[Review] PlayStation 5: louvados sejam o SSD e DualSense

PlayStation 5 é enorme, poderoso e tem um controle excelente. Mas cobra muito por uma biblioteca que ainda precisa se desenvolver.
Imagens: Caio Carvalho (Gizmodo Brasil)

Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. E olhando para o lado da Sony, a marca começa esta nova geração de consoles com a difícil tarefa de manter a popularidade do PlayStation no topo, assim como foi (e ainda tem sido) com o PS4. A grande aposta é o PlayStation 5, que foi lançado no Brasil há algumas semanas e, assim como seu principal concorrente, o Xbox Series X, se coloca como uma alternativa até para quem joga em PCs poderosos.

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Se você leu ou viu as notícias sobre o PS5, eu digo logo de cara: sim, é tudo aquilo mesmo. Ou quase. Ele roda jogos em 4K com suporte a HDR, ray-tracing e até 120 fps (desde que os games tenham essa compatibilidade), é veloz, traz um novo controle diferente de tudo o que eu já usei, conta com uma interface reformulada e tem design divisor de águas. Ele não é grande – é enorme.

Desde que acompanho os anúncios do PlayStation 5, eu tinha a impressão que a Sony traria uma abordagem diferente da que eu vi no lançamento do PS4. Em vez de destacar tanto os jogos exclusivos – que, sejamos sinceros, mal existem -, as maiores novidades são o DualSense e, goste ou não, o formato grandalhão que mal cabe na estante. Essas são duas coisas bem legais, mas ainda podem não ser suficientes para você gastar  R$ 4.700 neste momento.

PlayStation 5
PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil
O que é
O novo console da Sony, que traz a promessa de manter o legado de sucesso do PS4
Preço
Sugerido: R$ 4.699. Não tem valor promocional
Gostei
O controle DualSense é surreal mesmo; rápido e quase sem telas de loading; muito silencioso; retrocompatível com jogos de PS4; os games estão belíssimos
Não gostei
Preço nas alturas; a interface pode ser bonita, mas ainda é bastante confusa; requer uma TV compatível com todas as tecnologias gráficas; cadê os jogos exclusivos, dona Sony?

Design: ame ou odeie

Chega a ser engraçado lembrar o tempão que a Sony levou para revelar o design do PS5. Na real, tudo envolvendo o console foi sendo divulgado lentamente. O choque maior foi mesmo quando surgiram as primeiras imagens oficiais comparando o tamanho do aparelho com o Xbox Series S|X e Nintendo Switch, algo que só aconteceu poucas semanas antes do videogame chegar às lojas.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Deitado, o PlayStation 5 mede 39 centímetros de largura, 10,4 cm de altura e 26 cm de profundidade. Não é só o maior console da nova geração, mas um dos maiores de todos os tempos. E cá entre nós, no campo da especulação: eu tenho para mim que a Sony fez isso de propósito. Você pode não gostar do design, e também ele pode não ser o mais compacto para deixar em um canto de casa. Contudo, o visual do PS5 ficará como um dos mais reconhecidos na história dos consoles.

Praticidade também não é o forte do PS5. Além de pesar 4,5 kg, não é só tirar da caixa e começar a jogar: ele vem com uma base que precisa ser parafusada para deixá-lo na vertical. Na horizontal, você só precisa encaixar a base em uma marcação na parte traseira, sem parafuso. É verdade que depois de instalá-lo em algum lugar, você o deixa ali e pronto, acabou o trabalho. Mas dificilmente ele vai caber dentro de uma mochila. Mesmo que fosse uma mala, eu recomendaria levá-lo dentro da caixa e tudo. O PS5 que estou testando é o modelo com leitor de mídia física, mas no tamanho a versão 100% digital não tem tanta diferença assim não.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

A parte central do console tem um estilo em black piano que pega marcas de dedo com muita facilidade. Já as laterais são duas placas brancas opacas com uma textura mais lisa. Do mesmo jeito que contei no meu review do Xbox Series X, o PS5 também é um grande acumulador de poeira. Por isso, olha eu aqui de novo com a dica de cobrir o console com um pano enquanto não estiver em uso. Além disso, essas placas brancas não me passam muita confiança a longo prazo, e eu não me espantaria se daqui um tempo elas ficarem amareladas, como as capinhas transparentes que usamos nos smartphones.

Se por um lado o design enorme do PS5 tem essas questões a serem avaliadas antes da compra, por outro esse formato tem sua utilidade. O console, quase que em toda sua extensão, é composto por um sistema de ventilação que deve evitar problemas de superaquecimento e ruído. Inclusive, é ótimo saber que ao ligá-lo não corro o risco de ficar com uma turbina de avião barulhenta enquanto jogo. Que o meu PS4 Fat de 2014 descanse em paz.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Quanto às conexões, na parte frontal há uma entrada USB-C, que é a mesma do DualSense, e outra USB Tipo-A. Na traseira, temos duas portas USB 3.1, entrada para cabo de rede LAN, HDMI 2.1 e o conector para cabo de energia. Um detalhe que eu vi no Xbox Series X e gostaria de ter visto aqui são impressões em braille para cada uma dessas conexões, o que deixaria o console mais acessível a jogadores com alguma limitação visual.

Hardware: dando conta do recado

Felizmente o PlayStaton 5 não é grande só na parte física. Internamente, a Sony traz as seguintes configurações:

  • CPU AMD Ryzen Zen 2 de 8 núcleos e até 3,5 GHz;
  • GPU AMD RDNA 2 com 36 CUs (vai, pode dar risada) a 2,23 GHz e 10,3 Teraflops;
  • Memória RAM de 16 GB GDDR6;
  • Largura de banda de até 448 Gbps;
  • Áudio 3D Audiotech “Tempest”;
  • SSD NVMe PCIe Gen 4 M.2 de 825 GB.

Essas são exatamente as mesmas especificações da versão digital do PS5, que não vem com leitor de disco. E aqui já temos uma das principais diferenças em relação aos novos Xbox: o Series S, que também não tem entrada para mídia física, é menos potente e mais barato o Series X. São abordagens distintas. Ainda estamos no começo da nova geração de consoles, então vamos ter que esperar para ver como isso vai se refletir no desempenho.

Como você já deve imaginar, esses 825 GB de espaço interno, na verdade, se transformam em 667,2 GB – o restante é obrigatoriamente ocupado pelo sistema operacional do videogame. Ok, isso já era esperado, mas é importante salientar que é uma quantidade significativa a menos de armazenamento. Para efeito de comparação, o Xbox Series X tem 1 TB de capacidade, dos quais podemos usar pouco mais de 800 GB. Ainda assim, eu consegui instalar uma média de 15 jogos, entre eles versões para PS5 e os demais sendo retrocompatíveis de PS4.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

A Sony já confirmou que, futuramente, será possível expandir e até trocar o SSD interno do PlayStation 5, desde que sejam utilizadas alternativas licenciadas pela marca. A questão é que ainda não há uma data para que isso aconteça; sabe-se apenas que, junto dessa possibilidade, a companhia lançará um update de firmware que vai “destravar” essa opção. Você também pode recorrer a HDs e mídias externas, porém a velocidade de transmissão não será a mesma alcançada com o SSD.

E notou que agora o PS5 vem de fábrica com um SSD, e não mais um disco rígido como era no PS4? Isso influencia (e muito) no uso. Os jogos abrem mais rápido, o sistema fica mais fluído durante a navegação e todo aquele barulho da geração anterior é praticamente inexistente. Mesmo tendo dias em que eu jogasse por várias horas seguidas, o aparelho ficou lá, quietinho. Para ser sincero, o único ruído que eu escutei era aquele do console ligando. Ele também não esquentou em nenhum momento, embora o ideal seja deixá-lo em um local com bastante circulação de ar.

Sempre bom lembrar que, por se tratar de um produto novo, com pouquíssimo tempo de uso, o mínimo esperado era que o console tivesse todas essas características. Acredito que isso deve se manter por um bom tempo até apresentar os primeiros sinais de fadiga – um tempo bem maior do que meu antigo PS4, que com pouco mais de um ano de uso parecia prestes a levantar voo da minha estante. Em dezembro de 2021 eu conto como o PS5 tem se saído.

O SSD também é parte fundamental na velocidade com que os jogos são executados. Quem leu meu review do Xbox Series X vai dizer que sou repetitivo, mas quero pegar como exemplo Destiny 2. No PS4 Fat, eu levava entre três e quatro minutos para abrir o game, selecionar meu personagem e começar a jogar. No PS5, do tempo que eu abro o aplicativo e inicio o loading, a espera caiu para míseros 19 segundos.

Spider-Man: Miles Morales foi outro que me surpreendeu. Foram 18 segundos para abrir o título e iniciar o jogo, contra um minuto e meio no PS4. Nas vezes que fiz uma viagem rápida pelo mapa, eu não me deparei com nenhuma tela de carregamento, pois era tudo instantâneo. Em Days Gone, o tempo caiu para menos da metade: de 2 minutos e 57 segundos no PS4 para 1 minuto e 15 segundos no PS5.

Obviamente, o tempo de loading varia de jogo para jogo. Mas, no geral, você pode ter a certeza de jogos rodando muito mais rápido e sem tantas telas de espera (ou quase nenhuma).

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Com exceção de quando você abre o jogo, Miles Morales elimina qualquer tela de loading durante o gameplay

O que eu senti muita falta – e isso depois de testar o Xbox Series X – foi uma alternativa equivalente ao Quick Resume do console da Microsoft, que salva o jogo e volta de onde parou assim que abro o game novamente. Junto com o DualSense, que vamos falar a seguir, particularmente considero a função como algo que você só vai encontrar na nova geração de consoles. E só testando para saber como é maravilhoso talvez nunca mais ter que se preocupar em chegar a checkpoints ou lembrar de salvar um jogo manualmente.

Também poderia haver algo parecido com o Smart Delivery do Xbox, que entrega atualizações de jogos automaticamente, sem você precisar ir lá no aplicativo do jogo por conta própria. Se houver um novo update disponível enquanto o console está ligado, o download não se inicia sozinho – você precisa desligar o videogame e só ao ligá-lo de novo é que os arquivos começam a ser baixados.

DualSense: é tudo o que disseram

Além do design, o PlayStation 5 traz um novo visual para o controle DualShock, que agora foi rebatizado como DualSense. Ele é ligeiramente maior e mais pesado que o DualShock 4, mas nem por isso seu uso incomodou ou cansou minhas mãos. Ao contrário: pela primeira vez, acredito que o controle da Microsoft, que para mim sempre foi mais confortável do que os joysticks de PlayStation, tem um concorrente à altura. Ah, ele tem uma bateria interna, e não usa pilhas, como é o caso dos controles de Xbox.

DualSense PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

O que torna o DualSense especial é o tal do feedback háptico que, em sintonia com os gatilhos adaptáveis, é diferente de tudo o que você já viu em controles de videogame. O acessório tem vários níveis de vibração e resistência dependendo do que você estiver fazendo no jogo. Em um game de tiro, por exemplo, não é mais uma vibração única ao apontar e atirar, ou ao pular um obstáculo. Você realmente sente um gatilho distinto para cada movimento.

Em God of War, quando eu lançava para longe o machado de Kratos e o mandava de volta para mim, eu pude sentir uma pressão como se eu realmente tivesse pegando a arma (apesar de nunca ter segurado um machado na vida, confesso). Foi uma vibração muito diferente da que eu senti quando joguei o mesmo título no PS4. Destiny 2 me passou a mesma sensação: usar uma arma que dispara balas e atirar com um arco e flecha trazem vibrações completamente distintas. Até dei uma pesquisada para ver se as desenvolvedoras adaptaram esses jogos para o DualSense, mas não encontrei nada. Então o controle por si só já faz um ótimo trabalho.

DualSense PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Admito que esperava mais do feedback háptico, que simula sensações táteis do nosso mundo real. Mas o pouco que experimentei ainda me surpreendeu. Um exemplo foi em Astro’s Playroom, jogo que já vem instalado no PS5, feito especialmente para demonstrar tudo que o DualSense é capaz. E eu recomendo que, caso você compre um PS5, jogue o game para perceber tudo isso que estou falando.

Nessa parte tátil, não vi nada tão surpreendente, mas deu para sentir quando o personagem mudava de um terreno para o outro. Não era exatamente a mesma sensação que se tem ao pisar na areia, andar na lama ou correr por uma pista de gelo. Mas houve sim uma diferença entre cada um desses cenários. Agora nos gatilhos adaptáveis, de fato os botões possuem uma resistência que proporcionam uma experiência impressionante. Ao puxar uma manivela, eu senti um esforço bastante parecido caso eu fosse fazer isso no mundo real.

Uma observação: você pode desabilitar essas configurações de sensação do DualSense no menu do console.

Astro's Playroom PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Astro’s Playroom é um ótimo exemplo para conhecer as sensações do DualSense

Talvez seja complicado imaginar como tudo isso funciona. Só jogando mesmo para sentir. Mas o que posso fazer você sentir é preocupação quanto à limpeza. Olhe nas imagens abaixo como ele ficou apenas dois dias após eu começar os testes com o PS5. E isso mesmo eu lavando bem as mãos e passando álcool em gel antes de segurá-lo. Em todo o caso, eu achei esse tom de branco e preto do DualSense bem bonito.

O DualSense também tem um novo botão chamado “Criar”, que na verdade não é tão novo. Trata-se de uma substituição ao botão “Share” do DualShock 4, mas que basicamente ainda serve para você capturar imagens e salvar vídeos das suas jogatinas. Ele captura até 1h de conteúdo em 4K. O touchpad na parte central, o botão com o logo PlayStation e a entrada P2 para fone de ouvido foram mantidos nos mesmos lugares. Já os direcionais à esquerda e os botões de ação à direita agora estão transparentes.

DualSense PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

A duração de bateria do controle é idêntica ao DualShock 4. Ela tem autonomia média entre quatro a sete horas, o que deve ser suficiente para quem joga por longos períodos. O carregamento é feito por uma entrada USB-C na parte superior do acessório, mas a Sony não inclui cabo, nem adaptador na caixa do PS5. São itens que você precisa ter à parte.

Interface: visual novo, problemas antigos

Se no Xbox Series S|X a interface é praticamente a mesma do Xbox One; no PlayStation 5 as coisas são bem diferentes. A Sony optou por uma reformulação geral em todo o sistema do console, com bastante coisa para aprender a usar. Felizmente, a marca traz um tutorial super intuitivo na primeira vez que você liga o aparelho. E não é só tudo que sai bem explicadinho: a forma visual como o tutorial se apresenta é bonita demais.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Definidas suas preferências, vamos para a tela inicial, que agora se divide em duas abas principais: Jogos e Mídia. Este segundo é meio autoexplicativo, e traz aplicativos de música, streaming e vídeo, como YouTube, Spotify, Netflix, Disney+, Prime Video, entre outros.

Em Jogos estão todos os títulos salvos no seu console. Começando da esquerda para a direita, eles são exibidos no topo da tela, na ordem dos que foram abertos recentemente. A biblioteca completa, e isso inclui os games que você tem adicionado na PS Plus, estão no último bloco dessa fileira.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

O interessante vem agora: cada jogo tem uma página própria que traz os últimos updates disponíveis, se há expansões para você comprar e baixar, transmissões recentes de outros jogadores via YouTube e Twitch, e até guias de como passar em partes específicas naquele jogo. Talvez você ignore tudo isso na maioria das vezes, mas é um recurso super bem-vindo e que está lá.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

O botão do logo de PlayStation no DualSense também ganhou uma nova função na interface. Ao apertar o botão home, um mini-menu aparece na parte inferior da tela com algumas opções de acesso rápido. Lembra um pouco o menu principal do PS4, aquele que fica na parte superior da tela. É também nesse menu suspenso que você visualiza sua lista de amigos, notificações, convites de party, mensagens e outras funções.

Veja bem. Eu gostei da interface do PS5. Visualmente falando, ela dá um banho na interface do PS4. Só que, o que ela ganha em beleza, perde na praticidade. Quase um mês depois e eu ainda gasto alguns momentos tentando achar a janela certa para ingressar em uma party ou mandar uma mensagem, pois tenho a sensação de que tudo fica o mais escondido possível. Até para fechar um jogo você precisa de um tempo maior. Nessas horas me faltou um GPS, praticamente.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Por falar em escondido, alguns recursos novos do PS5 ficam intactos nas configurações do console, a não ser que você os habilite manualmente. É possível determinar como você quer iniciar um jogo e definir sua resolução máxima, se as legendas podem ser ativadas por padrão, áudio transcrito, entre outras opções. São adições mínimas, mas evitam que você percorra esse caminho várias vezes em cada game. Isso tudo, claro, desde que as desenvolvedoras incluam suporte para essas configurações.

Jogos: 4K, HDR e ray-tracing

O PlayStation 4 teve pelo menos uma dúzia de novos games assim que foi lançado. É verdade que tinha um port ou outro da geração do PS3, mas a grande maioria eram jogos que você só poderia experimentar se tivesse um PS4.

No PlayStation 5, a estratégia da Sony é um pouco diferente. Em vez de investir tanto nos inéditos, ela enfim trouxe a tão esperada retrocompatibilidade. Agora, salvas raríssimas exceções, qualquer jogo da geração passada é compatível com o novo console. E isso vale até para as mídias físicas, o que significa que você pode usar seus discos de PS4 no videogame atual.

Esse era um movimento esperado, diga-se de passagem. Há um bom tempo, a Microsoft tem dado uma aula de que é possível lançar uma geração de consoles sem deixar tudo para trás. Inclusive, a Microsoft ainda vence nesse quesito pois ela permite retrocompatibilidade com títulos de outras gerações, como o Xbox 360.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

No caso da Microsoft, ainda há o Game Pas, uma espécie de “Netflix dos games”. A resposta da Sony veio na forma da PS Plus Collection. Não é exatamente um concorrente ao Game Pass, mas sim um benefício aos compradores de PS5 que possuem uma assinatura na PS Plus. O serviço traz um catálogo gratuito com 18 games que marcaram o PS4, incluindo Bloodborne, God of War, The Last of Us: Remastered, Uncharted 4: A Thief’s End, Detroit: Become Human, entre outros. Você ainda pode transferir seus saves do PS4, assim você não perde o progresso de jogos que você terminou ou ainda estava jogando no console anterior.

Ok, talvez o line-up de títulos do PlayStation 5 não agrade tanto. E é fato que, nesses games mais antigos, dificilmente houve um upgrade gráfico surpreendente. Mas para quem está atrás de resoluções altíssimas, quadros por segundo e toda aquela pompa de PC master race, pode respirar aliviado: o PS5 entrega tudo isso com maestria nos games que possuem uma versão ou upgrade para o novo console da Sony.

Em uma TV ou monitor compatível – e já vou chegar nesse ponto -, os games podem rodar tranquilamente em 4K HDR, até 120 fps e com suporte a taxas de atualização variáveis. Quanto maiores forem essas características, melhores são as texturas, cores e contrastes dos jogos, além de passarem uma sensação maior de fluidez.

Pouco antes de finalizar este review, Destiny 2 ganhou um upgrade que adicionou tudo isso e mais algumas novidades. Comparando com o que era antes, é um jogo completamente novo, que se equipara tranquilamente com a versão do game para PC. Clique nas imagens para ampliá-las.

  

  

  

O PS5 também é compatível com ray-tracing, uma tecnologia que aprimora os reflexos e a incidência da luz nos ambientes. É algo que você só percebe prestando atenção em detalhes específicos, como o reflexo de um personagem no espelho ou em uma janela, a luz do sol que incide sobre uma poça d’água na rua, e por aí vai. Pode soar um tanto superficial colocar isso em palavras, mas o efeito simula com fidelidade esses cenários do mundo real.

Spider-Man: Miles Morales e Watch Dogs: Legion são os primeiros títulos que se beneficiam do ray-tracing nos consoles. A questão é que, para usufruir dessa opção, você precisa diminuir o fps em praticamente todos os títulos compatíveis com a novidade. Não chega a ser uma diferença gritante, mas tenha em mente que, neste primeiro momento, não será possível aproveitar as duas vantagens ao mesmo tempo.

 

 

  

Para a minha sorte, e também nos 45 do segundo tempo antes da publicação desta análise, Miles Morales ganhou uma atualização que permite aproveitar as vantagens do ray-tracing sem abrir mão do fps. A Insomniac Games, desenvolvedora do jogo, diz que algumas texturas nas ruas e nos pedestres podem ficar com uma resolução ligeiramente mais baixa. Eu não notei nada tão perceptível, e poder jogar a 60 fps sem desativar o ray-tracing é algo que eu espero poder experimentar mais vezes em outros títulos.

Nas configurações do jogo, agora há um modo chamado “RT de desempenho”, que habilita 60 fps e ray-tracing simultaneamente

Agora vem outro ponto importante, que inclusive destaquei na análise do Xbox Series X: toda essa coisa de resolução alta, baixa latência e afins só vale se você tiver um display que tenha suporte para tais tecnologias (4K HDR, HDMI 2.1 e taxa de atualização de no mínimo 120 Hz). Para o PS5, eu fiz testes em uma TV OLED e outra TV LED, ambas da LG. Só a diferença na tecnologia do painel deu uma baita diferença no gameplay, principalmente no que diz respeito à taxa de 120 Hz. Por isso, é fundamental você se perguntar: eu vou ter equipamento para aproveitar tudo isso? Se a resposta for não, talvez você tenha que tirar o escorpião do bolso e gastar mais alguns milhares de reais.

Conclusão: vale a pena, mas depende

Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não vale a pena ter um PlayStation 5. É uma máquina poderosa, extremamente rápida, muito (muito mesmo) silenciosa e com design bem “ame ou odeie”. A interface poderia ser mais simples de navegar? Com certeza. Mas isso fica em segundo plano quando colocamos na balança tudo o que ele pode oferecer agora e nos próximos anos, quando houver jogos que utilizem todo esse potencial. No momento, a única coisa verdadeiramente nova no sucessor do PS5 é o DualSense: eu queria poder explicar neste texto o quão fantástico é o controle, mas infelizmente só sentindo para saber.

PS5. Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Em contrapartida, eu não sou a pessoa que vai te incentivar a gastar R$ 4.699 em um videogame. Primeiro porque é um preço surreal, até para os padrões brasileiros (e olha que a situação nunca esteve fácil, né?). Segundo porque não faz muito sentido torrar essa quantia caso você não tenha uma TV com todos os pormenores que fazem jus à melhor qualidade de imagem, carregamentos instantâneos, ray-tracing e os demais etc citados aqui no review.

Se mesmo assim você está disposto a meter o louco, pode ir sem medo. O PlayStation 5 tem um futuro promissor para esta nova geração de consoles, e eu mal posso esperar para ver o que vem por aí.

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