[Review] Sony Xperia XZ Premium: performance em um corpinho ultrapassado

Pense nos últimos smartphones topo de linha da Sony: Xperia XZ1, Xperia XZ, Xperia Z5… O mais antigo desta pequena lista foi lançado em 2015. Tente destacar diferenças no visual entre esses celulares. A conclusão? É tudo muito igual. A Sony não fez diferente com o XZ Premium, que reúne o melhor hardware que se […]

Pense nos últimos smartphones topo de linha da Sony: Xperia XZ1, Xperia XZ, Xperia Z5… O mais antigo desta pequena lista foi lançado em 2015. Tente destacar diferenças no visual entre esses celulares. A conclusão? É tudo muito igual. A Sony não fez diferente com o XZ Premium, que reúne o melhor hardware que se pode ter em um smartphone da marca. Em defesa da Sony, é um celular é bonito, sim: algumas das fotos que tirei dele me encheram os olhos. O problema é que parecia que eu estava olhando para o mesmo telefone de sempre.

Mas esse é só um dos aspectos do aparelho. Ele foi anunciado com o preço exorbitante de R$ 3.999, o que já não é mais novidade para o mercado. Porém, em uma pesquisa rápida no varejo é possível encontrá-lo por R$ 3.499. O preço surreal é justificado – se é que algo pode justificar um preço desses, vamos falar a real – pelo hardware de ponta:

Tela: IPS LCD com resolução 4K (3840×2160 pixels) de 5,46 polegadas e suporte ao HDR10
Processador: octa-core Snapdragon 835 de 2,45 GHz
GPU: Adreno 540
RAM: 4 GB
Armazenamento: 64 GB (expansível com cartão microSD de até 256 GB)
Câmera traseira: 19MP, f/2.0, grande angular de 25mm, flash LED e autofoco a laser
Câmera frontal: 13 MP, f/2.0
Bateria: 3.230 mAh (não removível)
Sistema operacional: Android 7.1.1 Nougat
Dimensões: 156 x 77 x 7.9 mm (altura x largura x profundidade)
Peso: 195 g

Pegando o gancho do último item da lista de especificações, dá para saber que o Xperia XZ Premium é bem pesado; quase 200 gramas em um celular. O problema do modelo não é só ele parecer defasado visualmente, mas ter uma pegada desconfortável. As bordas são grandes na parte superior e inferior e até nas laterais. A própria Sony já fez modelos com bordas praticamente inexistentes nas laterais, o que já seria um avanço – afinal, tudo bem em não seguir a tendência de telas de ponta a ponta (elas são legais, mas ainda há espaço para o tradicional). A parte boa é que você ainda tem um telefone bem elegante: ele é todo de vidro e gostei bastante da cor – eles chamam de preto, mas parece um azul petróleo. A outra opção, cromado, também é bonitona.

Um elemento da Sony que eu gosto bastante é a posição do botão power, na lateral, que tem incorporado o leitor de impressões digitais. Você liga o celular e já está com o dedo pronto para desbloqueá-lo. Falando no leitor, ele funciona bem, mas às vezes é preciso tentar mais de uma vez; tenho a sensação de que a superfície de contato não é grande o suficiente para interpretar a digital em alguns momentos. O posicionamento dos alto-falantes, nas partes superior e inferior, também é ponto positivo do time de engenharia e design da empresa.

O Android (quase) puro


A Sony tem a camada de personalização do Android menos criticada entre as grandes fabricantes – e essa fama foi conquistada há anos. Nas versões mais recentes do sistema, as alterações ficaram ainda mais discretas e boa parte da interface é igual ou muito parecida com a do Android puro. A barra de notificações, por exemplo, não sofreu alterações. A tela inicial segue o padrão que estamos acostumados, com uma gaveta para todos os aplicativos – dentro da gaveta tem uma ferramenta de busca de apps muito útil.

O celular vem com alguns aplicativos pré-instalados: de cara eu desabilitei o AVG Protection, Amazon Shopping e Prime Video (que bom que dá para desativá-los!). O restante são apps úteis, como o Álbum, que serve como galeria, Vídeo para reproduzir mídia, entre outros que surgem como alternativa aos apps tradicionais do Google. Para um celular que tem um dos processadores mais potentes do mercado e 4 GB de RAM, uma dúzia de apps não prejudicará a performance – que inclusive, é impecável.

Usar o XZ Premium é ter praticamente a melhor performance que se pode ter, uma experiência bem parecida com a que temos no Galaxy S8, por exemplo. É claro, existem smartphones com 6 GB de RAM, mas os números do modelo da Sony são suficientes para as exigências atuais e devem supri-las a longo prazo, também. E, assim como a concorrência, a bateria se sai bem – mas não surpreende. Ele quase nunca me deixou na mão: todos os dias cheguei em casa restando pelo menos 15% de carga (tirando da tomada às 10h e colocando de volta às 23h). A exceção foram os dias que precisei usar mais a câmera, para cobrir eventos, ou quando quis testar as funcionalidades de gravação 4K. Aí foi preciso contar com a ajuda do amiguinho powerpack.

Uma das principais características desse telefone é a tela 4K, com suporte ao padrão HDR10. Ela tem cores belíssimas, um ótimo contraste e variação de brilho ótima. Mas você não vê 4K o tempo inteiro. Isso porque a tela inicial do Android e a maioria dos aplicativos não trazem suporte para essa resolução – você enxerga em 1080p, na maior parte do tempo. Ao baixar um conteúdo em 4K, navegar pelas fotos dentro do Álbum ou reproduzir vídeos nesta resolução dentro do player, a resolução é ativada e a experiência é ótima.

Câmera

 

A Sony tem boa fama em câmeras e é ela quem faz os sensores de muitos aparelhos topo de linha do mercado, incluindo a Apple e Samsung. O seu pós-processamento, no entanto, nem sempre se sai tão bem quanto o da concorrência. No XZ Premium, a experiência com a câmera foi positiva, mas ela ainda está atrás da qualidade dos seus principais concorrentes.

A Sony poderia dar uma atenção especial para dois elementos: a abertura do sensor, que neste caso é f/2.0 (o S8 tem f/1.7, por exemplo) e para o software da câmera, que apesar de ter um modo manual não oferece controles intuitivos e rápidos para controlar as cenas. Um pós-processamento mais caprichado e alguns modos especiais cairiam bem também. A única brincadeira que a fabricante colocou foram os efeitos de realidade aumentada, que colocam máscaras nas pessoas, no estilo Snapchat, ou adicionam animações para o ambiente que está apontando – raramente algo que você vá usar no dia a dia, a não ser para zoar algum amigo.

A câmera do XZ Premium mandou bem em praticamente todas as condições: ambientes bem iluminados, ambientes com iluminação artificial e cenas à noite. O alcance dinâmico é ótimo. Uma das tecnologias que a Sony destaca no sensor é a “captura preditiva” que tira uma série de fotos antes de você realmente apertar o botão e entrega uma foto sem elementos borrados, por exemplo. Testei o recurso andando de carro e metrô pela cidade e funciona – não são todas as vezes que você vai conseguir uma boa foto em movimento, mas ajuda bastante. Apesar dessas qualidades, fotos que tirei com outros modelos na mesma faixa de preço são ligeiramente melhores. Falta pouco para a Sony chegar lá.

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O aparelho também é capaz de filmar em super slow motion, em 960 quadros por segundo na resolução 720p. Só que o super slow motion grava 0,184 segundo e é ativado manualmente – é necessário ser muito preciso na hora de apertar o botão para realmente capturar o momento que você quer. É como usar o Boomerang, do Instagram; se você quer pegar uma ação espontânea, precisa ser muito certeiro. A própria Sony tem em algumas de suas câmeras um recurso que grava continuamente em slow motion e depois permite escolher o trecho ideal, mas o celular aparentemente ainda não tem a potência o suficiente para isso.

Conclusão

O XZ Premium tem um dos melhores hardwares disponíveis no mercado, mas seu software não tem truque para destacá-lo: um dos poucos diferenciais é a captura preditiva da câmera, o que me parece pouco para convencer um consumidor. O outro é o super slow motion, que não funciona da forma ideal. O destaque é a tela, uma das melhores do mercado. O desempenho também faz bonito.

Em compensação, o design prejudica o conjunto. Novamente, ele não é feio, mas para um topo de linha que custa R$ 3.999, eu esperava um modelo mais leve e com uma pegada confortável. Sua câmera não é imbatível e a concorrência consegue chegar no mesmo nível de performance, por isso é difícil recomendar o modelo como primeira opção. Falta um grande diferencial para fazer um investimento tão grande. A não ser que você goste desse visual e queira escolher a opção mais equilibrada e sóbria do mercado Android – o Xperia XZ não dá muito espaço para risco, e talvez essa seja sua grande qualidade. Hoje, já é possível encontrá-lo na faixa dos R$ 3 mil – e só passaram três meses de seu lançamento oficial no país. Quem sabe nos próximos meses?

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