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Pesquisadores podem ter solucionado um dos grandes problemas para combater a fome no mundo

Ao mexer na mutação de espigas de milho, pesquisadores conseguiram aumentar a produção de uma colheita em até 50% sem precisar de mais terras para cultivo.

O planeta Terra está condenado com o aumento rápido da população global e quantidade limitada de terras agrícolas para produzir comida para todo mundo. Isso significa que precisamos descobrir como maximizar o que temos – e pesquisadores deram um passo importante em direção a aproveitar ao máximo nossas colheitas.

Biólogos do Laboratório Cold Spring Harbor (CHSL na sigla em inglês) em Nova York, EUA, desenvolveram uma nova técnica agrícola que eles dizem que aumenta os rendimentos da colheita em incríveis 50%. A chave, eles dizem, está em descobrir como usar uma mutação genética existente que está criando algumas espigas de milho bem estranhas.

Fotos de satélite mostram fazendas no Brasil. Imagem: NASA’s Earth Observatory

Cientistas há tempos suspeitam da existência de uma mutação genética que age como um conjunto de freios em uma planta de milho em crescimento que faz uma espiga parar de crescer antes de ficar grande demais. Como destacado em um artigo publicado na Nature Genetics, os pesquisadores finalmente identificaram essa mutação. E o mais animador é que eles já sabem como usá-la.

A equipe foi capaz de identificar plantas com a mutação fea3 que essencialmente remove os freios que param o crescimento da espiga de milho. Os resultados, no entanto, não são como você deve esperar. Em vez de espigas de milho gigantes, eles descobriram que as plantas com a mutação produzem pequenas espigas deformadas.

“As plantas produzem células-tronco demais, e elas dão origem a muitas novas sementes – sementes que a planta não consegue suportar com os recursos disponíveis (luz, umidade, nutrientes),” explicou o pesquisador David Jackson, que liderou o estudo, em um comunicado. Enquanto muitos grãos começaram a se formar inicialmente nas espigas com mutação fea3, o crescimento inicial fez a planta ficar tão pesada que ela entrou em colapso sob seu próprio peso. No final, as espigas eram menores, e tinham menos grãos totalmente desenvolvidos do que as espigas sem mutação.

Mutação pode otimizar cultivo

Ainda assim, entender o funcionamento da mutação foi o suficiente para dar uma ideia aos pesquisadores: talvez uma versão muito mais modificada da mutação poderia render mais grãos de milho, mas não mais o suficiente para matar a espiga.

Os pesquisadores logo foram capazes de gerar uma versão mais fraca da mesma mutação fea3 – e descobriram que não apenas as espigas sobreviveram como também eram consideravelmente maiores do que as normais. As espigas eram tão maiores que os pesquisadores estimam que, em média, uma espiga de milho com a mutação fraca desenvolvia até 50% mais grãos de milho (sem outras mudanças no processo de crescimento) do que o visto anteriormente.

Uma comparação entre duas espigas com a mudação fea3 (à direita) com espigas “normais”. Imagem: CSHL

As consequências dessa pesquisa são muito maiores do que um pouco de milho extra, no entanto. Mutações parecidas, que “quebram” o freio do crescimento, já foram detectadas na maioria das outras culturas básicas do mundo. Isso sugere que um processo semelhante pode funcionar para aumentar outras colheitas.

“Se o aumento na produção que vimos nos nossos laboratórios puder ser usada em outras culturas agrícolas, isso pode nos dar um aumento significativo na produção global, aumentando a sustentabilidade agrícola ao exigir menos terra para a agricultura,” explicou Jackson ao Gizmodo. “A mesma abordagem também pode beneficiar fazendeiros de países em desenvolvimento que cultivam uma grande variedade de plantas.”

Se funcionar, isso pode nos dar uma forma de alimentar muito mais gente no mundo sem a necessidade de novas terras para cultivo.

Imagem de topo: CHSL

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