Receitas para mumificar corpos no Egito são decifradas por cientistas

Pesquisadores estudaram resíduos de receptáculos de uma oficina de mumificação no sítio arqueológico de Saqqara
embalsamamento egito
Imagem: M. Abdelghaffar/Universidade de Tübingen, Tübingen, Alemanha

Foram reveladas, Em uma pesquisa publicada na Nature, as receitas secretas dos embalsamadores para mumificar corpos no Egito, há aproximadamente três milênios. A descoberta aconteceu após pesquisadores “desenterrarem” uma espécie de oficina de mumificação no sítio arqueológico de Saqqara.

Ao escavar a instalação, datada da 26ª dinastia, arqueólogos encontraram 121 tigelas e copos com instruções de embalsamamento. Entre as instruções, estavam comandos como “colocar na cabeça” e nomes de substâncias como “antiu” ou “sefet”. Com o uso de cromatografia gasosa e espectrometria de massa, os pesquisadores descobriram a composição química em 31 dos receptáculos, revelando as receitas de cada etapa do processo.

“Conhecemos os nomes de muitos desses ingredientes de embalsamamento desde que os antigos escritos egípcios foram decifrados. Mas até agora, só conseguíamos adivinhar quais substâncias estavam por trás de cada nome”, explicou a líder da escavação Susanne Beck ao IFLScience.

Quais as substâncias usadas na mumificação?

Previamente considerada mirra ou incenso, antiu é na verdade uma mistura de óleo de cedro, óleo de zimbro/cipreste e gorduras animais. Sefet, por sua vez, trata-se de “um unguento perfumado com aditivos vegetais”. Já o embalsamamento da cabeça contava com misturas de resina de pistacia, gordura animal, cera de abelha e óleo de rícino.

Para a surpresa dos estudiosos, muitas das pomadas continham ingredientes de partes distantes do mundo. Isso sugere que a mumificação tenha ajudado a sustentar a rede de comércio global da época.

Enquanto a resina da árvore elemi teria vindo da África tropical ou do Sudeste Asiático, a goma da árvore dammar seria do Sudeste Asiático. Substâncias como resina de Pistacia, azeite de oliva e óleo de cedro, por exemplo, viriam de outras partes do Mediterrâneo.

Os estudos mostram que os egípcios estavam certos em suas importações. De acordo com os autores do estudo, “a resina de Pistacia, elemi, dammar, óleos, betume e cera de abelha têm propriedades antibacterianas ou antifúngicas e odoríferas e, portanto, ajudam a preservar o tecido humano e a reduzir os odores desagradáveis”.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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