
Rússia decide lançar nave de resgate para trazer 3 astronautas à Terra

A agência russa Roscosmos, em conjunto com a NASA, anunciou que pretende lançar uma nave substituta para três astronautas que estão trabalhando a bordo da ISS (Estação Espacial Internacional). A Rússia quer enviar a Soyuz MS-23 no próximo dia 20 de fevereiro, substituindo a nave danificada Soyuz MS-22 – que está atualmente acoplada à estação.
No último dia 14 de dezembro, cosmonautas russos notaram um vazamento no fluido refrigerante do sistema de refrigeração da Soyuz MS-22, enquanto eles se preparavam para fazer uma caminhada espacial. O vazamento do fluido no espaço pode ser visto no vídeo abaixo:
The Soyuz MS-22 spacecraft has been leaking apparent coolant fluid more than three hours. International Space Station managers are discussing the situation.
The cosmonauts who were preparing for tonight's spacewalk are safely back in the space station.https://t.co/2lnIsF9yec pic.twitter.com/Sbc6k8iiA2
— Spaceflight Now (@SpaceflightNow) December 15, 2022
A origem do problema ainda não está clara. Contudo, os russos suspeitam que o vazamento provavelmente começou após o casco externo da nave ter sido atingido por um micrometeoróide de cerca de 1 milímetro de diâmetro, que atingiu a estrutura com uma velocidade de cerca de 7 quilômetros por segundo.
Na prática, o vazamento não interfere nas operações a bordo da ISS, mas ele é um sério risco à segurança. A Rússia chegou à conclusão que a nave avariada não é viável para o retorno normal dos astronautas à Terra. Sem o sistema de refrigeração, os astronautas teriam que suportar temperaturas de mais de 40º C, além de altos níveis de umidade, durante durante o retorno ao planeta.
Por outro lado, a Roscosmos ressaltou que a nave poderia ser usada para trazer os astronautas no caso de alguma emergência médica ou problema técnico grave a bordo da estação espacial.
A Rússia também descartou a possibilidade de consertar a Soyuz MS-22 em órbita, pois seria algo difícil e perigoso para os astronautas. A substituição de naves se mostrou ser a opção menos arriscada.
Rússia perde seu “bote salva-vidas”
A Soyuz MS-22 foi lançada em 21 de setembro do ano passado, transportando os russos Sergey Prokopyev e Dmitry Petelin, além do astronauta americano Frank Rubio. O plano inicial é que eles retornariam à Terra no final de março de 2023, a bordo da mesma Soyuz MS-22.
No caso da Soyuz MS-23, o seu cronograma de lançamento está sendo adiantado. A nave já está no local de lançamento, no Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, onde será conectada ao foguete. A nave voará de forma automática, sem astronautas a bordo, mas com alguma carga a bordo.
Inicialmente, a nave seria usada para lançar em março a próxima tripulação da ISS, composta pelos cosmonautas Oleg Kononenko e Nikolai Chub, e o astronauta da NASA Loral O’Hara. Estes serão transferidos para a missão seguinte, a Soyuz MS-24.
Quando a nave de resgate chegar na estação espacial, os astronautas vão transferir ao longo de duas semanas equipamentos e assentos personalizados da Soyuz MS-22 para a MS-23. Em seguida, cargas e experimentos que não são sensíveis ao superaquecimento vão para a MS-22, que tentará fazer um pouso automatizado no Cazaquistão.
Com esse novo plano, Prokopyev, Petelin e Rubio terão sua permanência na ISS estendida por vários meses, até a chegada da Soyuz MS-24 – provavelmente, ocorrendo apenas em setembro.

Da esquerda para a direita, o astronauta Frank Rubio, e os cosmonautas Sergey Prokopyer e Dmitry Petelin, antes do seu lançamento a bordo da Soyuz MS-22. Imagem: GCTC.
O temor de uma emergência
Caso ocorra uma emergência que necessite de uma evacuação total da ISS antes da chegada da MS-23, a NASA está discutindo com a SpaceX a possibilidade de usar a espaçonave da missão Crew-5 – também ancorada na estação – para trazer mais astronautas além de sua capacidade normal.
A nave da SpaceX comporta quatro astronautas, porém, em teoria, ela poderia levar um ou mais astronautas na área de armazenamento de cargas. O restante dos astronautas poderia retornar na avariada Soyuz MS-22, pois, com uma tripulação de um ou dois, seria possível reduzir o risco de superaquecimento.
Atualmente, a tripulação da ISS é composta por sete astronautas, sendo três americanos, três russos e um japonês. A NASA pretende trocar quatro deles em fevereiro, com o lançamento da missão Crew-6, pela SpaceX.