Radiação de celular pode interagir com tecidos humanos de forma nunca antes considerada

O Los Alamos National Labs é geralmente associado com bombas – eles criaram a bomba nuclear detonada em Hiroshima e Nagasaki – e a bomba que eles jogaram hoje também deve ser arrasadora. Figurativamente falando, claro: hoje eles trabalham mais com saúde e medicina. A controvérsia sempre presente quanto ao efeito dos sinais de celular […]

O Los Alamos National Labs é geralmente associado com bombas – eles criaram a bomba nuclear detonada em Hiroshima e Nagasaki – e a bomba que eles jogaram hoje também deve ser arrasadora. Figurativamente falando, claro: hoje eles trabalham mais com saúde e medicina. A controvérsia sempre presente quanto ao efeito dos sinais de celular em tecidos biológicos ressurgiu hoje, através de um pesquisador de Los Alamos. Ele diz que as micro-ondas emitidas por celulares podem interagir de uma forma completamente nova, que ainda precisa ser compreendida.

Claro que há dois lados para debate aqui: um que cita evidências mostrando que sinais de celular podem influenciar o comportamento e a saúde humana; e o outro lado, que afirma não haver indício, nas evidências epidemiológicas, de que a exposição ao sinal de celular seja correlacionado a consequências na saúde.

Só que há um argumento especialmente potente para afirmar que celulares são seguros: os fótons das micro-ondas não têm energia o suficiente para quebrar ligações químicas. E se eles não conseguem quebrar ligações químicas, então eles não podem danificar tecidos biológicos. Para muitos médicos, isso encerra o caso.

Mas Bill Bruno, biólogo teórico de Los Alamos, discorda. O argumento básico é: os fótons podem, sim, ter energia o bastante para interferir em tecidos humanos. A ideia tradicional só vale quando a densidade de fótons é baixa (menor que um); quando a densidade é maior, os fótons podem interferir de maneira construtiva – isto é, os efeitos podem se combinar e interagir de maneira mais forte que o normal. (Se você quiser todos os detalhes da ciência por trás do que ele afirma, o link para o trabalho dele está no final do post.)

Bruno cita pinças óticas como exemplo. Pinças óticas usam fótons para manipular objetos bem pequenos, como células, e sabemos que elas podem causar danos a estruturas. Isto é bem documentado. E isso acontece porque os fótons são concentrados: quanto mais fótons, maior a força (e maior o possível dano).

Pinças óticas funcionam geralmente no comprimento de onda da luz infravermelha; como as micro-ondas do celular têm outra frequência, o efeito dos fótons poderia ser diferente. Mas elas levantam a questão: será que os fótons das micro-ondas podem agir da mesma forma que nas pinças? Porque uma coisa é clara: a densidade de fótons nos sinais de celular são muito maiores do que um. Então, segundo Bruno, há um mecanismo pelo qual poderiam ocorrer danos, e as condições para este mecanismo funcionar estão presentes entre celulares e torres de celular.

Nada disso significa que os fótons das micro-ondas estejam necessariamente prejudicando seus neurônios. Mas isto acrescenta mais um ponto de debate à polêmica, e é um motivo de preocupação e tema para estudos futuros. No mínimo, Bruno diz que o argumento de que micro-ondas não podem alcançar a força necessária para quebrar ligações químicas não é mais o bastante para desconsiderar a ideia de que celulares podem prejudicar tecidos biológicos.

A controvérsia está longe de resolvida. E o trabalho de Bruno está aqui. [via Technology Review]

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Imagens: Steve Kazella/Wikimedia e Simon Li/Flickr

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