Saiba como os irmãos Duffer inventaram “Stranger Things”

A última temporada da produção da Netflix já somou mais de 1,15 bilhão de horas assistidas. Mas de onde saiu a inspiração? Ela tem nome e sobrenome: Stephen King. Veja como tudo começou
Stranger Things
Imagem: Divulgação/Reprodução Netflix

Lançada em 2016, a hoje bombada série “Stranger Things” chegou de forma tímida, mas aos poucos foi conquistando o público, com uma trama que envolve mistérios e terror sobrenatural nos anos 1980.

Com uma pegada mais nostálgica, a série criada pelos irmãos Duffer se tornou um fenômeno da Netflix. Além de bater diversos recordes, trouxe de volta sucessos e modas da época.

Mas muita gente se pergunta: de onde tiraram a ideia e quais as influências para a produção da Netflix? Os próprios gêmeos Matt e Ross Duffer respondem. 

Os criadores de “Stranger Things” são nascidos no estado norte americano da Carolina do Norte em 1984. Os dois são apaixonados pelas obras de Steven Spielberg, Tim Burton e Stephen King, e são delas as principais influências para a criação da série sobrenatural.  

Desde pequenos, os irmãos foram aficcionados pelo audiovisual e por obras de suspense, terror e ficção científica. Ainda na juventude, já começaram a investir na área com uma primeira produção caseira de “Magic: The Gathering”, popular franquia de jogos de cartas. Esse filme já dava pistas do que viria pela frente.

Stranger Things

Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Depois disso, os irmãos Duffer não pararam mais e estiveram envolvidos em diversos filmes, seja como produtores, escritores ou diretores.

Entre os títulos estão: “Todos Nós Caímos” (2005), “O Leiteiro” (2008), “Meninos de Abraão” (2009) e “Embarcação” (2012). Porém, somente em 2011 veio o primeiro roteiro aprovado pela Warner Bros, “Hidden” (“Escondidos”, em português).

O longa tem diversas semelhanças com “Stranger Things”, com um roteiro pós-apocalíptico, que mostra uma família presa no subterrâneo enquanto assombrações rondam a superfície da Terra. Mas infelizmente, a Warner não considerou o roteiro comercial o suficiente para o cinema, e acabou lançando apenas em vídeo. 

E foi em 2015, que o jogo virou para os irmãos Duffer. “Hidden” foi profundamente influenciado pelo trabalho de M. Night Shyamalan (o diretor de “Fragmentado”), tanto que a produção chamou a atenção do cineasta indiano.

Shyamalan estendeu a mão para os irmãos e os recrutou para trabalhar na série da Fox “Wayward Pines”. Shyamalan orientou os gêmeos durante a primeira temporada, na qual eles escreveram alguns episódios. 

Durante esse tempo, em 2015, os dois começaram a vislumbrar uma ideia que se tornaria “Stranger Things”. “E se Steven Spielberg dirigisse um livro de Stephen King?”, foi a pergunta que surgiu.

Eles se reuniram com “15 a 20 redes”, de acordo com o Daily Beast , e todos recusaram o projeto. A resposta era quase em uníssono: um programa adulto estrelado por crianças não funciona.  

Stranger Things

Imagem: Divulgação/Netflix

Eles, porém, não desistiram tão fácil. Como tantos empreendimentos neste setor, é preciso encontra “a” pessoa para dar certo: uma que tenha poder, prestígio e dinheiro. Foi aí que entrou Shawn Levy , um veterano de cinema e TV, fundador da produtora 21 Laps.

O roteiro foi parar na mão de Levy, que viu o potencial do projeto. Assim, junto com Dan Cohen, formou a dupla de produtores executivos da série. Foi ideia deles encaminhar o projeto para a Netflix.

É importante lembrar ainda se vivia o comecinho do “boom do streaming” e o cenário era diferente de hoje. Àquela altura, a Netflix ainda era um risco. 

Mesmo que a plataforma não fosse o que é hoje, a equipe ainda teve que montar uma proposta com materiais convincentes.

“Tínhamos esse grande trailer de dois minutos e meio com cerca de 20 ou 30 desses filmes [de terror dos anos 80] meio que entrelaçados para tentar contar a história de ‘Stranger Things’, mas obviamente todas essas imagens ou ideias estavam em nossas cabeças”, disse Matt Duffer ao Beast. “Esses são os filmes em que crescemos e fazem parte do nosso DNA.”

Eles até deram um “truque”. “Quando estávamos vendendo, fizemos uma capa falsa de Stephen King para o show. Na verdade, usamos o livro de bolso ‘Firestarter’ e colocamos nosso título e uma imagem de uma bicicleta caída em cima dele. Quando estávamos tentando criar títulos, nós os digitávamos na capa do livro e isso nos ajudava”, revelou Matt.

“E ‘Stranger Things’ meio que soa como ‘Needful Things’ parecia que poderia ter sido um livro de Stephen King dos anos 80.”

A Netflix gostou do que viu e não apenas pegou o projeto, mas também deu aos criadores o alcance para fazer o show peculiar que eles queriam (a plataforma de streaming não tinha notas de revisão quanto à estrutura, tom ou conteúdo do programa). Isso é exatamente o que a equipe fez e, foi um sucesso de quebra de precedentes. 

Stranger Things

Imagem: Divulgação/Netflix

E foi assim nasceu “Stranger Things”, cuja história sobrenatural se passa na cidade ficcional de Hawkins, no ano de 1983, e conta sobre o desaparecimento do garoto Will. Lançada em 2016 pela Netflix, a obra conquistou o público e a crítica e foi indicada a diversos prêmios, vencendo, entre eles, o Teen Choice, NMW Award, Nickelodeon Kids’ Choice Award e Prêmio Saturno.

Agora, com 38 anos, os gêmeos Duffer colhem os frutos do sucesso, mas já se preparam para realizar um sonho. Matt e Ross anunciaram recentemente o lançamento de uma produtora própria, a Upside Down Pictures, que manterá a parceria com a Netflix e já se prepara para novos projetos.

E com isso, a Upside Down Pictures está desenvolvendo 4 projetos diferentes: série derivada de “Stranger Things”, peça teatral do universo de “Stranger Things”, nova série live-action de “Death Note”, além da série baseada em “O Talismã”, livro de Stephen King e Peter Straub.

Rayane Moura

Rayane Moura

Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem

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