Rise of the Tomb Raider prioriza a exploração e entrega a melhor experiência de aventura
por Bruno Izidro
Já havia se passado quase uma hora de jogo e duas coisas me impressionavam em Rise of the Tomb Raider, jogo que chega nesta terça-feira (10) ao Xbox 360 e Xbox One. Primeiro era o visual, porque [insira seu palavrão preferido aqui] como esse jogo é bonito, ao ponto de eu ficar parado alguns bons segundos só admirando os cenários. Pelo menos no Xbox One, os gráficos fazem jus a atual geração e o nível de realismo é percebido até nas pequenas ações de Lara Croft, como ela tremendo de frio e com a roupa ficando suja de neve, ou mesmo na simples animação dela enxugando os cabelos toda vez que sai da água.
Outra coisa que me chamava a atenção era que, até ali, eu não havia atirado em ninguém e a experiência era puramente de aventura. Havia aquelas sequências de ação cinematográfica que servem para impactar, é verdade, mas que logo caia em trechos consideráveis de exploração de tumbas, com puzzles para serem resolvidos. Esses eram os aspectos que o jogo anterior, o reboot da série, tinha falhado em mostrar, só para dar mais espaço, até de forma exagerada, a ação de combates à lá Uncharted.
Mesmo o Tomb Raider de 2013 sendo um ótimo jogo, a reimaginação da série feita pelo estúdio Crystal Dynamics parecia seguir um caminho que não me deixava tão empolgado. Será que Tomb Raider se limitaria a só seguir a fórmula de ação de Uncharted? As aventuras da jovem e reformulada Lara Croft conseguiriam criar aspectos próprios e marcantes que as distinguisse de que vemos nos jogos de Nathan Drake? Essas eram dúvidas que foram sanadas conforme eu jogava mais Rise of the Tomb Raider.
Ao melhorar e dar mais destaque aos elementos de exploração, a nova jornada de Lara Croft entrega uma experiência que tem tudo a ver com explorar tumbas e, sem receio de parecer mais um hiperbólico da internet, faz de Rise of the Tomb Raider o melhor jogo de aventura atualmente nos vídeo games.
Rise of the Tomb Raider acontece um ano após os acontecimentos do primeiro jogo, e Lara está em busca de um artefato misterioso que era uma obsessão do pai dela. Depois de tudo o que vivenciou na ilha de Yamatai, a personagem abraça de vez o seu lado de exploradora de tumbas e viaja até locais como a Síria e a Sibéria.
Mas que tal deixarmos a própria protagonista dar mais detalhes de sua motivação para a trama? Ao mesmo tempo, aproveitamos para darmos uma escutada na dublagem em português, uma das novidades do game.
Para se opor a Lara nessa busca está uma organização secreta chamada Trindade. Na teoria, um grupo paramilitar com um quê religioso e que é comandada por um cara com cicatriz no rosto, o que automaticamente já o coloca na categoria de vilão. Na prática, eles são somente substitutos dos inimigos do primeiro jogo.
Mas eu já estou me adiantando para a parte do combate aqui. Antes, vamos mostrar outros aspectos da jogabilidade que você encontrará em Rise of the Tomb Raider. A grosso modo, a estrutura do jogo não se difere tanto do anterior, mas ainda assim esses elementos são uma evolução natural e que se encaixam melhor para levar a sensação de aventura que ele proporciona.
Desafios de plataforma
Talvez o elemento que menos sofreu mudanças no jogo são os trechos de obstáculos de plataforma, mas pelo menos são os momentos que mais podemos admirar a beleza dos cenários. Lara já começa com o seu par de machados de escaladas, que pode ser usado agora em certas paredes de gelo, e aos poucos vai ganhando antigos e novos upgrades para seus equipamentos, como a flecha de corda.
O vídeo abaixo mostra um típico desafio que Lara terá que enfrentar não só para alcançar lugares escondidos e opcionais, mas para chegar a objetivos principais na história.
Combate
Sim, Rise of The Tomb Raider ainda possui o elemento de combate, mas com porções bem mais curtas e colocados de forma pontual em todo jogo. Enfrentar ondas e mais ondas de inimigos? Isso é algo que raramente se vê por aqui. Fora que o jogo incentiva muito mais ataques furtivos, com arbustos e árvores escaláveis pelo cenário. Tudo para não quebrar a sensação de uma aventura, mas que ainda possui alguns aspectos de ação.
Agora, quando Lara não tem escolha e precisa enfrentar os inimigos de frente, ela tem à disposição o mesmo arsenal de armas do jogo anterior: o sempre útil arco , uma pistola, um fuzil e uma escopeta, que são desbloqueados conforme se avança na história.
A grande novidade aqui são objetos estrategicamente espalhados pelo cenário que podem ser usados no combate contra inimigos, de garrafas que viram coquetéis molotov a até latas vazias que viram pequenas bombas de estilhaços. Isso faz bom uso das habilidades de criação que a senhorita Croft possui (e que podem ser melhorados).
Abaixo está um vídeo que exemplifica bem esses elementos de combate em Rise of the Tomb Raider e mostra que Lara ainda vai matar muitas pessoas em sua jornada.
Exploração (e tumbas!)
“Eu odeio tumbas”. A frase dita por Lara Croft no reboot de Tomb Raider, mesmo sendo uma brincadeira com o título, marca bem o que foi a experiência do jogo de 2013. A exploração de tumbas foi reduzida a uma atividade opcional e meio escondida. Agora parece que o jogo virou e Lara tem uma opinião bem diferente sobre elas.
Explorar os cenários atrás de tumbas escondidas e cumprir missões paralelas foram as atividades que mais me prenderam e mais me fizeram apreciar Rise of the Tomb Raider. Isso é feito somente expandindo e melhorando os mesmos elementos do jogo anterior.
Lembra das áreas com mapas mais abertos com quase nada para se fazer, fora caçar uns cervos aqui e ali? Agora eles têm um propósito mais significativo ao ser povoado com missões paralelas, normalmente dadas por nativos locais, como caça caças a lobos e ursos, além de outras atividades paralelas menores.
Algo que também demonstra o quanto os desenvolvedores queriam que o aspecto de exploração se tornasse importante agora é a mecânica de proficiência linguística de Lara, onde a arqueóloga precisa decifrar escritas gregas, mongóis ou russas para descobrir segredos pelo cenário. E como se consegue isso? Explorando e encontrando diários, pinturas nas paredes e placas pelas áreas.
O jogo oferece também dois tipos de tumbas para explorar. Uma delas são as criptas, que revelam um pouco mais de contexto para o jogo e sempre dão habilidades únicas para Lara ao completá-las. Já as outras sãos as tumbas tradicionais que quem jogou o game anterior já está acostumado. Elas agora não se ressumem a somente uma pequena área com puzzles, e sim estruturas um pouco mais complexas e com diferentes tipos de desafios.
Rise of the Tomb Raider pega a fórmula que fez sucesso no primeiro jogo e o expande. Mas o seu grande trunfo foi simplesmente deixar um pouco de se preocupar em colocar o jogador em uma linha reta até o próximo momento épico e de ação explosiva. Ao dar possibilidade dos jogadores olharem para os lados, dando a liberdade de exploração e inserindo atividades interessantes para isso, ele entrega uma experiência de aventura única. O que faz até mesmo os elementos supernaturais, que sempre rolam nos jogos, não incomodarem tanto.
Com todas essas características e qualidades, a exclusividade (mesmo que temporária) de Rise of the Tomb Raider para consoles da Microsoft é um ponto muito positivo para donos de Xbox.
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Rise of the Tomb Raider está disponível para Xbox One e Xbox 360 a partir dessa terça-feira (10). O jogo foi testado no Xbox One e a cópia para análise foi cedida pela Microsoft.