Possível furto de duas fontes de Césio-137 em MG preocupa autoridades
Duas fontes seladas de Césio-137 desapareceram na noite da última quinta-feira, 29 de junho, em Nazareno (MG). Trata-se do mesmo material do acidente radioativo em Goiânia (GO) há 36 anos — embora o risco de exposição seja bem menor neste caso.
A mineradora AMG acionou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), ligada ao governo federal, e a Polícia Civil também está investigando o ocorrido. As autoridades acreditam que se trata de um furto.
Equipes da CNEN foram novamente à cidade mineira nesta quarta-feira (5) para seguir apurando o caso. A comissão enviou ao município equipe da Diretoria de Radioproteção e Segurança para acompanhar a situação. O órgão explica que as fontes são protegidas por camadas de aço, mas o manuseio inadequado pode provocar riscos à saúde.
Também estão atuando em Nazareno técnicos do CDTN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear), outro órgão federal. O grupo está levantando informações sobre as ações tomadas pela AMG.
Embora a polícia já esteja investigando o roubo, a empresa continua com a investigação interna e na procura das fontes. Em nota, a mineradora afirma que lamenta a preocupação causada às comunidades vizinhas.
“Como a segurança e o bem-estar de todos os indivíduos nessas áreas são prioridade, a empresa enfatiza que está fazendo todos os esforços possíveis para resolver a situação o mais breve possível”, escreve a AMG. A companhia está licenciada regularmente pela CNEN.
Sobre as fontes que sumiram
As fontes furtadas são de Césio-137, confeccionadas em cerâmica. Elas são duplamente encapsuladas com aço inoxidável e blindadas externamente em aço inox, resistente ao impacto. Com atividade individual de 5 MCI (meios de contraste iodado), elas eram usadas como equipamentos medidores de densidade. A classificação de risco é 5, considerado um nível pouco perigoso.
MCI são compostos que contêm o iodo como elemento radiopaco que, quando introduzido no organismo, permitem aumentar a sensibilidade e a especificidade das imagens radiográficas.
Conforme a CNEN, as fontes são classificadas como não perigosas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Contudo, é importante continuar as buscas para recuperá-las e evitar exposições desnecessárias, que podem ser prejudiciais à saúde.
De acordo com o órgão, as fontes de Césio-137 têm atividade cerca de 300 mil vezes menor do que aquela da tragédia em Goiás.
O acidente histórico em Goiânia
Em setembro de 1987 aconteceu o acidente com o Césio-137 em Goiânia (GO), considerado o maior acidente radiológico do mundo. O motivo foi o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, que provocou um acidente que envolveu centenas de pessoas.
A fonte estava no local onde funcionava o antigo Instituto Goiano de Radioterapia. Um aparelho radiológico abandonado foi violado e a fonte foi roubada. Depois, a fonte foi vendida para um ferro velho, por conter chumbo. O material azul brilhante atraiu muitas pessoas da cidade e acabou passando por diversas mãos. Com isso, muitos locais foram contaminados, especialmente aqueles onde houve manipulação do material.