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Trecho modificado de Salmo escrito no século 6 é encontrado em Jerusalém

Especialista de Israel decifrou texto que parafraseia passagem bíblica do Salmos 86, que pode ter sido escrita por monge; veja

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Imagem: Reprodução/Universidade Hebraica de Jerusalém

Depois de uma tradução do Novo Testamento descoberta este ano, pesquisadores do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, liderados pelo Dr. Oren Gutfeld e Michal Haber, descobriram, em escavações no deserto na Judeia, em Jerusalém, em Israel, uma inscrição do Salmo 86 em grego koiné, idioma do Novo Testamento da Bíblia.

O epigrafista especialista Dr. Avner Ecker, da Universidade Bar-Ilan, decifrou o texto escrito em pedra, com letras em vermelho e uma cruz no topo, que interpreta a passagem bíblica. A paráfrase de Salmos 86: 1–2, diz “Jesus Cristo, guarda-me, pois sou pobre e necessitado”.

Já a versão original é: “Ouve-me, Senhor, e responde-me, pois sou pobre e necessitado. Guarda a minha vida, pois sou fiel a ti”. “Este salmo ocupa um lugar especial no texto massorético como uma oração designada e é notavelmente um dos salmos mais recitados na liturgia cristã”, segundo Ecker.

O local já foi abrigo de um pequeno mosteiro cristão que se estabeleceu em 492 dC, com o monge Santo Sabbas, o provável responsável pela inscrição. “Assim, o monge desenhou um grafite de uma cruz na parede, acompanhado por uma oração com a qual ele estava muito familiarizado”, explicou o epigrafista.

Devido ao estilo de escrita, Ecker atribuiu a inscrição ao início do século 6. Além disso, erros gramaticais típicos da Palestina bizantina dão pistas da origem do monge. “Esses pequenos erros indicam que o padre não era um falante nativo de grego, mas provavelmente alguém da região que foi criado falando uma língua semítica”, completou.

Confira a imagem completa abaixo:

Mais escavações e descobertas

Outra inscrição também foi encontrada nas proximidades, e está atualmente em análise. Além disso, um anel de ouro infantil, com pouco mais de 1 cm de diâmetro e adornado com uma pedra turquesa, também estava no local. Gravada em árabe estava a inscrição “Deus desejou”.

O estilo da escrita data dos séculos 7 e 8 dC, enquanto a pedra pode ter sido originado no território recém-conquistado do Império Sassânida (atual Irã), parte do califado omíada em expansão. No entanto, não se sabe como a joia teria chegado ao local das escavações.

Imagem: Reprodução/Universidade Hebraica de Jerusalém

O arqueólogo Haber considera as descobertas excepcionais. “Poucos itens têm tanta importância no registro histórico e arqueológico como as inscrições”, disse. Ele ainda acrescenta que elas “são virtualmente os primeiros exemplos do local a terem origem em uma ordem ordenada e documentada”.

A equipe teme que as escavações chamem “a atenção de saqueadores” de artefatos. Entretanto, estão ansiosos pela próxima temporada de escavações, prevista para o início de 2024.

Com informações da Universidade Hebraica de Jerusalém.

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