Estes robôs conseguiram montar sozinhos uma cadeira
Ter que montar móveis da Ikea ou de qualquer loja de móveis é tão divertido quanto assistir de uma vez a uma temporada de Fuller House, então não seria legal ter robôs que fazem isso por você? Pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, acabam de dar um passo significativo em direção a um futuro em que poderíamos alcançar esse sonho.
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Hoje em dia, os robôs são bastante refinados, dando cambalhotas para trás, andando de patins e abrindo portas. Mas quando se trata de realizar tarefas que requerem boa destreza, as máquinas ainda têm um caminho a percorrer. A manipulação delicada é difícil para robôs, porque ela exige várias habilidades, incluindo acuidade visual, noção tátil, planejamento de movimentos, controle de força e a coordenação múltipla das mãos. Além disso, essas habilidades precisam ser executadas com carinho e, muitas vezes, de forma simultânea.
Por mais difícil que isso possa parecer, no entanto, uma nova pesquisa publicada nesta quarta-feira (18), na Science Robotics, mostra que é possível criar um sistema desses usando equipamentos robóticos disponíveis comercialmente nas prateleiras. O pesquisador Francisco Suárez-Ruiz e seus colegas da Universidade Tecnológica de Nanyang construíram uma plataforma que foi capaz de montar uma cadeira da Ikea em cerca de 20 minutos, sem ter que mexer com as configurações de fábrica do robô. Nada mau.
Para o experimento, os pesquisadores compraram um kit de cadeira STEFAN na Ikea. Mas isso não era uma desculpa para apresentar um produto de uma marca; os móveis da Ikea são feitos para serem montados por humanos em casa, não em linhas de montagem de fábricas, onde a manufatura acontece em ambientes controlados e altamente previsíveis.
O sistema da equipe da Universidade Tecnológica de Nanyang consistia de equipamentos disponíveis comercialmente, incluindo braços robóticos industriais, pinças paralelas, sensores de força montados nos “pulsos” dos robôs e uma câmera 3D. O objetivo era criar uma configuração que se aproximasse do pacote de “hardware” de um humano. Para acrescentar mais realismo, os pesquisadores posicionaram cada peça do kit em locais aleatórios, o que significava que os robôs não estavam pré-programados para saber o local de cada parte (infelizmente, os pesquisadores não replicaram a experiência completa com a Ikea ao excluir algumas peças do kit).
A construção da cadeira foi feita em três fases: o robô tinha que identificar e localizar cada peça em sua área, planejar seus movimentos e evitar colisões, decidindo então quanta força era necessária ao acoplar as partes. O robô usou tanto pistas visuais quanto táteis para a operação, além de muita codificação. No futuro, uma inteligência artificial avançada poderia ser usada para tornar o processo mais eficiente e aumentar a adaptabilidade dos robôs.
A esperança é de que, um dia, possamos usar robôs altamente habilidosos e adaptáveis para uma ampla gama de aplicações, sejam elas realizadas em ambientes de fábrica tradicionais ou em locais imprevisíveis, como em uma casa ou no espaço público. A cadeira da Ikea até que foi um desafio relativamente básico, mas podemos esperar tarefas de construção mais complexas no futuro. Essa é mais uma área em que se espera que os robôs substituam os humanos — porém, quando se trata de móveis da Ikea, eles são mais do que bem-vindos para assumir o trabalho.
Imagem do topo: Nanyang Technological University