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Retrospectiva 2016: Realidade Virtual e Pokémon marcaram um ano agitado para jogos

O que aconteceu de mais importante nos últimos 12 meses bastante agitados no mundo dos videogames.

por Bruno Izidro

Ufa! Os últimos 12 meses foram bem intensos, não? Alguns diriam que o que aconteceu esse ano foi roteirizado pelos mestres do horror, enquanto para outros tá muito com cara de série distópica. Porém, quando falamos de jogos eletrônicos estilo videogame, não há do que reclamar de 2016.

Pokémon GO fez muitas pessoas voltarem a lembrar dos monstrinhos enquanto andavam pela rua atrás de algum Pikachu, só pra se deparar com mais um Zubat ou Rattata. Já a promessa da realidade virtual chegou com o lançamento de Oculus Rift, HTC Vive e PlayStation VR.

Pokémon e realidade virtual foram os destaques, sem dúvida, mas muito mais aconteceu no mundo dos game. Não consegue lembrar de tudo? Então vem com a gente nesse resumo que as diversões eletrônicas que tanto amamos nos proporcionaram em 2016.

Tem uma Nintendo no meu celular

2016 marcou a chegada de vez da Nintendo no mercado mobile. Isso era algo que a empresa tentou evitar por anos, mesmo com pedido dos fãs. Inclusive, o falecido presidente Satoru Iwata era contra, mas foi inevitável.

Tudo começou ainda em 2015, quando a dona do Mario fechou um acordo com a empresa japonesa DeNa para produzir cinco games mobile. O primeiro resultado dessa parceria foi Miitomo, lançado em março desse ano. Foi um início tímido, vamos falar a verdade, porque Miitomo é muito mais um aplicativo social do que um jogo de fato.

Super Mario Run – que saiu na semana passada – representa a chegada real da empresa nos celulares e tablets. Pra mostrar que ela está bem séria na nova estratégia, o próprio Shigeru Miyamoto foi responsável pelo jogo, que tem modo multiplayer e exige conexão constante com a internet para poder jogar.

https://www.youtube.com/watch?v=rKG5jU6DV70

Pokémon GO até poderia contar também para essa parte, mas vamos lembrar que a Nintendo não foi responsável direta pelo jogo. Fora que o tamanho que ele atingiu merece um destaque separado.

Pokémon GO

Impossível falar de 2016 nos games sem falar de Pokémon GO. Esse foi o maior fenômeno no mundo dos jogos em muito tempo, atingindo gente que nunca tinha ouvido falar dos monstrinhos de bolso ou resgatando aqueles nostálgicos por Pikachu e cia.

O jogo foi desenvolvido pela Niantic em parceria com a The Pokémon Company e usa realidade aumentada para capturar Pokémon pelas ruas usando o smartphone. Ele começou a ser lançado em julho, primeiro na Austrália, depois EUA e resto do mundo. No Brasil, só foi chegar em agosto, o que causou desespero em muitas pessoas por aqui.

Em poucos dias Pokémon GO cresceu de uma forma inesperada e nunca vista antes em jogos mobile. Isso sem falar no fenômeno cultural e social que se tornou, levando centenas de pessoas aos parques procurando Pokémon raros e criando alvoroço quando algum aparecia.

Na época de sua maior popularidade, as estimativas eram de que Pokémon GO possuía 40 milhões de usuários ativos em todo o mundo. Porém, toda essa ascensão também resultou em uma queda rápida e abrupta no número de jogadores nos meses seguintes, o que não tira o fato de que ele foi um baita fenômeno em 2016.

Pokémon GO também ajudou na repopularizarão da série como um todo. Em novembro, Pokémon Sun e Moon foram lançados para 3DS e eles quebraram o recorde vendas da série principal, vendendo um total de 7 milhões de unidades em todo o mundo nos primeiros dias.

Jogos em Realidade Virtual

A realidade virtual passou os últimos anos como aquela ideia promissora de evolução nos games e em 2016 ela finalmente chegou. Oculus Rift foi lançado em março, HTC Vive em abril e o PlayStation VR em outubro.

Enquanto eles proporcionam experiências realmente impressionantes com jogos, deu pra perceber que a tecnologia veio mais para ser um complemento interessante para os consoles tradicionais do que ser aquela transformação que muitos esperavam. Muito do que se pode jogar em realidade virtual ainda parece demo técnica e não necessariamente jogos. Ainda há muita experimentação acontecendo, o que é normal para esse início de vida de uma nova tecnologia.

O alto custo para adquirir qualquer dos visores é outro problema para a popularização deles, principalmente por dependerem de PCs com configurações robustas, no caso de Oculus Rift e HTC Vive, ou de um PlayStation 4, para o PS VR. Além disso, nenhum ainda foi lançado oficialmente aqui no Brasil.

Para tentar contornar essas dificuldades, iniciativas interessantes vêm surgindo, como a VR Gamer, que oferece oportunidade para jogar no PS VR e HTC Vive pagando por hora. A realidade virtual chegou, provavelmente para ficar, mas ainda falta um pouco até ela atingir sua forma final.

O ano dos FPS

Ninguém pode reclamar que 2016 não teve ótimos jogos: Uncharted 4, Dark Souls III, Deux Ex: Mankind Divided, Inside, Dishonored 2, Forza Horizon 3, Watch Dogs 2, só pra citar alguns. Esse ano também vimos dois games há anos em desenvolvimento finalmente verem a luz do dia: Final Fantasy XV e The Last Guardian.

Todos eles representam bons jogos em gêneros diversos, o que é ótimo para agradar a todos os tipos de jogadores. Só que um gênero em particular se sobressaiu esse ano: o FPS.

2016 se provou o ano do FPS não só pela quantidade, mas também pela qualidade de jogos que saíram. Esse ano vimos o ressurgimento de Doom, a série que redefiniu os jogos de tiro nos anos 90 voltou de forma surpreendente em um game que ninguém dava nada. Overwatch foi um fenômeno que continua atraindo pessoas com um dos melhores multiplayer em jogos, o que fez ele ser merecedor do prêmio de jogo do ano no The Game Awards.

Já agora no fim do ano, Battlefield 1 e Titanfall 2 entregaram novas e divertidas formas de sair por aí dando tiros na tela, seja pelo contexto pouco explorado da primeira guerra mundial ou pela jogabilidade frenética entre as paredes e dentro de um robô gigante.

Decepções do ano

Nem só de boas notas no Metacritic e avaliação 40/40 na revista japonesa Famitsu (o que, nos dois casos, não significa muita coisa) viveram os jogos de 2016. Houve decepções, claro, e quem aí ainda se lembra de Mighty No. 9?

Depois de atrasos e polêmicas no Kickstarter por anos, o que seria o sucessor espiritual de Mega Man acabou sendo só um jogo genérico e que todos já tinham esquecido poucas semanas depois de lançado, em junho.

Também vale mencionar como Street Fighter V decepcionou, mesmo sendo um bom jogo, com um conteúdo pobre no lançamento e Call of Duty: Infinite Warfare, que até tentou, mas não saiu do mais do mesmo de todo o ano, o que ficou mais evidenciado com os outros bons jogo de tiro que já falamos aqui.

Porém, o verdadeiro significado de decepção de 2016 tem o nome No Man’s Sky. O ambicioso e hypeado game indie prometeu muita coisa, uma galáxia de coisas, na verdade, e só entregou um game tedioso e que deixou muita gente até furiosa. A própria Sony, que ajudou a publicar o game, tirou o corpo fora após a recepção ruim, o que só manchou o estúdio Hello Games e o criador Sean Murray.

Novos consoles antigos

Esse ano vimos o lançamento do Xbox One e do PlayStation 4. De novo. Não foi uma volta no tempo e sim a chegada das novas versões Xbox One S, PS4 Slim e PS4 Pro, esse último marcando o início da era 4K para jogos.

No caso do Xbox One S, lançado em agosto, ele é apenas uma versão mais compacta e levemente mais poderosa que o Xbox One, que roda vídeos em Blu-Ray ou streaming em 4K, mas não jogos. O mesmo vale para o PS4 Slim, que só é um PS4 menor e com design diferente.

Já o PS4 Pro é aquele que é considerado o mais potente videogame na atualidade. Lançado em novembro, possui poder de processamento maior que o PS4 padrão, o que possibilita ele rodar games em 4K e a 60fps. Todos os jogos lançados para PS4 rodam no Pro, mas alguns títulos receberam atualizações para terem uma performance melhor no novo aparelho.

A Nintendo também não ficou de fora da onda de novas versões de consoles e, pra surpresa de todos, relançou uma versão compacta e moderna do Nintendinho.

O NES Mini, como é chamado, cabe na palma da mão e tem conexão HDMI. Ele não aceita cartuchos, mas vem com 30 jogos na memória. Por fim, a Tectoy aqui no Brasil anunciou o relançamento do Mega Drive, com design idêntico a versão original, incluindo entrada para cartuchos. Porém, o videogame só chegará em 2017.

eSports na TV e Brasil ganhando força lá fora

O cenário de competições em jogos eletrônicos no Brasil continuou crescendo em 2016, sempre comandado por League of Legends, e dessa vez atingiu as massas com transmissões pela TV. Em julho, a final do Campeonato Brasileiro de League of Legends, o CBLoL, foi transmitida pela Sportv e teve uma audiência de 1,4 milhão de pessoas. No mesmo mês, foi a vez da ESPN mostrar na TV as finais do torneio de Street Fighter V no EVO, o principal evento de jogos de luta do ano, resultando em uma audiência de 200 mil telespectadores.

Em setembro, a Sportv voltou a transmitir outro torneio de League of Legends, o Internacional Wildcard, que aconteceu pela primeira vez no Brasil. O resultado? 2,3 milhões de pessoas viram o time brasileiro INTZ se classificar para o mundial do MOBA da Riot Games.

Por falar nisso, o Brasil ganhou força em competições internacionais. Além da INTZ no mundial de LoL, o geofísico Thomas “Brolynho” Proença foi o terceiro brasileiro seguido a participar da Capcom Cup, torneio oficial de Street Fighter.

Porém, o destaque fica mesmo para os jogadores brasileiros da Luminosity/SK Gaming de Counter-Strike: Global Offensive. Eles ganharam dois torneios principais do jogo de tiro da Valve, o que os tornou os primeiros do mundo. Isso ascendeu o cenário competitivo de CS no Brasil. Para coroar a fase, um dos membros da equipe, Marcelo “coldzera” David, ganhou o prêmio de atleta de eSports do ano no The Game Awards, com direito a discurso em português.

Aconteceu muito coisa, não? Provavelmente algumas delas vocês já tinham até esquecido. Isso mostrou o quão agitado e proveitoso foi 2016 para os jogos, mais até no que nos anos anteriores. No final foi um ano que, pelo menos com relação a games, não deve ser esquecido tão cedo.

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