Polícia britânica identifica dois russos suspeitos pelo envenenamento de um ex-agente com novichok
A polícia e oficiais de contraterrorismo britânicos identificaram dois homens que acreditam ser responsáveis pelo envenenamento do ex-agente duplo Sergei Skripal, sua filha Yulia Skripal e outras duas pessoas presentes. Os suspeitos são russos, identificados como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, embora as autoridades britânicas digam que os nomes provavelmente são pseudônimos.
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“Ambos os suspeitos têm aproximadamente 40 anos de idade e são cidadãos russos que estavam viajando com passaportes russos”, disse a Polícia Metropolitana do Reino Unido em um comunicado emitido nesta manhã.
Embora os Skripals tenham sido envenenados intencionalmente usando um agente nervoso chamado novichok, acredita-se que as outras duas pessoas foram envenenados acidentalmente. Dawn Sturgess e seu parceiro Charlie Rowley ficaram doentes depois de usar um frasco de perfume que encontraram em um parque. Sturgess, mãe de três, morreu depois. Os Skripals se recuperaram, mas estão sendo discretos.
O governo britânico diz que “não há outra conclusão alternativa senão a de que o Estado Russo foi culpado pela tentativa de assassinato de Skripal e sua filha” e apelou ao público para obter mais informações sobre os dois homens. A Rússia não extradita os seus cidadãos em caso de irregularidades criminosas em outros países, mas os britânicos obtiveram um mandado de prisão europeu para os homens.
“É provável que eles estivessem viajando com pseudônimos e que esses não sejam seus nomes verdadeiros. Gostaríamos de ouvir qualquer pessoa que os conheça. Estamos liberando essas fotos deles, dos documentos de viagem que eles usaram para entrar no país”, disse a Polícia Metropolitana.
Imagem de câmera de segurança divulgada pela polícia britânica mostrando suspeitos de intoxicação por novichok. Imagem: Polícia Metropolitana do Reino Unido
O Kremlin negou veementemente qualquer envolvimento nos envenenamentos dos Skripal e circulou várias teorias da conspiração diferentes sobre quem seriam os verdadeiros perpetradores. As contas de redes sociais do governo russo frequentemente levantam a possibilidade de que os ataques tenham sido conduzidos por autoridades britânicas para piorar as relações entre o Reino Unido e a Rússia.
Em resposta aos envenenamentos, o Reino Unido expulsou 23 diplomatas russos de Londres, e 20 outros países fizeram o mesmo em solidariedade. Cerca de 130 diplomatas russos foram expulsos de países aliados em todo o mundo.
A polícia divulgou a seguinte cronologia para os suspeitos, incluindo o voo inicial de Moscou para o Reino Unido em 2 de março e o voo de volta para a Rússia em 4 de março:
Às 15h de sexta-feira, 2 de março, os suspeitos chegaram ao aeroporto de Gatwick, vindo de Moscou no voo SU2588 da Aeroflot.
De lá, acredita-se que eles viajaram de trem para Londres, chegando à estação Victoria aproximadamente às 17h40.
Eles então viajaram no transporte público de Londres até a estação Waterloo e estiveram na área entre aproximadamente 18h e 19h. Eles foram para o City Stay Hotel, na Bow Road, no leste de Londres, onde ficaram na sexta-feira, 2 de março, e no sábado, 3 de março.
No sábado, 3 de março, eles deixaram o hotel e pegaram o metrô para a estação Waterloo, chegando lá aproximadamente às 11h45, onde pegaram um trem para Salisbury, chegando aproximadamente às 14h25.
Acredita-se que eles fizeram uma rota parecida quando voltaram para Londres na tarde de sábado, 3 de março, deixando Salisbury aproximadamente às 16h10 e chegando a Bow aproximadamente às 20h05.
Avaliamos que essa viagem foi para reconhecimento da área de Salisbury e não acreditamos que tenha existido qualquer risco para o público a partir de suas movimentações nesse dia.
No domingo, 4 de março, eles fizeram a mesma jornada a partir do hotel, mais uma vez usando o metrô de Bow à estação Waterloo, aproximadamente às 8h05, antes de continuar sua jornada de trem para Salisbury.
Câmeras de segurança mostram a vizinhança da casa do Sr. Skripal, e acreditamos que eles contaminaram a porta da frente com novichok.
Eles deixaram Salisbury e retornaram para a estação Waterloo, chegando aproximadamente às 16h45, e embarcaram no metrô aproximadamente às 18h30 para o aeroporto de Londres-Heathrow.
Do aeroporto de Londres-Heathrow, eles voltaram para Moscou no voo SU2585 da Aeroflot, partindo às 22h30 do domingo, 4 de março.
Não temos evidências de que eles entraram novamente no Reino Unido depois dessa data.
Imagem de câmera de segurança divulgada pela polícia britânica mostrando os suspeitos de envenenamento com novichok. Imagem: Polícia Metropolitana do Reino Unido
“Devemos continuar construindo uma imagem a mais abrangente possível para tranquilizar o público e garantir um futuro processo por meio do sistema de justiça criminal do Reino Unido”, disse a Polícia Metropolitana. “Qualquer informação extra do público será extremamente bem-vinda.”
A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que as autoridades acreditam que os dois homens são agentes da inteligência russa que trabalham para o Departamento Central de Inteligência da Rússia. May fez a afirmação no parlamento nesta quarta-feira (5).
“Suspeito que eles quiseram dar uma mensagem àqueles russos que estavam vivendo em outro lugar e que estiveram envolvidos em assuntos relacionados ao estado russo”, disse May ao parlamento. “Mas cabe aos russos explicar o que aconteceu em Salisbury.”
Os comentários de Theresa May podem ser visto no vídeo abaixo. Suas afirmações sobre o envenenamento começam a partir dos 11 minutos.
“Sr. presidente (da Câmara dos Comuns), este ataque de armas químicas em nosso solo fazia parte de um padrão mais amplo de comportamento russo que persistentemente procura minar nossa segurança e a de nossos aliados ao redor do mundo”, disse May.
“Eles fomentaram conflito em Donbas, ilegalmente anexaram a Crimeia, violaram repetidamente o espaço aéreo nacional de vários países europeus e montaram uma campanha sustentada de ciberespionagem e interferência eleitoral”, continuou May. “Eles estiveram por trás de uma violenta tentativa de golpe em Montenegro. E um míssil de fabricação russa, lançado de um território mantido por separatistas apoiados pelos russos, derrubou o MH17.”
O governo russo segue negando qualquer envolvimento. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a divulgação das informações sobre os suspeitos “não revelou nada”.
Imagem do topo: Polícia Metropolitana do Reino Unido