Pornhub adiciona closed captions para tornar conteúdo acessível para deficientes auditivos
O Pornhub, provavelmente um dos sites favoritos de muita gente, anunciou nesta quarta-feira (27), que irá introduzir uma nova funcionalidade para a coleção de vídeos adultos. O serviço de streaming está adicionando de closed captions (legendas) em alguns dos seus vídeos, para contemplar pessoas que possuem surdez ou deficiências na audição.
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De acordo com a companhia, a função de acessibilidade começará com a inserção de legendas para mais de 1.000 vídeos da plataforma que estão entre os mais acessados. A coleção incluirá materiais de diversas categorias, incluindo conteúdos para héteros, gays, bi, transsexuais e vídeos considerados populares entre as mulheres. Os vídeos com a funcionalidade possuem o ícone “CC” ao lado do título.
Grande parte do processo de legendagem será simples, basicamente haverá a captura do diálogo dos enredos fascinantes que se desenrolam na tela. O Pornhub afirma ainda que o objetivo será capturar mudanças emocionais e legendas de áudio não-vocais para levar uma imersão maior aos deficientes auditivos, ou para as pessoas que curtem ver textos na tela. Não estamos aqui para julgar o fetiche de ninguém.
Corey Price, vice-presidente do Pornhub, emitiu um comunicado (SFW) sobre a nova iniciativa:
Aqui no Pornhub, é importante que continuarmos a servir todas as necessidades de nossos consumidores e estamos tornando o conteúdo acessível para cada indivíduo. Ao integrar a nossa nova categoria Closed Captioning, teremos a possibilidade de levar alguns dos conteúdos adultos mais populares de forma mais prazerosa para aqueles que possuem deficiências auditivas. Encorajamos que eles deem uma olhada em nossa mais nova categoria e nos deem um retorno, o que é especialmente importante enquanto buscamos dar continuidade no oferecimento de conteúdos para diferentes usuários em mente.
Melhorar a acessibilidade na internet para surdos ou pessoas com dificuldades de audição é uma ótima iniciativa. O Instituto Nacional de Surdez e de Outros Distúrbios de Comunicação dos EUA estima que 15% dos americanos adultos – cerca de 37,5 milhões de pessoas – relatam ter problemas de audição. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que mais de 5% da população mundial, ou seja, mais de 360 milhões de pessoas, sofrem com “surdez incapacitante”.
No Brasil, é difícil ter um dado super preciso. Dados de 2015 da OMS, apontam que no Brasil existe um total de 28 milhões de pessoas com surdez; isso representa 14% da população brasileira. Já segundo o IBGE, 5,1% dos entrevistados no CENSO de 2010 disseram ter alguma deficiência auditiva.
O fato é que a maioria dessas pessoas possuem uma experiência pior na internet, já que a maioria dos sites não contemplam as necessidades deles. Enquanto a TV aberta e a TV a cabo precisam oferecer closed captions, obter esse tipo de legenda em serviços de streaming é muito mais desafiador.
Durante anos a Netflix argumentou que não precisava seguir a lei “Americans with Disabilities Act” e lutou contra a legendagem do tipo, mas acabou cedendo. Empresas como Apple, Amazon e Hulu seguiram os mesmos passos. No Brasil, a descrição de áudio e closed captions também estão disponíveis nesses serviços.
Embora as empresas que oferecem conteúdos de vídeo profissionais estão comprometidas a entregar soluções para os deficientes auditivos, plataformas que dependem de materiais gerados por usuários já não possuem o mesmo padrão de qualidade. O YouTube oferece legendas geradas automaticamente em seus vídeos, mas a qualidade geralmente é muito ruim e a maioria só está disponível em inglês. O Facebook oferece algo similar para as Páginas, que podem incluir as legendas – mas no final das contas, pouco conteúdo é acessível.
A adoção de closed captions pelo Pornhub é um passo bastante positivo, principalmente se levarmos em conta a intenção de oferecer acessibilidade mesmo em sites que não são tão populares. (Mas, no final das contas, o Pornhub afirma receber mais de 90 milhões de visitas por dia, então não se trata de algo obscuro na internet). A companhia também oferece um catálogo de “vídeos com áudio descrição”, que foi lançado em 2016 para pessoas com deficiências visuais.
Imagem do topo: Getty