Quadrinistas de adaptações milionárias receberam apenas US$ 5 mil da Disney

Marvel e outros estúdios estão sob pressão por pagarem pouco aos criadores de quadrinhos, que não recebem o equivalente por suas obras.
Marvel Studio
Imagem: Paras Griffin/Getty Images

Por trás de cada adaptação de quadrinhos da Marvel Studios e da DC Entertainment, estão equipes de criadores de quadrinhos cujas ideias estabeleceram as bases para produções que se tornam filmes e programas de TV com bilhões em arrecadação. Só que isso não significa que os criadores envolvidos nas HQs estão sendo pagos perto do que merecem.

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De acordo com fontes ouvidas pelo jornal britânico The Guardian, a maioria dos quadrinistas que trabalham para Marvel e DC (mais especificamente para a Marvel) não possuem propriedade intelectual dos desenhos feitos para as duas editoras. Por conta disso, a remuneração que eles recebem fica muito abaixo do lucro bilionário feito em cima do trabalho desses profissionais.

No caso da Marvel, a abordagem padrão para compensar escritores ou artistas quando seu trabalho aparece em um filme da Marvel Studios é um cheque fixo de US$ 5 mil (pouco mais de R$ 26 mil na conversão direta), acompanhado por um convite para a estreia do título nos cinemas.

O escritor Ed Brubaker falou abertamente sobre como não ganhou nada desde que o Capitão América e seus elementos, incluindo o Soldado Invernal, foram inseridos no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), tanto nos filmes quanto na série recente do Disney+. Brubaker elaborou a série de quadrinhos do Capitão América que definiu o Soldado Invernal, junto com o artista Steve Epting, o colorista Frank D’Armata e o escritor Randy Gentile.

Brubaker também comentou sobre como ele não foi convidado para os eventos de estreia do Capitão América: O Soldado Invernal. Contudo, o que mais incomodou o escritor é que a Marvel não faz questão de expor os talentos responsáveis por aquilo que os espectadores estão assistindo nos cinemas. Além de cheques pontuais e convites de estreia, a Marvel oferece um “contrato de caráter especial” a certos criadores, garantindo diferentes níveis de remuneração caso suas obras sejam adaptadas. O problema é que esses contratos não são uma regra, o que significa que os criadores têm que assumir a responsabilidade de solicitá-los. E mesmo assim não há garantia de que a empresa vai aderir aos contratos.

“Para alguns criadores, o trabalho que fizeram décadas atrás está proporcionando uma renda vital agora, à medida que os filmes trazem seus quadrinhos para um público maior. Eles raciocinam — e as empresas parecem concordar — que é justo pagar mais. A DC tem um contrato interno padronizado que garante pagamentos aos criadores quando seus personagens são usados. De acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto, os contratos da Marvel são semelhantes, só que mais difíceis de serem encontrados; alguns criadores nem sabiam que eles existiam”, conta o The Guardian.

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Problema é estrutural

A verdade é que empresas que fazem adaptações de quadrinhos estão contribuindo para um sistema de desigualdade estrutural, em que alguns criadores acabam sendo pagos mais por seu trabalho do que outros. Isso tudo é resultado de pessoas em posições de poder que não estabelecem caminhos bem definidos e transparentes para obter esse tipo de compensação. Ao contrário de atores, diretores e toda a equipe técnica por trás de uma adaptação cinematográfica que têm sindicatos que os ajudam a lutar por certas coisas, os criadores de quadrinhos são deixados à própria sorte.

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