Que música você ouve? Segundo estudo, gosto musical revela valores morais
Para muitas pessoas, ouvir música evoca sentimentos e identificação com as letras e melodias. Assim, quando alguém está triste, pode buscar ouvir mais canções melancólicas – e o mesmo serve para outras emoções. Mas agora, um novo estudo descobriu que há uma conexão entre o gosto musical e os valores morais de uma pessoa. Os resultados foram publicados na revista PLOS ONE.
Entenda a pesquisa
O estudo utilizou um conjunto de dados chamado LikeYouth, com um banco de informações de mais de 64 mil usuários do Facebook, principalmente da Itália. A partir daí, selecionaram cerca de 1.400 participantes, que completaram questionários psicométricos avaliando seus valores morais.
Depois, por meio de suas páginas curtidas no Facebook, os pesquisadores identificaram seus artistas favoritos. Destes, selecionaram as cinco principais músicas e extraíram características da melodia e das letras.
Por fim, utilizando algoritmos ensinados (aprendizado de máquina), a equipe processou os textos com método BERT (Representações Codificadoras Bidirecionais de Transformadores), na sigla em inglês.
A técnica é muito utilizada para o processamento de linguagem natural e auxiliou os pesquisadores na análise de narrativas, sentimentos e emoções nas letras. Além disso, características de áudio fornecidas pela API do Spotify ajudaram na compreensão de informações codificadas nas escolhas musicais dos participantes.
O que suas músicas dizem sobre você
De modo geral, elementos como o tom e o timbre das músicas ajudaram a prever valores relacionados às temáticas de cuidado e de justiça dos participantes. Além disso, sentimentos e emoções expressos nas letras foram mais eficazes na previsão de traços de lealdade, autoridade e pureza.
Para os pesquisadores, os resultados do estudo vão além da mera curiosidade acadêmica. Eles acreditam que as descobertas revelam que, além de entretenimento, as músicas são também um reflexo e molde das sensibilidades de uma pessoa. “Nossa descoberta pode abrir caminho para aplicações que vão desde experiências musicais personalizadas até terapias musicais inovadoras e campanhas de comunicação”, comentou a autora do estudo, Kyriaki Kalimeri.