Muitas pessoas já sabem que frutas e vegetais são as melhores opções de alimento par uma dieta balanceada e saudável. Mas você já pensou em ir ao médico e receber uma prescrição de salada, em vez de um medicamento?
É essa a prerrogativa da iniciativa Alimento é Medicina, criada em 2022 pela American Heart Association junto com a Fundação Rockefeller. Nela, médicos estadunidenses podem prescrever alimentos in natura como parte do tratamento de um paciente – claro, sem substituir os remédios, se eles forem necessários.
Funciona assim: os pacientes recebem cartões eletrônicos ou vouchers e podem adquirir em mercados os produtos prescritos, de maneira gratuita ou com um desconto. A ideia do programa é incentivar uma alimentação mais saudável e contribuir para que mais pessoas tenham acesso aos alimentos que proporcionam isso.
E parece que pode dar certo. Um estudo publicado na revista Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes analisou os avanços promovidos por uma iniciativa parecida, da ONG Wholesome Wave.
Entenda o estudo
A pesquisa analisou a evolução de 1.817 crianças e 2.064 adultos inscritos nos programas de prescrição de alimentos da ONG.
Todos eles já tinham ou estavam em risco de desenvolver doenças crônicas e/ou sofriam com insegurança alimentar, que é a falta de disponibilidade e acesso a alimentos e bebidas saudáveis.
Cada participante recebeu uma média de US$ 63 por mês para comprar alimentos em mercados locais e participou de aulas sobre nutrição.
No início e no final do programa, um período que variou de 4 a 10 meses, eles preencheram questionários sobre seu consumo de frutas e vegetais e também sobre seu estado de saúde.
Em complemento, pesquisadores realizaram testes de rotina como checagem da pressão arterial, peso e altura, além da análise de glicose no sangue.
A contribuição dos programas de prescrição de alimentos
Como resultado, a pesquisa concluiu que os adultos e crianças que participaram do programa por seis meses realmente aumentaram seu consumo de frutas e vegetais.
Além disso, os adultos com risco de doença cardíaca tiveram redução da pressão arterial, do índice de massa corporal e dos níveis de açúcar no sangue.
Por fim, tanto em adultos quanto em crianças, os programas de prescrição de alimentos também parecem ter diminuído a insegurança alimentar.
“Esta análise ilustra o potencial das prescrições subsidiadas de alimentos para aumentar o consumo de frutas e vegetais, reduzir a insegurança alimentar e, esperançosamente, melhorar medidas de saúde subjetivas e objetivas”, afirmou Mitchell Elkind, diretor de ciências clínicas da American Heart Association, ao EurekaAlert.
O estudo alega que a análise teve várias limitações, incluindo a falta de um grupo de controle para comparação. Agora, pesquisas futuras precisarão incluir ensaios clínicos para compreender mais detalhadamente os benefícios dos programas de prescrição de alimentos.
