Rose Ferreira: a sem-teto que virou estagiária da NASA
Quem olha para Rose Ferreira, estudante de astronomia na Arizona State University e estagiária da NASA, não imagina o caminho que se esconde por trás do currículo de sucesso.
A jovem cresceu na República Dominicana e não teve acesso à educação quando pequena. Mais tarde, se mudou para Nova York, onde enfrentou uma realidade ainda mais dura: frequentou regiões violentas, teve acesso mínimo à educação e chegou a ficar sem teto em uma das maiores cidades dos EUA.
Mas algo sempre a intrigou: o que poderia explicar o espaço? O questionamento vem da infância, quando vivenciava dias de apagão em sua comunidade natal. Nesses momentos, era obrigada a viver apenas com a luz da Lua.
“A Lua era muito do que eu costumava ver e sempre tive curiosidade sobre isso”, contou, em entrevista ao site de notícias da NASA. “Essa obsessão foi o que me fez começar a fazer perguntas”.
Foram as muitas perguntas sem respostas que a ajudaram no meio da tempestade. Antes de chegar na universidade, Rose trabalhou como assistente de saúde domiciliar e estudou através do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Ela ainda precisou se recuperar de um atropelamento e do tratamento de um câncer.
Foi só depois disso que ela finalmente conseguiu se matricular na faculdade. Em julho deste ano, recebeu o e-mail de sua vida: iria ser estagiária da NASA.
Sonho de ser astronauta
Se quando criança Rose Ferreira nem sabia o que era a NASA, hoje ela deseja se tornar astronauta da agência espacial norte-americana. Ela conta que sentiu a maior emoção de sua vida ao ver pela primeira vez a imagem de um campo de galáxias no próprio telescópio James Webb, em julho.
“Entrei no banheiro e chorei um pouco”, recorda, agora rindo. “Ser capaz de contribuir de alguma forma para os esforços da equipe da NASA parecia uma coisa tão forte para mim. Depois disso, fiquei em choque por uma semana”.
Em seu estágio, Ferreira assessorou as equipes que lançaram o maior telescópio de ciência espacial de todos os tempos no Centro Espacial Goddard, em Greenbelt, Maryland.
Ela também apoiou entrevistas ao vivo sobre as primeiras imagens divulgadas pelo James Webb e outras tarefas multimídia para o programa de comunicação em espanhol da NASA. Agora, seu objetivo a curto prazo é conquistar um diploma de doutorado. E, depois, quem sabe realizar o sonho de ser astronauta.
“Descubra o que você ama”
Rose Ferreira deixou um conselho para os jovens que também desejam seguir a ciência espacial. “Vindo de uma pessoa que teve um pouco mais de dificuldade para chegar lá, penso: primeiro, descubra se é realmente o que você ama”, aconselha.
“E, se é realmente o que você ama”, então, literalmente, encontre uma maneira de fazer isso, não importa quem diga o quê”, pontuou.
Ela diz que o processo, apesar de difícil, valeu a pena. Seu interesse, agora, está na missão Artemis, que vai desbravar a Lua, sua “amiga” de longa data.
“Mesmo quando eu morava nas ruas, a Lua costumava ser a coisa que eu olhava para me acalmar. É minha sensação de conforto mesmo hoje, quando estou sobrecarregada com as coisas”, contou. “É minha força motriz”.