fofos.”

Stavropoulos disse que algo que ela gostaria de pesquisar no futuro são cenários específicos que podem ser correlacionados com agressões fofas, tais como se ser pai ou mãe pode influenciar essa reação em pessoas em relação aos bebês, ou se alguém que tem um cão pode experimentar agressões fofas com animais de estimação.

Só para esclarecer, disse Stavropoulos, esse não é um fenômeno universal. E aqueles que não sentem agressão fofa podem estar coçando a cabeça, tentando entender a ideia de querer “morder” uma criança (não é bem assim!).

“Desde que comecei a fazer esse estudo, há cerca de um ano, tenho perguntado às pessoas em encontros: ‘Você sabe o que é isso? Você se sente assim?’, disse Stavropoulos. “O que é estranho é que os outros 25% a 30% olham para você como se você não tivesse ideia do que está falando. Tipo, ‘o que você quer dizer com isso? Que maldade!”.

Se você sente uma vontade esmagadora de apertar algo que você acha especialmente fofo, você está em boa companhia. Stavropoulos disse que os outros 70% a 75% das pessoas com quem ela fala entendem completamente.

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