Desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Gamaleya, a vacina da Rússia contra COVID-19 é mais uma a apresentar resultados promissores. De acordo com um anúncio feito nesta terça-feira (24), a Sputnik V tem uma eficácia de mais de 95% após a aplicação da segunda dose.
Ao concluir a terceira fase dos testes clínicos realizados com 40 mil voluntários, a Rússia informou que uma análise preliminar de 18.794 participantes revelou uma eficácia de 91,4% após 28 dias desde a aplicação da primeira dose. Com a aplicação da segunda dose, essa taxa subiu para 95% após 42 dias desde a primeira (o que corresponde a 21 dias após a segunda dose).
Dentre os 14.095 participantes que receberam a vacina, houve oito casos da doença. Já entre os que receberam placebo, o número foi de 31 casos. Nenhum deles apresentou reações graves à vacina, sendo as mais comuns: dor no local da aplicação, febre, dor de cabeça, fadiga e outros sintomas leves.
Os dados apresentados pela Rússia, porém, ainda não foram revisados por pares nem publicados por uma revista científica, o que põe em dúvida as afirmações feitas. Mesmo estudos anteriores que passaram por esses processos foram contestados por especialistas.
Um dos pontos que mais chama a atenção é o preço da Sputnik V. De acordo com o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento da vacina, cada dose custará menos de US$ 10, o que corresponde a cerca de R$ 54 em conversão direta. Para efeito de comparação, a farmacêutica Moderna diz que cobrará entre US$ 25 (R$ 134) e US$ 37 (R$ 199) por dose, enquanto a Pfizer fechou um acordo com o governo dos EUA para cobrar US$ 19,50 (R$ 105) por unidade para 100 milhões de doses.
Entre todas as candidatas que apresentaram resultados promissores recentemente, a vacina de Oxford continua sendo a mais barata. Em acordo com a AstraZeneca, responsável pela produção da vacina, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encomendou 100,4 milhões de doses pelo preço de US$ 3,16 (cerca de R$ 17) por unidade. A fundação ainda pretende produzir mais de 110 milhões de doses da vacina ao longo do segundo semestre de 2021 após o fim do acordo com a farmacêutica britânica.
Em agosto deste ano, a vacina Sputnik V já havia sido registrada pelo Ministério da Saúde da Rússia. Kirill Dmitriev, chefe do Fundo Russo de Investimento Direto, afirmou em comunicado que o objetivo é produzir mais de 1 bilhão de doses no ano que vem.