Um tipo de mofo que se forma em restos de comida pode ser a solução para evitar o desperdício de alimentos pelos restaurantes.
Cerca de um terço da comida global é desperdiçada, com o descarte de alimentos correspondendo por 8% das emissões de gases do efeito estufa. Por isso, cientistas buscam alternativas para reaproveitar restos de comida para reduzir o impacto ambiental da produção alimentar
Em um estudo publicado no último dia 29, pesquisadores da Universidade da Califórnia mostraram que o fungo alaranjado Neurospora intermedia pode ir parar no cardápio de restaurantes chiques. Isso porque ele não produz toxinas, sem causar assim nenhum problema para os clientes.
Os cientistas trabalharam com chefs de restaurantes de Nova York e Copenhague para desenvolver novos pratos utilizando o mofo de restos de comida. O processo é conhecido como “upcycling” (ou reutilização criativa).
Os cientistas pediram consumidores para experimentar o oncon, prato tradicional da Indonésia que usa o mofo na sua receita. Os consumidores deram uma nota média de 6, em uma escala de 1 a 9. Além disso, descreveram a comida como “natural e nutritiva”.
Mofo transforma restos de comida em pratos saudáveis e saborosos
Alguns dos resultados já estão presentes nos menus, incluindo uma torrada feita de pão velho e uma sobremesa de creme de arroz sem açúcar. Vayu Hill-Maini, co-autor do estudo, afirma que o uso do mofo, além de servir como solução para os restos de comidas no restaurante, aumenta a segurança alimentar.
De acordo com o cientista, o fungo pode se formar em cerca de 30 tipos de resíduos agrícolas sem produzir toxinas, como em cascas de bananas.
Além disso, o fungo pode transformar resíduos indigestos em comida nutritiva em apenas 36 horas. “Aparentemente, o mofo tem uma trajetória peculiar em restos de comidas: de lixo ao luxo”, afirma Hill-Maini.
Os restaurantes do estudo afirmaram que a capacidade do mofo em transformar restos de comidas em pratos da alta gastronomia pode ser a chave para a popularização do upcycling em comidas.
Os pesquisadores, aliás, afirmaram que este é “só o começo” e o potencial completo do fungo ainda será descoberto.