E vamos de mais uma atualização na linha Moto G. Em menos de dois anos, a Motorola lançou três gerações dessa família: em 2019, vieram os Moto G7 e G8. Agora em 2020, chegam os aparelhos Moto G9. Nesta análise eu trago meu veredito sobre o Moto G9 Plus, modelo mais avançado da nova leva de dispositivos da marca.
Com o G9 Plus, a Motorola reforça seu posicionamento em colocar o foco em smartphones com acabamento mais premium. Claro, os telefones de entrada e intermediários ainda devem responder pela maior parte da receita para a empresa. Contudo, a aposta parece ser mesmo em celulares mais parrudos.
E bota parrudo nisso. Com um telão de 6,8 polegadas, 128 GB de armazenamento e bateria de 5.000 mAh, o Moto G9 Plus quer ser a ponte para quem deseja um smartphone Android com jeito de topo de linha, sem ter de desembolsar muitos milhares de reais. Spoiler: continua caro. Mas calma, pois primeiro vamos listar tudo o que o produto pode oferecer.
Motorola Moto G9 Plus
O que é
A versão mais avançada do modelo intermediário da Motorola
Preço
Sugerido, R$ 2.499; no varejo, por volta de R$ 2.100
Gostei
Bateria que dura quase uma semana, mesmo com uso intenso; tela excelente; levinho, apesar do tamanho
Não gostei
Câmera macro não empolga
Mudou, mas nem tanto assim
É bizarro pensar o quanto o design do Moto G9 Plus se diferencia das duas gerações anteriores, ainda mais levando em consideração o curto espaço de tempo entre elas. A carcaça é a mesma, feita de plástico, mas o módulo das câmeras na parte traseira agora é outro: sai o formato redondo de “olhos” do G7 Plus e a linha reta do G8 Plus, entra um bloco ligeiramente retangular – bem característico dos telefones Android mais recentes.
Ainda na parte traseira, a Motorola colocou um efeito meio brilhante à tampa de plástico que faz toda a diferença no acabamento. A versão que eu venho usando é nessa ouro rosê e, apesar de não ser a minha favorita, preciso admitir que a fabricante caprichou de verdade no tom metálico. Tem uma versão na cor azul-marinho que também não deixa a desejar. Mas vale o alerta: o material da traseira não é nada resistente, por isso é fundamental usar uma capinha protetora. A Motorola seguiu a tradição e incluiu o acessório na embalagem, embora a case de silicone dê claros indícios de que vá amarelar com o tempo.
Indo para a parte frontal, a maior novidade – que não é tão novidade assim em aparelhos Android – é que a câmera para selfies agora fica alocada em um buraco no canto superior esquerdo. Seguindo a tendência de outras companhias, a Motorola tem preferido esse design ao notch em formato de gota. Uma mudança muito bem-vida, diga-se de passagem, pois passa a impressão que a tela não tem nenhuma interferência (a não ser que você olhe diretamente para o buraco da câmera lá em cima).
Nas laterais, a gente encontra o botão de liga/desliga e o leitor de impressões digitais, ao lado direito. Enquanto isso, do lado esquerdo ficam o botão para ativar o Google Assistente e a bandeja híbrida para 1) dois SIM cards ou 2) um SIM card e um cartão microSD, para ampliar a capacidade de armazenamento. Aqui, quero destacar duas coisas: a primeira é que achei o leitor biométrico bem mais rápido que nas versões anteriores do Moto G Plus. A segunda é que o botão do Assistente é fixo, então não dá para trocar a função por outro app. Uma pena.
A entrada P2 para fone de ouvido ainda existe neste aparelho (fica na parte superior). Já a entrada principal é uma porta USB-C na parte inferior, bem ao lado do alto-falante.
No geral, o Moto G9 Plus traz tudo o que vimos em modelos anteriores da linha, só que tudo parece estar melhor alinhado, deixando a utilização bem mais agradável. Isso tudo em um smartphone que, apesar de grandalhão (9,7 mm de espessura), é super confortável de segurar: ele pesa somente 223 gramas.
O que era bom, ficou (um pouco) melhor
Pode-se considerar a tela de 6,8 polegadas como o cartão de visitas do Moto G9 Plus. E não é só um número, nem tamanho: o painel LTPS tem resolução Full HD+ com suporte a HDR10 traz cores vivíssimas, que beneficiam principalmente quem gosta de usar o celular para jogar ou assistir vídeos. Beleza, as bordas laterais poderiam ser um pouquinho menores, mas sinceramente não foi algo que prestei atenção ao ver minhas séries na Netflix ou Prime Video.
Somada ao display está a bateria de 5.000 mAh. No meu dia a dia, eu uso o celular para o básico: abrir e responder e-mails, acessar minhas redes sociais, uma vez e outra fazer fotos, e só. O Moto G9 Plus tem sido meu smartphone primário nas últimas três semanas. Então, nesse cenário e com 100% de bateria, ele durou pouco mais de cinco dias sem precisar de uma nova recarga.
Em outro teste, deixei o aparelho rodando filmes em HD no Prime Video, também com 100% de bateria, a partir das 9h00 da manhã. Quase ao final do meu dia, lá pelas 18h00, o Moto G9 Plus ainda tinha 37% de energia restante. É um tempo bastante considerável, ainda mais porque temos aqui um aparelho com tela Full HD+. O mesmo posso dizer da recarga: de 0% a 100%, ele levou mais ou menos 1h25 minutos. Lembrando que na caixa do produto vem um carregador de 30 W.
Quanto ao processador, o smartphone roda um Snapdragon 730G de oito núcleos, aliado a uma GPU Adreno 618. Além disso, possui 4 GB de memória RAM. Com essas especificações, só agora você deve se lembrar que o Moto G9 Plus é uma opção intermediária, né? Pois bem. O desempenho não é nada estupendo, mas fica acima da média para um celular da categoria. Não presenciei engasgos durante minhas tarefas básicas, nem ao assistir vídeos e nem durante jogos (Free Fire, Fortnite, Asphalt 9).
E o software também continua ótimo, viu? De fábrica, o telefone roda o Android 10 e segue o padrão Motorola de ser, com poucas modificações e uma interface limpa, mais próxima ao Android Puro do Google. As famosas (e boas) Moto Ações, para ativar alguns recursos do aparelho usando apenas gestos, continuam.
Câmeras
Se por um lado o Moto G9 Plus seguiu tendência em inúmeros aspectos, como na câmera frontal em buraco e um acabamento com cara de premium, por outro a Motorola peca em algo que, espero eu, começa a sair de moda: câmeras. Muitas, muitas câmeras. Sabe aquele ditado “menos é mais”? Infelizmente, não se aplica neste smartphone.
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Mas vamos lá: na traseira, começando de cima para baixo, o primeiro sensor é um grande angular de 8 MP; na sequência vem a câmera principal, de 64 MP, com tecnologia quad pixel que combina quatro pixels em um; depois, um sensor de profundidade de 2 MP. E ali do lado, mais em cima, fica uma câmera com função de macro, também com 2 MP. Mais abaixo, no mesmo módulo, tem o flash LED.
Olha, não que eu não tenha gostado das câmeras – ela são boas sim. Minha pergunta é: pra quê tudo isso? A principal, sem sombra de dúvidas, é a melhor, pois traz um controle de brilho e contraste que se ajustam automaticamente em ambientes bem iluminados. A câmera de profundidade também entrega resultados que vão agradar a maioria das pessoas.
Enquanto isso, a grande angular parece diminuir a qualidade das fotos. Não chega a ser algo gritante, mas quando você compara uma mesma imagem, em um mesmo ponto, usando a grande angular e o sensor principal, é nítida uma diferença na resolução de alguns pontos.
Dá uma olhada nas mesmas fotos tiradas usando as lentes principal e de profundidade:
Já a câmera macro, geralmente usada para fotografar objetos que estejam bem próximos a você (como um detalhe de uma flor ou de algum objeto), foi a que eu menos gostei. Eu tentei de várias formas tirar fotos de alguns objetos deixando a câmera bem próxima deles, mas nada surtiu efeito. Talvez ela funcione de verdade mesmo somente em cenas ou com objetos específicos. Porque de resto, pode esquecer.
E tome nota: todas essas características que estou falando, sobre todas as câmeras, se aplicam apenas a lugares ou pessoas que estejam bem iluminadas. O Moto G9 Plus até inclui um modo noturno, chamado Night Vision, porém não é sempre que se obtém fotos boas em baixa luminosidade. Para ser sincero, eu só consegui fotografias legais nesse modo ao colocar o smartphone em um tripé, deixando-o imóvel.
Para selfies, a câmera frontal de 16 MP ficou além das minhas expectativas, principalmente no modo retrato. O sensor consegue balancear os tons da imagem, sem deixar os participantes da foto com um efeito artificial – apesar de existir uma função de embelezamento, que não é padrão, nem obrigatória.
Conclusão
Demorou algumas gerações, mas enfim a linha Moto G tem, de fato, um “plus” para oferecer ao consumidor. O Moto G9 Plus traz uma tela excelente e gigante, mas sem tornar o aparelho pesado para as mãos. Também vem com uma performance ligeiramente acima da média para um intermediário. A bateria é outro trunfo deste dispositivo, podendo durar dias longe da tomada, mesmo se você tem um uso mais intenso. E o sistema operacional traz uma experiência bem próxima ao do Android Puro do Google.
É certo que uma coisa ou outra acaba ficando para escanteio, como é o caso da câmera quádrupla. Ali a Motorola poderia facilmente manter somente os sensores principal e de profundidade, uma vez que a câmera macro não entrega o que promete. Ou ainda, o botão fixo do Google Assistente, que não pode ser trocado por outra função que possa ser mais útil para o usuário.
Com tantas vantagens, o Moto G9 Plus esbarra no preço. Por si só, R$ 2.499 já é um valor elevado, e fica ainda mais salgado por se tratar de um telefone intermediário. O Galaxy A71 da Samsung, embora não seja um concorrente direto, traz especificações bem parecidas e por um preço menor, de menos de R$ 2.000 (mas veja bem, ainda é caro). A boa notícia é que os aparelhos da Motorola tendem a ficar mais baratos com poucos meses depois do lançamento, e hoje já é possível encontrar o G9 Plus por cerca de R$ 2.100. E já que a tendência é ficar ainda menor, talvez seja mais interessante esperar um tempo até que o preço fique mais atrativo.