Empresas interrompem anúncios no YouTube após denúncia de rede de comentaristas pedófilos no site

Youtuber trouxe à tona problema grave no algoritmo do site que permitia a pedófilos formarem uma rede e assistir a crianças em posições comprometedoras
Danny Moloshok/AP

Empresas estão retirando suas campanhas publicitárias do YouTube em meio a relatos de que uma rede de pedófilos está operando abertamente nas seções de comentários de vídeos de crianças pequenas, informou a Bloomberg na quarta-feira (20). Disney e Nestlé estão entre as companhias que supostamente retiraram seus gastos no site depois que um vídeo publicado no próprio site revelou o problema atual.

Um vídeo compartilhado pelo youtuber Matt Watson no domingo (17) apresentou o que ele descreveu como uma “rede de pedofilia branda”, viabilizada por comentaristas em vídeos de crianças, particularmente de meninas jovens. Esses vídeos, que são monetizados pela empresa, são inundados por comentários de aparentes pedófilos que trocam informações de contato e links para pornografia infantil. Eles também marcam o tempo nos vídeos, que Watson disse que são “pontos no vídeo em que as meninas estão em posições comprometedoras, posições sexualmente implícitas”.

Watson chamou o algoritmo do YouTube de “buraco de minhoca” de conteúdo de exploração, por causa do sistema por trás da recomendação desses vídeos. Quando um usuário do YouTube clica em vários desses vídeos, sua coluna de conteúdo sugerido fica inundada principalmente por vídeos de crianças.

A revista Wired conseguiu replicar as afirmações de Watson e disse que os vídeos que encontrou frequentemente incluíam meninas brincando, nadando ou chupando picolés e, em alguns casos, conteúdo mais explícito. Uma vez que alguns desses vídeos são vistos, a Wired disse que o algoritmo do YouTube traz à tona conteúdos que parecem ser populares entre outros pedófilos. Em muitos casos, o site relatou que vídeos de crianças pequenas aos quais são anexados anúncios pre-roll acumulavam centenas de milhares e até mesmo milhões de visualizações.

As empresas estão agora optando por se distanciar da polêmica, entrando em contato com o YouTube sobre o problema ou retirando completamente as campanhas publicitárias do ar.

“Posso confirmar que todas as empresas da Nestlé nos Estados Unidos pausaram a publicidade no YouTube”, disse um porta-voz da companhia ao Gizmodo em um comunicado por e-mail. A Bloomberg citou fontes que afirmaram que a Disney seguiu o exemplo, embora a empresa não tenha respondido imediatamente a um pedido de comentário do Gizmodo.

Um porta-voz da Epic Games, desenvolvedora por trás de Fortnite, disse à Wired que, por meio de sua agência de publicidade, a empresa “procurou o YouTube para determinar as ações que tomaria para eliminar esse tipo de conteúdo de seu serviço”. O Grammarly contou à revista que também entrou em contato com o YouTube sobre o assunto.

Comentários perturbadores e predatórios em vídeos de crianças no YouTube resultaram em uma resposta semelhante dos anunciantes em 2017. A empresa disse na época que estava trabalhando para corrigir o problema, mas parece que isso segue sendo uma questão generalizada no site.

Um porta-voz do YouTube reforçou que a companhia está trabalhando para resolver o problema e que desativou comentários em milhões de vídeos de crianças. A empresa também removeu mais de 400 contas de alguns comentaristas desses vídeos, assim como alguns conteúdos que acreditava estarem colocando jovens em risco. O porta-voz acrescentou que o YouTube está denunciando quaisquer comentários ilegais ao Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas, organização dos EUA.

“Qualquer conteúdo — incluindo comentários — que coloque em risco menores de idade é repugnante, e temos políticas claras proibindo isso no YouTube”, disse um porta-voz da empresa em uma declaração por e-mail. “Tomamos medidas imediatas, apagando contas e canais, denunciando atividades ilegais às autoridades e desativando comentários em dezenas de milhões de vídeos que incluem menores de idade. Há mais a fazer, e continuamos a trabalhar para melhorar e apanhar o abuso mais rapidamente.”

[Bloomberg]

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