A Nintendo construiu um legado nos anos 1980 e 1990, e passou o resto de sua história protegendo este patrimônio. Resumidamente, o que mantém a companhia relevante mesmo depois de tantos consoles ruins não é o valor da propriedade intelectual (que é vasta) – é a nostalgia.
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Até o maior Nintendista de carteirinha sabe que o adorável elenco de personagens da empresa não muda muito. Cada console representa a chance de reciclar (ou repetir, dependendo a quem você pergunta e qual o jogo em questão) as mesmas franquias, as mesmas mecânicas, tudo com o propósito de preservar o sentimento de continuidade e ligação da primeira vez que o jogador entrou em contato com estes personagens.
Para muita gente, o NES, ou Nintendinho, providenciou a primeira corrida frenética por um jogo do Mario ou a confusa exploração de Metroid. Mas no meu caso isso aconteceu com o Super Nintendo (SNES).
Com o SNES Classic, a Nintendo continua a alimentar nossa nostalgia, nos dando um novo mini console retrô com 21 grandes títulos. Isso, é claro, inclui por nossas ansiosas mãos no cancelado Star Fox 2 (versões completas e não oficiais do título circulam em sites de ROM há anos). Por que dois jogos do Kirby? Por que Final Fantasy III em vez de Chrono Trigger? Estas são pequenas decisões para se queixar, mas a seleção serve como uma pequena curadoria do que fez o console ser tão incrível.
Fisicamente, ele é quase uma réplica perfeita do original, apenas menor. O console é, inclusive, um pouco menor do que os controles. Ele tem um sexto do tamanho de um PS4 normal, e as entradas dos controles são cobertas por um plástico barato — ainda não decidi se acho isso fofo ou brega.
O que podemos dizer com certeza é que, pelo menos nos EUA, ele é uma pechincha. U$ 80 podem parecer muito para algo tão pequeno, mas a lista de jogos que o acompanha custariam pelo menos o dobro caso você comprasse cada título individualmente no Virtual Console da Nintendo. E nem vamos adentrar na aventura de ir atrás das fitas originais destes jogos. Uma fita de Earthbound, por exemplo, pode facilmente ser encontrada por mais de U$ 150. Quantidades limitadas do NES Classic inflacionaram o mercado de jogos de segunda mão, e a Nintendo pediu aos consumidores que não paguem muito por um SNES Classic, mesmo que seja difícil encontrá-lo imediatamente. E eu concordo – ele não vale centenas de dólares. E mesmo assim algumas pessoas vão pagar até mais por ele.
Mas, poxa, jogar Yoshi’s Island com um controle réplica do SNES é… muito bom? Mesmo com a ergonomia dos controles de hoje sendo muito melhor. O que falta mesmo na experiência deste console retrô é a necessidade de assoprar fitas e pressioná-las com força no console para o jogo funcionar.
Assim como o NES Classic, apertar o botão “reset” faz o jogador voltar ao menu principal onde é possível salvar o progresso em qualquer ponto do jogo – o que é extremamente contra intuitivo para quem jogou teve um SNES no passado. Lembra quando o seu irmãozinho apetava o botão “reset” e fazia você perder horas de jogo?
Uma função nova do mini-console é a possibilidade de selelcionar saves antigos. Nos cinco dias que gastei com o SNES Classic, quase não a usei. Precisar voltar ao menu principal, procurar qual save eu quero, abrir outra tela… é muito trabalho para uma função que não faço questão. Se essa função fosse acessível diretamente do jogo, aí seria outra história. Agora, ter de levantar e apertar o botão reset toda vez que preciso usá-la é mais frustrante do que morrer repetidamente em Castlevania IV.
No entanto, para inserir a função de saves antigos ao jogo seria necessário adicionar mais um botão ao controle, o que tiraria um pouco de sua autenticidade. Mas o SNES também não tinha saída HDMI. O SNES não permitia que você voltasse a saves antigos. Dificuldade, e em alguns casos injustiça, era o que dava o valor de replay aos jogos 25 anos atrás.
Por fim, o SNES Classic é muito divertido, e se estes jogos significam algo para você – ou caso você seja um fervoroso colecionador de produtos da Nintendo – o SNES vale o preço. Caso contrário, é melhor gastar seu dinheiro escolhendo a dedo os títulos do Virtual Console.
Brasil
A distribuidora Juegos de Vídeo Latinoamerica (JVLAT) planeja vender o SNES Classic no país a partir de 20 de outubro, um mês depois do lançamento internacional, em 29 de setembro. Além do atraso, o preço do Brasil também é bem diferente do americano: R$ 999.
A empresa ainda não informou quais varejistas terão o aparelho disponível e qual modelo será comercializado no Brasil (o modelo europeu e japonês tem diferenças de design e jogos da biblioteca).
A Nintendo não lança produtos oficialmente no Brasil desde 2015, quando deixou o mercado brasileiro alegando problemas com o modelo de distribuição no país.
Então, enquanto o valor americano (U$ 80) é justo, o brasileiro talvez não seja tanto. Nem mesmo aos colecionadores.
LEIA-ME
- Dois controles e cabos maiores tornam quase possível jogar o SNES Classic da cama, diferente de seu predecessor, o NES Classic.
- Ele vem com uma ótima biblioteca de jogos que não pode ser expandida.
- Você nunca vai se acostumar em apertar “reset” para salvar o jogo.
- U$ 80 é um preço justo para jogar estes jogos da melhor maneira..
- Compre dois para já fazer a substituição depois que você quebrar um deles no meio de tanto se frustar em Super Ghouls ‘n Ghosts.
- Star Fox 2 é apenas ok.