A Realme segue ampliando seu portfólio de produtos no Brasil. No campo dos acessórios, depois do Realme Watch S e do Realme Buds Q, a fabricante chinesa lançou seu terceiro dispositivo: o Realme Buds Air Pro. Os fones de ouvido sem fio trazem tecnologia de cancelamento ativo de ruído (ANC), bateria com autonomia de até 25 horas e certificação IPX4 contra respingos de água.
Oficialmente, a marca cobra R$ 699 pelo par de fones, mas já é possível encontrá-lo por pouco mais da metade do valor. Mas será que vale a pena desembolsar essa grana por um produto com vários recursos de fone premium? Como é a experiência? É o que eu te conto neste review.
Realme Buds Air Pro
O que é
Fones Bluetooth da Realme com cancelamento de ruído e preço mais em conta do que a concorrênciaPreço
Sugerido: R$ 699. No varejo: em média, R$ 450Gostei
Confortável; excelente cobertura sonora; conectividade estável; bom microfone para chamadas de voz; preço justo para um fone com ANCNão gostei
Bateria não é lá essas coisas; modo de baixa latência para games não funciona direito… em games; app para iOS continua problemático
Design e conforto
A Realme não posiciona o Buds Air Pro como um produto topo de linha, mas ele quer que você tenha essa primeira impressão. De fato, se comparado ao Buds Q, o design é bem mais robusto e moderno, mas você certamente vai achar ele familiar aos AirPods. Talvez seja porque a gente já viu muitos fones sem fio inspirados no acessório da Apple, mas o formato me agrada porque é algo que praticamente todo mundo que gosta de tecnologia conhece. A diferença é que há uma ponteira de silicone, para prender melhor na parte interna do ouvido, e ela é significativamente maior do que os AirPods de primeira e segunda geração.
A case também tem um apelo mais requintado do que o Realme Buds Q. Minha unidade de testes veio na cor preta. E enquanto os fones possuem um acabamento mais opaco, o estojo de recarga vem numa tonalidade estilo black piano. Há um único LED na parte frontal, para indicar a situação da bateria, e uma entrada USB-C na parte inferior, para efetuar a recarga — não temos suporte para recarga sem fio. Ah, sem grandes surpresas: tudo isso é feito de plástico, mas a Realme conseguiu incluir certificação IPX4 contra respingos de água, o que deve ser uma mão na roda durante práticas esportivas ou dias com uma chuva não muito intensa.
Os fones mais recentes contam com um pequeno cabo amarelo usado para carregar a bateria, semelhante ao que acompanha o Buds Q. Eu gostaria muito que ele fosse maior, pois das vezes que eu precisei carregar diretamente na tomada, a case fica pendurada. A longo prazo, acredito que isso possa danificar a ponta do cabo que se conecta no estojo.
Eu já tinha gostado bastante do Buds Q por serem muito confortáveis. E nesta versão do Buds Air Pro isso continua um ponto alto do acessório. Eles se encaixam no ouvido sem causar pressão ou incômodo mesmo por longos períodos de usabilidade. Ao mesmo tempo, em nenhum momento eu senti que eles fosse se soltar, o que torna os fones parceiros ideais em esportes que exigem mais movimento, como dança e corrida. O produto ainda acompanha mais três tamanhos de ponteiras de silicone, facilitando o encaixe em vários formatos de ouvido.
Recursos e conectividade
Internamente, o Realme Buds Air Pro é equipado com o chipset Realme S1 e Bluetooth 5.0, que juntos funcionam para emparelhar o acessório com outros dispositivos. Eu testei ele em um iPhone 11 Pro, um iPad Air de 3ª geração e um Realme 7 5G. Nos três, a conexão foi rápida e estável; também não notei quedas na sincronização, mesmo estando em cômodos diferentes e cercado por mais de uma parede no caminho. Assim como no Buds Q, a experiência no Android é melhor otimizada graças ao aplicativo Realme Link. No iOS, por sua vez, o app não me permitiu incluir os fones mais uma vez.
O formato clonado do AirPods tem um motivo: botões capacitivos. Eles ficam no cabo de cada fone e são usados para avançar, retroceder, pausar ou continuar as músicas. Os comandos não possuem tanta precisão, e por mais de uma vez eles não respondiam ou não reconheciam que eu queria voltar ou avançar uma música. O Realme Link, pelo menos no Android, ainda permite configurar cada um desses comandos de acordo com suas preferências, o que é bem legal. E o app também conta com o Bass Boost+, que deixa os graves mais dinâmicos e encorpados.
O cancelamento de ruído é talvez o principal chamariz do Buds Air Pro. Isso, claro, desde que você não tenha as expectativas lá em cima. A função, que promete isolar até 35 decibéis (dB), cumpre seu papel dentro da proposta do produto, ocultando a maioria os sons externos. Em contrapartida, o ambiente lá fora não fica totalmente inaudível se o volume dos fones estiver da metade para baixo. Tem até um modo transparência para deixar que o som externo fique mais proeminente, mas foram poucas as vezes que eu realmente ativei esse recurso.
Outra funcionalidade é um modo gamer de baixa latência de 94 ms. Isso já existia no Buds Q (latência de 199 ms), mas assim como no fone anterior, eu não notei tanta diferença assim com esse modo habilitado. Curiosamente, a função é mais interessante ao assistir filmes, séries e outros vídeos. Também fiz testes ouvindo música com a opção ativada, e se saiu melhor do que para jogos.
Som e microfone
A experiência sonora no Realme Buds Air Pro é parecida com o que você encontra no Buds Q. Isso tem seus pontos positivos e negativos.
Primeiramente, o som é bastante encorpado e envolvente, conseguindo separar muito bem cada instrumento e, por consequência, permitindo que os sons saiam mais cristalinos. Na maioria das músicas que eu ouvi, os baixos são os mais proeminentes. Eu até prefiro assim porque os graves e agudos têm a tendência de saírem com ruídos, mesmo em níveis medianos de volume. Nos mais altos, a distorção é mais perceptível. Ainda assim, para um fone intermediário, a Realme fez um excelente trabalho.
Toda essa experiência eu obtive com o recurso de cancelamento de ruído ativado o tempo inteiro. Com o ANC desligado, o som tende a se propagar para todos os lados, diminuindo a percepção de vozes e instrumentos. Além disso, a intensidade sonora cai de forma significativa. Aí é uma questão de gosto pessoal, pois há quem prefira esse segundo cenário.
Em segundo lugar, temos o microfone. A Realme diz que o Buds Air Pro possui um microfone duplo com cancelamento de ruído ambiental (ENC), que diminui o barulho ao redor para se focar na voz de quem está falando. Aqui, destaco que o resultado é mais satisfatório do que no Realme Buds Q. Em chamadas de voz, eu consegui ouvir tranquilamente a pessoa do outro lado, e vice-versa. Mas isso quando estava em locais sem tanto barulho.
Bateria
O Realme Buds Air Pro possui uma bateria de 486 mAh de capacidade que a fabricante afirma ter autonomia de até 20 horas, com o cancelamento de ruído ligado, ou até 25 horas — ambos os casos em conjunto com o estojo de recarga. Já para os fones sozinhos, a duração pode ser de até seis horas seguidas com o volume em 50% e o ANC ativo.
Só que esses números não refletem a realidade. Usando o fone com o volume nessa marcação e o cancelamento de ruído habilitado, eu obtive menos de 3h30 de autonomia. Sem o ANC, ela subiu pouca coisa, para cerca de 4h10. Em volumes mais altos, na casa dos 70%, essa duração é ainda menor: pouco mais de 3 horas, com o ANC ativado, e 3h50, com ele desativado.
A case não melhora muito esse aspecto. Cada recarga completa no estojo me deu quase 4 utilizações completas dos fones sozinhos. Com 10 minutos na tomada, a case promete 3 horas de reprodução de áudio, mas eu obtive somente 2 horas. Com certeza, bateria é o aspecto menos interessante do Buds Air Pro e algo que a Realme pode melhorar daqui para frente.
Vale a pena?
Custando R$ 700, o Realme Buds Air Pro é exatamente o que a marca promete: um fone de ouvido sem fio, com certificação IPX4, Bluetooth 5.0 e cancelamento de ruído que se encaixa na categoria dos intermediários. Esses recursos são competentes e se beneficiam pela sincronização estável e com amplo alcance de conectividade, tornando o acessório uma boa opção para quem não quer gastar mais de mil reais em um AirPods Pro ou Sony WF-1000XM3 — ambos, vale ressaltar, voltados para uma experiência mais premium.
Por outro lado, o Buds Air Pro é um fone que acaba se limitando a algumas coisas. Ele não tem uma case com suporte para recarga sem fio (o que é comum em fones com ANC); a autonomia de bateria não é lá essas coisas; a intensidade sonora às vezes não é tão intensa assim; e o app Realme Link ainda é um teste de paciência para usuários de iPhone, o que acaba por deixar o produto mais viável para quem tem aparelho Android. Se você pode driblar esses pontos e quer um fone com ANC que não custe os olhos da cara, então o Buds Air Pro é uma alternativa.