Rover Curiosity acha indícios de que Marte teve condições propícias à vida

Em algum momento no passado, Marte já teve um clima cíclico, dividido por estações, propício ao desenvolvimento da vida
Imagem: JPL-Caltech/NASA/Divulgação

Em algum momento no passado, Marte já teve um clima cíclico, dividido por estações, propício ao desenvolvimento da vida. É o que deduziram especialistas a partir de indícios encontrados na superfície do planeta vermelho pelo rover Curiosity.

O robô da NASA detectou sinais claros de que Marte experimentou ciclos sazonais úmidos e secos há cerca de 3,6 bilhões de anos. A descoberta reforça as evidências de que o planeta já foi favorável à vida, de acordo com o novo estudo.

A avaliação é que Marte pode ter sido um planeta gelado, antes de uma erupção vulcânica que esquentou repentinamente a atmosfera e provocou a formação de água líquida. Atualmente, o clima em Marte é extremamente árido, mas há bilhões de anos o planeta teve abundantes rios e lagos, que já evaporaram.

Assim como na Terra, no passado, as estações seca e úmida se sucediam em intervalos regulares em Marte. E isso durante vários milhões de anos, tempo suficiente para que a vida aparecesse. Um clima assim é uma das principais condições para que a matéria orgânica passe de inerte à viva.

Como foi feita a descoberta

O Curiosity explora desde 2012 uma enorme cratera do planeta vermelho, chamada Gale Crater, e sua montanha de 6 mil metros de altura, feitas de camadas de sedimentos. Ao contrário da Terra, a superfície de Marte não se renova pelos movimentos tectônicos de placas, e os depósitos desses solos antigos se conservaram perfeitamente.

Em 2021, o rover da agência espacial norte-americana passou por um trecho de estranhas cristas poligonais que nunca haviam sido vistas em Marte antes. Agora, os cientistas concluíram que os padrões são rachaduras, formadas por episódios regulares de inundações e secas. Trata-se de um fenômeno natural, conhecido por ser extremamente propício à vida aqui na Terra.

As rachaduras fossilizadas, formadas na lama fresca, revelam que “ciclos secos e úmidos repetidos de intensidade regular” poderiam ter criado “um regime climático semelhante ao da Terra e ambientes de superfície favoráveis ​​à evolução pré-biótica” em Marte. É o que diz o novo estudo, publicado na revista Nature nesta quarta-feira (9).

“Compreendemos rapidamente que estávamos trabalhando em depósitos de lagos e rios, mas não sabíamos a qual tipo de clima vinculá-los”, explica William Rapin, que liderou o estudo. “É uma formação bastante única. É a primeira vez que vimos isso em Marte, na verdade, e nos conta muitos detalhes sobre como o clima funcionava na época”, diz o pesquisador da Universidade de Toulouse III, na França.

O especialista conduziu a pesquisa junto ao Laboratório de Geologia de Lyon e de colegas norte-americanos e canadenses. À medida que subia lentamente a ladeira da montanha, o rover Curiosity encontrou depósitos de sal de formas hexagonais, em um solo que datava de 3,8 a 3,6 bilhões de anos.

Como o passado profundo marciano está tão bem preservado, os cientistas conseguiram analisar as evidências que indicam que havia condições ideais para o surgimento da vida – embora ninguém saiba se alienígenas já habitaram o planeta.

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