Pornhub pode perder pagamentos com Visa e Mastercard por suspeita de pornografia infantil
Nicholas Kristof, colunista do New York Times, detalhou na última sexta-feira (4) os horrores que usuários pesquisam no Pornhub e como essas buscas ficam destacadas no site para todo mundo ver. Kristof argumenta que a plataforma continua impune por lucrar com material de abuso sexual infantil, agressão sexual e pornografia não consensual. Agora, a coisa deve mexer diretamente no bolso do site, já que Visa e Mastercard afirmam que estão reavaliando seu relacionamento com a empresa-mãe, a canadense MindGeek.
O Pornhub aceita Visa e Mastercard de usuários que pagam pela experiência Premium, cujas vantagens incluem poder baixar vídeos, enviar mensagens a membros, acesso a conteúdo exclusivo e visualizar vídeos sem anúncios. O PayPal encerrou seu contrato com o Pornhub no ano passado. Usuários e criadores de conteúdo ainda podem efetuar ou receber pagamentos por meio de criptomoedas.
Em declarações enviadas por e-mail ao Gizmodo, a Visa diz que está “vigilante” para erradicar atividades ilegais em sua rede. A empresa destaca que um site não poderá mais aceitar pagamentos com Visa se “for identificado que a página não cumpre as leis aplicáveis ou ‘políticas de uso aceitáveis e padrões de subscrição’ de instituições financeiras”.
Da mesma forma, a Mastercard afirmou que trabalha “em estreita colaboração com a aplicação da lei e com organizações como o Centro Nacional e Internacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas para monitorar, detectar e prevenir transações ilegais.”
“Estamos investigando as alegações levantadas no New York Times e trabalhando com o banco da MindGeek para entender essa situação, além de outras medidas que já foram tomadas. Se as denúncias forem comprovadas, tomaremos medidas imediatas”, acrescentou a Mastercard.
No entanto, ainda não está claro se as empresas de cartão de crédito estão investigando a existência de pornografia infantil nos sites da MindGeek ou se a empresa tem conhecimento de que esses conteúdos podem estar lá e não seguiu os requisitos legais para removê-los. Nenhum dos sites respondeu às nossas solicitações de comentário.
Em um e-mail enviado ao Gizmodo, o Pornhub argumentou que o material de abuso sexual infantil é mais alto nas redes sociais do que no Pornhub propriamente de fato.
A plataforma foi rápida em apontar que Facebook e Instagram relataram a remoção combinada de 32,9 milhões de conteúdos relacionados a pornografia infantil em 2020. O Twitter, por sua vez, diz ter derrubado mais de 775 mil em 2019. Em comparação, o Pornhub afirma ter deletado 118 itens desse tipo supostamente identificados pela Internet Watch Foundation entre 2017 e 2019.
Um porta-voz do Twitter reforçou para o Gizmodo sua política de tolerância zero para casos que envolvam pornografia infantil. A rede social ainda afirma ter removido imediatamente tuítes considerados ilegais, incluindo links para sites de terceiros, e relataram ao Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas dos EUA.
O Pornhub disse que emprega uma “vasta equipe de moderadores humanos dedicada a revisar manualmente cada upload”, bem como um sistema de sinalização e sistemas de detecção automatizados. Também afirma usar a tecnologia de detecção automática do YouTube, a inteligência artificial de detecção do Google e tecnologias da Microsoft para eliminar o material existente de exploração infantil e sistemas de prevenção para impedir que vídeos assim sejam enviados novamente.
Em entrevista ao site Slate no início deste ano, Rich Juzwiak, do Jezebel, sugeriu que pagar por pornografia é a única proteção real contra material de abuso sexual infantil. E há bons motivos para procurar alternativas independentes. Ano após ano, profissionais do sexo e defensores dos direitos humanos têm apontado que a rede do conglomerado MindGeek monopoliza a exposição, lucra de forma considerável e permite que a pirataria se espalhe.
Atualização, 9 de dezembro de 2020 – Em resposta à reportagem do New York Times, o Pornhub revelou nesta quarta-feira que está bloqueando o envio de vídeos por pessoas que não possuem conta verificada na plataforma. Cada solicitação para ganhar o selo de aprovação será analisada individualmente por uma equipe da empresa, mas a forma como isso acontecer não foi detalhada. Além disso, informou que não será mais possível fazer o download de vídeos hospedados no site, salvas pouquíssimas exceções.