Ciência

Produtos químicos domésticos comuns são nova ameaça à saúde do cérebro

Estudo aponta que produtos domésticos têm químicos que prejudicam célula do cérebro que tem relação com condições como esclerose múltipla
Imagem: JESHOOTS.COM/ Unsplash/ reprodução

Embora as condições neurológicas também tenham origem genética, muitas vezes os fatores externos da vida de uma pessoas contribuem para o desenvolvimento de doenças como esclerose múltipla, entre outras. Agora, um novo estudo identificou que essas influências podem vir de produtos químicos usados em hábitos tão comuns do dia a dia, como lavar o cabelo e limpar a casa.

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De acordo com a pesquisa publicada na revista Nature Neuroscience, alguns compostos químicos presentes em produtos para o fios capilares ou para a limpeza podem causar danos à saúde cerebral. 

Em geral, eles danificam os oligodendrócitos do cérebro. Essas células são especializadas e geram o isolamento protetor ao redor das células nervosas. Dessa forma, os produtos químicos de consumo “são um fator de risco previamente não reconhecido para doenças neurológicas”, segundo os autores do estudo.

Entenda a pesquisa

Para a pesquisa, os cientistas analisaram mais de 1.800 produtos químicos aos quais os humanos podem estar expostos. Entre esses, identificaram aqueles com potencial de danifar os oligodendrócitos.

No total, eles pertenciam a duas classes. A primeira recebe o nome de retardantes de chama organofosforados, muito presentes em eletrônicos e móveis. Já a segunda classe se chama compostos de amônio quaternário, comuns em produtos de cuidado pessoal e desinfetantes.

Em laboratório, eles comprovaram em sistemas celulares que os compostos de amônio quaternário fazem os oligodendrócitos morrerem. Enquanto isso, os retardantes de chama organofosforados impediram a maturação dessas células cerebrais.

Então, eles realizaram os testes também em ratos de laboratório e os resultados se repetiram.

“Descobrimos que os oligodendrócitos, mas não outras células cerebrais, são surpreendentemente vulneráveis aos compostos de amônio quaternário e aos retardantes de chama organofosforados”, afirmou Erin Cohn, autora do estudo.

Em geral, a perda de oligodendrócitos é a base da esclerose múltipla e de outras doenças neurológicas. Por isso, os cientistas também ligaram a exposição a um dos produtos químicos a consequências neurológicas em crianças.

Agora, os pesquisadores afirmam que as descobertas sugerem a necessidade de um estudo mais abrangente desses produtos químicos domésticos relacionados à doenças neurológicas. Ainda assim, eles esperam que a pesquisa sirva como base para medidas regulatórias com o objetivo de minimizar a exposição humana a esses químicos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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