Há alguns dias publiquei minha análise do Galaxy M21s, uma versão levemente aprimorada do M21 que ganhou melhorias de hardware e bateria. É um dos melhores smartphones para quem prioriza o custo-benefício. Algum tempo depois, comecei a testar o Galaxy M51, que também é um modelo intermediário, mas com um foco bem mais direcionado: na bateria.
E bota bateria nisso. São 7.000 mAh, tornando este o dispositivo com maior capacidade de bateria já lançado pela Samsung no Brasil. É maior até do que a capacidade de muitos tablets, e um trunfo para a fabricante não só no segmento de celulares medianos, mas no mercado como um todo. Eu sou da tese de que, quanto mais bateria, melhor, e acredito que uma grande parcela dos consumidores segue por esse caminho.
Claro que o Galaxy M51 não é só bateria. Sendo o modelo mais completo da família M, ele traz uma tela grande de 6,7 polegadas, processador octa-core de 2,2 GHz e quatro câmeras na traseira, sendo a principal de 64 MP. Como isso tudo se comporta? É o que eu te conto na análise a seguir.
Samsung Galaxy M51
O que é
Um smartphone grandão de bateria com impressionantes 7.000 mAhPreço
Sugerido: R$ 2.609. No varejo: em média, R$ 1.940Gostei
Bateria com incríveis 7.000 mAh; tela Super AMOLED com ótimas cores; câmera principal não desapontaNão gostei
Câmera macro é dispensável; pode ser grande demais para mãos pequenas
Design e tela
Toda a linha M da Samsung segue um mesmo padrão visual. No review do Galaxy M21s eu destaquei que essa família de smartphones não tenta simular o design de um dispositivo mais robusto. Em vez disso, o produto se apresenta como ele é: um modelo intermediário. Com o Galaxy M51, a coisa não é diferente. O corpo é feito em plástico, as laterais possuem um efeito metalizado e, por conta da bateria, o peso de 213 gramas é significativamente maior do que outros telefones.
A Samsung manteve uma entrada P2 para fone de ouvido na parte inferior, que por sua vez ainda conta com a porta USB-C para recarga, microfone e um alto-falante mono. Nas laterais ficam o slot para cartão de operadora e microSD, botões de volume e o liga/desliga, sendo que este último também funciona como leitor de impressão digital. Enquanto isso, na parte superior, há um segundo microfone.
Um ponto que me surpreendeu é que, apesar de um pouco mais pesado que os intermediários rivais, o Galaxy M51 não é tão grosso nas laterais – ele tem precisamente 9,5 mm de espessura. A pegada também é muito confortável e em nenhum momento durante o uso eu senti que ele fosse cair das minhas mãos. Particularmente eu gosto de smartphones em cores mais claras, como é o caso do M51 que eu testei, porém a traseira é um ímã de marcas de dedos. Para piorar, a Samsung não incluiu uma capinha protetora na embalagem, e isso parece ser a tendência daqui para frente, já que o item também não veio na caixa do Galaxy M21s.
Partindo para o display, temos uma tela Super AMOLED+ Infinity-O de 6,7 polegadas, proporção de 20:9 e resolução Full HD+ (1.080 x 2.400). É um celular bem grande mesmo, e pode ser difícil utilizá-lo com uma única mão, especialmente se você tem mãos pequenas. O painel traz brilho e contraste bastante equilibrados. Vale citar que a Samsung traz dois modos pré-configurados – Natural e Vívido – para aumentar ou diminuir a intensidade do contraste e saturação. Em contrapartida, a tela tem taxa de atualização de 60 Hz. Como este é o integrante mais avançado da linha M, a fabricante poderia ter optado por um painel 90 Hz, o que daria ainda mais fluidez na reprodução de conteúdos.
Para o Galaxy M51, a Samsung colocou a câmera frontal em um buraco na parte superior – por isso o nome “Infinity-O” -, ao contrário dos outros modelos da família M, que possuem o Infinity-U, em que o sensor fotográfico fica em um entalhe no formato de gota. Isso também é gosto pessoal, mas eu prefiro quando a câmera fica nessa forma de buraco, seja ao centro ou na lateral. Minha única queixa é que o buraco da câmera é grande quando comparado a de outros dispositivos Galaxy. Contudo, por não estar na categoria de celulares premium, não considero esse detalhe uma penalidade.
Hardware, software e bateria
A Samsung fez a lição de casa e ouviu as queixas dos consumidores quanto aos processadores das versões anteriores do Galaxy M. No caso do M51, temos um Snapdragon 730G octa-core fabricado em 8 nanômetros e clock de até 2,2 GHz, combinado com 6 GB de memória RAM. É mais do que suficiente para as tarefas básicas do dia a dia em um smartphone – abrir e-mails, tirar fotos e fazer vídeos, acessar redes sociais e serviços de streaming -, mas também não me deixou na mão quando precisei editar imagens na galeria ou jogar um Free Fire ou Asphalt 9. Eu notei que, para casos que demandam mais performance, teve um ou outro engasgo, mas nada que fizesse o aplicativo fechar abruptamente, nem travar o aparelho.
No sistema operacional, o Galaxy M51 traz a mesma consistência. O sistema operacional é o Android 10 adaptado à One UI Core 2.0, que é uma versão simplificada da One UI 2.0 tradicional. Mais um ponto para a Samsung, que lutou para encontrar uma interface própria sem prejudicar a experiência do “Android puro”. É verdade que alguns aplicativos, como os do Google e da própria Samsung, já vêm pré-instalados, mas quem tem um smartphone Galaxy com certeza não vai sentir dificuldades para se familiarizar com o layout minimalista.
O que fica em questão é a mesma dúvida de todo celular Android que não seja um Google Pixel: se receberá atualização para próximas versões do software e quando isso vai acontecer. A Samsung não especifica essa característica quando lança novos smartphones, mas a expectativa é que pelo menos o Android 11, disponibilizado em 2020, seja compatível com o Galaxy M51 futuramente, ainda sem uma data definida.
Outras ausências na interface do M51 e que eu tinha destacado no review do Galaxy M21s são a falta do menu Edge, aquele que aparece quando você arrasta a tela da direita para a esquerda, e também do agregador de notícias, ao arrastar da esquerda para a direita. São recursos muito práticos que aparecem a partir da linha Galaxy A e que eu gostaria de ver um dia nos aparelhos menos potentes da Samsung.
E já que o assunto é potência, encerremos esse tópico falando da bateria. Eu disse e repito que acho ótimo ver as fabricantes apostando em aparelhos com capacidades de bateria cada vez maiores porque, no final das contas, esse acaba sendo um dos fatores decisivos na compra de muita gente. No Galaxy M51, são 7.000 mAh – de longe a maior autonomia que você vai encontrar em um smartphone vendido hoje no Brasil.
Pelo tamanho, já dá para imaginar o que o dispositivo oferece. Mesmo me esforçando para gastar a bateria, eu levei quase oito dias para precisar da primeira recarga desde que o aparelho chegou aqui em casa. Isso assistindo duas horas de Netflix por dia e vídeos esporádicos no YouTube com o brilho no máximo, jogando cerca de 30 minutos diários de Asphalt 9 e acessando minhas redes sociais. Dos 100% da carga no primeiro dia de testes e adotando esse comportamento, ela chegou aos 17% no oitavo dia. Desde então, eu fiz somente uma nova recarga até chegar aos 100% novamente, e agora, sete dias depois usando o aparelho moderadamente, a bateria se encontra em 43%.
Com isso, eu posso fazer uma estimativa de que, se você tem uso moderado como eu, pode ficar até uma semana sem colocar o Galaxy M51 para carregar. Além disso, o telefone vem com um carregador de 25 Watts. Para completar uma carga completa, ele precisou de aproximadamente duas horas, que é um tempo bastante satisfatório se levar em consideração a capacidade de 7.000 mAh.
Câmeras
Se pelo lado da bateria eu sou do time que acha que quanto maior melhor, nas câmeras eu sigo o caminho inverso: menos é mais. E o Galaxy M51 peca por ter mais sensores que o necessário, mesmo para quem adora fotografar ou filmar usando o smartphone.
Na traseira, são quatro câmeras: a principal é um Sony IMX682 de 64 MP; a ultra-angular tem 12 MP e abertura de f/2.2; o sensor de profundidade traz 5 MP; e a lente macro também possui 5 MP. O aplicativo da câmera inclui ainda filtros embutidos, modos pré-configurados de acordo com o ambiente ou objeto, e a função Single Take que captura múltiplas fotos e vídeos e salva as melhores seleções em um álbum na galeria. Para gravação de vídeo, o telefone filma em 4K e 30 quadros por segundo, mas não tem estabilização óptica de imagem.
Das quatro câmeras, minha favorita é a principal de 64 MP. Durante o dia, o sensor capturou muito bem a luz e controlou a saturação, evitando que a imagem saísse estourada ou com sombras em excesso devido ao sol. Os smartphones intermediários da Samsung têm essa tendência de intensificar o contraste, e isso é bom até certo ponto. Também fiquei surpreso com o modo noturno que, apesar de apresentar um pouco de ruído e demorar no pós-processamento, entregou bons resultados.
A ultra-angular de 12 MP funciona como uma extensão da principal e amplia o campo de visão, nada além disso. Contudo, eu ainda preferi usar a câmera principal pelo fato de a ultra-angular fazer as fotos perderem resolução e deixar os cantos distorcidos.
O sensor de profundidade de 5 MP, usado para o efeito de desfoque no fundo do objeto principal, também não traz grandes novidades. É o que você esperaria de um sensor dessa categoria – e isso foi um elogio.
Por fim, a câmera macro de 5MP me pareceu estar ali apenas para fazer número. O sensor, que deveria focar facilmente próximo a objetos, não consegue justamente priorizar o foco. Se eu usei o macro mais que duas ou três vezes, então foram muitas. Esses dois exemplos abaixo integram essa lista.
A câmera frontal de 32 MP, um sensor IMX616 da Sony, é competente e, assim como a principal na traseira, sabe dosar os efeitos de exposição, brilho, contraste e saturação. O tom da pele pode ficar meio artificial em alguns casos, mas nada que comprometa o resultado final.
Vale a pena?
O Galaxy M51 é o último carro antes da linha de chegada para quem não quer gastar tanto dinheiro na família Galaxy A, mas também prefere investir uma grana em um modelo ligeiramente mais robusto que seus irmãos mais básicos. Ele é grande em vários sentidos: tela AMOLED de 6,7 polegadas com brilho excepcional, câmera quádrupla na parte traseira (poderia ser tripla? Com toda a certeza) e a bateria impressionante de 7.000 mAh que te fará ficar dias sem se preocupar com novas recargas.
Sim, admito que o preço na casa dos quase R$ 2 mil não é dos mais atrativos. A incerteza de novas atualizações no sistema operacional também deixa a desejar. Mesmo assim, é um celular intermediário excelente e que não vai te deixar na mão, principalmente no que diz respeito à bateria. Se mesmo assim você ainda acha que não vale a pena, uma alternativa é partir para opções como o Motorola G9 Power, que custa em média R$ 500 a menos. Contudo, como o M51 foi lançado há cerca de dois meses no Brasil, pode ser uma boa esperar mais algumas semanas para que o valor caia em algumas centenas de reais.