_Ciência

Próximas ondas de calor vão derreter “última área de gelo” do Ártico; mas é reversível

Um estudo publicado na Nature Communications sugere que, devido ao aquecimento global, a presença de gelo em certa região do Ártico poderá se tornar sazonal dentro das próximas décadas

Pela 1ª vez em 10 mil anos, gelo do Ártico pode desaparecer completamente no verão

Imagem: Cassie Matias/Unsplash/Reprodução

A maior parte do Ártico já sofre as consequências das mudanças climáticas. Porém, há uma faixa de aproximadamente  1 milhão de km² — entre a Groenlândia e o Canadá — em que o gelo ainda se mantém durante o ano todo. Pesquisadores chamam a região de LIA, sigla em inglês para “última área de gelo”.

LIA abriga o gelo marinho mais espesso e antigo do Oceano Ártico. Isso é possível devido ao curso do Giro Beaufort e da Deriva Transpolar, duas correntes oceânicas que transportam água congelada para a região. Como resultado, há placas de gelo cobrindo essa região marítima durante o ano todo. 

Mas isso deve mudar em breve. Um estudo publicado na revista Nature Communications: Earth & Environment sugere que, devido ao aquecimento global, a presença de gelo na região poderá se tornar sazonal, desaparecendo completamente durante os meses de verão. 

A última vez que isso aconteceu foi há 10 mil anos, durante o Holoceno Inferior. Na época, as temperaturas globais estavam em um nível próximo dos dias atuais. No entanto, a equipe não sabe dizer exatamente quando isso ocorrerá, apenas que será dentro das próximas décadas.

Ainda há como reverter a situação. Se as nações se esforçarem para zerar as emissões de gases do efeito estufa, as temperaturas do planeta subirão menos. Talvez o número não fique dentro do previsto pelo Acordo de Paris, mas a proximidade da meta já está sendo considerada uma vitória para os cientistas.

Caso contrário, o ecossistema sofrerá as consequências. A falta de gelo sobre o Oceano Ártico permitirá que o mar absorva até dez vezes mais energia solar, impactando ainda mais no aquecimento global. O cenário também prejudicará as espécies que vivem ali, o que refletirá em toda a cadeia alimentar.

Sair da versão mobile