Rochas mais antigas da Terra podem ter sido formadas por impactos de meteorito
Algumas das rochas mais antigas da Terra podem ter se formado a partir de altas temperaturas de impactos de meteoritos, relata um novo estudo.
Rochas do tipo granítico, ou félsicas, no noroeste do Canadá, datando da era mais antiga da Terra, parecem ter composições diferentes das rochas félsicas nos núcleos dos continentes. Uma nova modelagem computacional sugere que impactos de meteorito explicariam perfeitamente essa composição rochosa distinta.
• Astrônomos descobrem dez luas novas ao redor de Júpiter
• Astrônomos capturam primeira evidência direta de um exoplaneta nascendo
“Dado o alto fluxo previsto de meteoritos no fim do Hadeano”, a era infernal pouco antes da formação da Terra, de 4,6 bilhões a 4 bilhões de anos atrás, “o derretimento pelo impacto pode ter sido o mecanismo predominante que gerou as rochas félsicas do Hadeano”, escrevem os autores no novo artigo, publicado na Nature Geoscience.
As rochas em questão são as Idiwhaa gnaisses de 4,02 bilhões de anos encontradas no Complexo de Gnaisse Acasta do Noroeste do Canadá. Elas parecem ter uma composição claramente diferente das rochas “tonalíticas-trodhnjemite-granodiorito” que frequentemente surgem nas partes mais antigas e estáveis dos continentes — as Idiwhaa gnaisses têm menos sílica e muito mais de algumas moléculas contendo ferro. Pareceu para os geólogos que as rochas haviam sido formadas por um derretimento parcial de outras rochas “máficas” basálticas.
Mas como essas rochas acabaram com um visual tão diferente? A idade dessas Idiwhaa gnaisses implica que elas foram formadas durante um período de grande bombardeamento de meteoros. Talvez os meteoritos causaram o derretimento parcial, formando essas rochas gnaisses.
Os pesquisadores primeiro traçaram as propriedades dessas rochas, como sua composição, temperatura, pressão e o quanto elas precisavam derreter para se formar. Então, eles executaram simulações de computador de impacto de um meteorito de 10 km de largura atingindo uma crosta máfica a uma velocidade entre 12 km/s a 17 km/s. A distâncias entre 10 e 50 quilômetros do impacto e a profundidades de três quilômetros, as condições pareceram maduras para formar essas rochas, com temperaturas atingindo entre 800 ºC e 900 ºC.
“A ideia de fazer derreter rochas félsicas por impactos grandes ou gigantescos parece plausível, considerando a natureza de alta energia desses eventos e as antigas superfícies de outros planetas e luas internas do Sistema Solar”, disse Balz Kamber, da Trinity College Dublin, que não esteve envolvido no estudo, em um comunicado.
Isso exige a suposição de uma crosta máfica; você pode ler nossa discussão sobre a composição inicial da Terra aqui (em inglês). E, obviamente, esse estudo é baseado em modelagem por computador — não sabemos ao certo como a Terra antiga era. Talvez novos experimentos ou estudos de outros planetas possam ajudar a reforçar as evidências dessa teoria do impacto de meteoritos.
Mas a verdade é que isso não é tão surpreendente. Chamamos a era mais antiga do nosso planeta de Hadeana porque ela provavelmente era bastante infernal. Não seria maluco imaginar impactos de meteorito incríveis.
Imagem do topo: Um pedaço da rocha Idiwhaa gneiss. Crédito: Pedroalexandre/Wikicommons