A maior parte do Ártico já sofre as consequências das mudanças climáticas. Porém, há uma faixa de aproximadamente 1 milhão de km² — entre a Groenlândia e o Canadá — em que o gelo ainda se mantém durante o ano todo. Pesquisadores chamam a região de LIA, sigla em inglês para “última área de gelo”.
LIA abriga o gelo marinho mais espesso e antigo do Oceano Ártico. Isso é possível devido ao curso do Giro Beaufort e da Deriva Transpolar, duas correntes oceânicas que transportam água congelada para a região. Como resultado, há placas de gelo cobrindo essa região marítima durante o ano todo.
Mas isso deve mudar em breve. Um estudo publicado na revista Nature Communications: Earth & Environment sugere que, devido ao aquecimento global, a presença de gelo na região poderá se tornar sazonal, desaparecendo completamente durante os meses de verão.
A última vez que isso aconteceu foi há 10 mil anos, durante o Holoceno Inferior. Na época, as temperaturas globais estavam em um nível próximo dos dias atuais. No entanto, a equipe não sabe dizer exatamente quando isso ocorrerá, apenas que será dentro das próximas décadas.
Ainda há como reverter a situação. Se as nações se esforçarem para zerar as emissões de gases do efeito estufa, as temperaturas do planeta subirão menos. Talvez o número não fique dentro do previsto pelo Acordo de Paris, mas a proximidade da meta já está sendo considerada uma vitória para os cientistas.
Caso contrário, o ecossistema sofrerá as consequências. A falta de gelo sobre o Oceano Ártico permitirá que o mar absorva até dez vezes mais energia solar, impactando ainda mais no aquecimento global. O cenário também prejudicará as espécies que vivem ali, o que refletirá em toda a cadeia alimentar.