Saiba qual é o carrapato transmissor da febre maculosa, que matou casal em SP
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou que a dentista Mariana Giordano, de 36 anos, e o empresário e piloto de corrida Douglas Pereira Costa, de 42 anos, morreram após contrair febre maculosa na última quinta-feira (8). Eles moravam nas cidades de São Paulo e Jundiaí, respectivamente.
Os laudos saíram após análise de amostras biológicas pelo Instituto Adolfo Lutz. O casal começou a apresentar sintomas como febre, dor e manchas vermelhas no corpo no dia 3 de junho. Havia a suspeita de dengue ou leptospirose, além de febre maculosa – todas doenças de notificação compulsória.
Mas afinal: o que é febre maculosa? Trata-se de uma doença infecciosa transmitida por carrapatos infectados pela bactéria Rickettsia parkeri, que aparece em ambientes de Mata Atlântica; ou pela Rickettsia rickettsii, associada à forma grave da doença e registrada na região sudeste do Brasil e ao norte do Paraná.
No Brasil, o principal vetor da doença é o carrapato-estrela da espécie Amblyomma cajennense. Este é um carrapato hematófogo (se alimenta de sangue) que pode ser encontrado em animais de grande porte, como os bois e cavalos, mas também em cães, aves domésticas, e roedores, como as capivaras.
Para que um carrapato infectado pelas bactérias transmita a doença é preciso que ele permaneça pelo menos quatro horas fixado na pele de uma pessoa. Não há transmissão entre humanos.
Estes aracnídeos são mais frequentes em margens de rios e áreas de mata silvestre, e os carrapatos mais jovens são os principais responsáveis pela transmissão – eles são menores, afinal, e mais difíceis de serem vistos. Esta forma jovem do carrapato é mais comum entre os meses de junho e novembro.
Sintomas e tratamento da febre maculosa
Quem contrai febre maculosa pode apresentar febre alta, dores no corpo e na cabeça, cansaço, perda do apetite, náuseas e vômitos. Estes sintomas aparecem de dois a 14 dias depois do contato com o carrapato infectado, são parecidos com os de outras infecções e exigem assistência médica imediata.
Com o passar dos dias, a pessoa com febre maculosa pode apresentar manchas avermelhadas, principalmente nas mãos e nos pés. Estas manchas podem evoluir para petéquias (pintinhas parecidas com uma picada de pulga) e equimose (manchas roxas na pele).
A forma grave da doença inclui hemorragia, e a letalidade pode ser maior que 50%. A febre maculosa exige tratamento com antibióticos (tetraciclina e clorafenicol) já nos primeiros dois ou três dias de sintomas. Quanto mais rápido o diagnóstico e o início do tratamento, maiores as chances de recuperação.
Prevenção da doença
O Ministério da Saúde adverte: é importante vestir calças e camisas claras de manga comprida ao caminhar em locais de mato para evitar o contato com carrapatos infectados. Nos pés, botas são o calçado ideal – e, se você colocar as barras da calça para dentro das botas, mais protegido estará.
Para ficar longe da febre maculosa, também é bom evitar áreas infestadas por carrapatos, se possível, usar repelentes com concentrações maiores de DEET (eficazes contra o animal), e verificar a cada duas horas se há algum aracnídeo fixado em seu corpo.
Caso você encontre um bichinho, retire-o depressa – quão mais rápida a remoção, menor o risco de infecção. Mas não o esmague: isso pode liberar bactérias que por sua vez podem penetrar em pequenas lesões de sua pele. O ideal é retirar o carrapato com cuidado, segurando-o com as pontas dos dedos e torcendo levemente até que sua boca solte a pele.
O Ministério da Saúde também recomenda atenção com a higiene de animais em áreas rurais, como cães e cavalos, que podem usar carrapaticidas. Para quem mora no campo, a dica é aparar com frequência o gramado ao redor da casa para evitar a proliferação dos carrapatos, e não deixar cachorros dentro de casa. Eles podem abrigar carrapatos infectados, mas não apresentam sintomas da febre maculosa.