Proibição? Por que a IA do Midjourney não gera imagens do presidente da China
Donald Trump preso, Vladimir Putin acariciando um gato e até o Papa Francisco com um casaco estiloso: afinal, por que o aplicativo Midjourney pode fazer imagens de todas essas figuras públicas, mas não gera imagens de Xi Jinping, o presidente da China?
Pelo menos oficialmente, Pequim nunca proibiu o software norte-americano de usar a imagem do presidente. Na verdade, trata-se de uma decisão do próprio fundador e CEO do Midjourney, David Holz. “Só queremos minimizar o drama”, justificou ele em um post no Discord, no ano passado, ao qual o jornal The Washington Post teve acesso.
“A sátira política na China não é legal. A capacidade das pessoas da China de usar essa tecnologia é mais importante do que sua capacidade de gerar sátira [sobre o país]”, afirmou. “Não nos motivamos por dinheiro e, neste caso, o bem maior é obviamente que as pessoas na China tenham acesso a essa tecnologia”.
Nas mensagens no Discord, Holz disse que o Midjourney bloqueou uma série de palavras relacionadas a tópicos polêmicos em diferentes países, não só relacionadas à China.
Ele não divulgou quais foram os termos banidos, mas usuários relataram que palavras como “Afeganistão” e “afegão” também não funcionam nos comandos de geração de imagens.
Midjourney reclama de uso abusivo
Outros internautas relataram que alguns prompts sobre a representação de prisões caíram depois que as imagens de Trump sendo detido pela polícia viralizaram. As fotos criadas por IA (inteligência artificial) foram publicadas nas redes dias antes do ex-presidente se tornar réu em um processo criminal, nos EUA.
🚨 Essas fotos não são reais! 🚨 Feitas pela inteligência artificial Midjourney v5, elas simulam a possível prisão do ex-presidente americano Donald Trump, que o próprio suspeita que estão para acontecer.
É, vai ficar mais difícil ainda separar o que é real e o que é fake news. pic.twitter.com/UlBIQLgP1l
— Bruno Martinez (@showmetechbru) March 22, 2023
A repercussão sobre as imagens falsas fez com que a plataforma anunciasse o fim do serviço de geração gratuita. Ao alegar “uso abusivo da ferramenta”, o Midjourney agora cobra US$ 10 (cerca de R$ 52, no câmbio atual) mensais.
É uma forma de monitorar o uso, uma vez que o pagamento facilita o rastreio da origem das imagens. “Não somos uma democracia”, diz o Midjourney em suas políticas da comunidade. “Comporte-se com respeito ou perca seus direitos de usar o serviço”.