A Cassini se prepara para, nesta terça-feira, mais uma vez ir ousadamente aonde nenhuma outra espaçonave antes foi: na lacuna entre Saturno e seus anéis. Embora estejamos todos animados para ver os resultados do segundo mergulho da sonda da NASA, astrônomos ainda estão analisando as descobertas de seu primeiro mergulho. E algumas delas, incluindo uma paisagem sonora gerada do vazio, são bem estranhas.
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Aparentemente, o primeiro mergulho da sonda entre Saturno e os anéis do gigante de gás, em 26 de abril, revelou que essa região misteriosa e inexplorada é bastante desprovida de partículas. O gerente de projetos da Cassini, Earl Maize, a chamou de “o grande vazio”, o que soa como algo de Stranger Things, mas, sabe, no espaço.
“A região entre os anéis e Saturno é ‘o grande vazio’, aparentemente”, disse Maize em um comunicado. “A Cassini continuará o curso, enquanto cientistas trabalham no mistério de por que o nível de poeira é muito menor do que o esperado.”
Talvez o aspecto mais fascinante da missão da Cassini no “grande vazio” foram os “sons” que ela capturou de partículas — ou da falta delas — na lacuna. De acordo com a NASA, o instrumento Radio and Plasma Wave Science (RPWS), da Cassini, “detectou os impactos de centenas de partículas de anéis por segundo” vaporizando em gás eletricamente excitado quando estava do lado de fora dos anéis principais de Saturno. Porém, dentro da lacuna, detectou muito poucos.
Ainda bem que cientistas conseguiram converter essas detecções em arquivos de áudio para que possamos curtir as batidas quentes da Cassini. Elas soam como ruído branco e/ou como uma destruição iminente.
“Foi um pouco desorientador — não estávamos ouvindo o que esperávamos ouvir”, disse William Kurth, líder da equipe do RPWS na Universidade de Iowa, em um comunicado. “Ouvi nossos dados do primeiro mergulho várias vezes e provavelmente posso contar nas mãos o número de impactos de partícula de poeira que ouvi.”
Após o mergulho desta terça, a Cassini terá apenas mais 20 órbitas até que mergulhe de vez na atmosfera de Saturno. Talvez até o fim de sua missão final já tenhamos material suficiente para um disco — estou de dedos cruzados para que se chame “Space Jams”.
[NASA]
Imagem do topo: NASA