Ciência

Samambaia zumbi usa suas próprias folhas mortas para continuar viva

Estudo identificou mecanismo de espécie de samambaia do Panamá que transforma suas folhas mortas em fonte de alimento
Imagem: David Clode/ Unsplash/ Reprodução

Quando uma das folhas de uma planta morre, ela tende a ficar seca, perder a coloração e murchar até cair. Para muitos cuidadores de plantas, esse é o momento de apará-las, para evitar que o vegetal perca energia. Contudo, isso não é verdade para uma espécie de samambaia do Panamá.

De acordo com um novo estudo, publicado na revista Ecology, a Cyathea rojasiana reanima suas folhas mortas, transformando-as em raízes. Assim, a planta pode continuar se alimentando da terra. Por isso, ela recebeu o apelido de samambaia zumbi.

Como funciona

O fenômeno só acontece quando a folha morta em questão se inclina em direção ao solo. Ao entrar em contato com a terra, parece que a samambaia automaticamente reanima esse pedaço de si.

Depois, brotam uma rede de raízes dessa mesma folha. A partir daí, elas seguem extraindo nitrogênio do solo e alimentando a planta mãe. Mesmo vivas, elas continuam com a aparência de folhas mortas, similar à matéria vegetal decomposta.

Provável adaptação

Outros seres vivos possuem mecanismos similares. Por exemplo, cogumelos chamados cordyceps infectam e matam seus hospedeiros antes de crescerem a partir de seu tecido morto.

Contudo, essa é a primeira vez que cientistas encontram uma planta que reconfigura uma parte morta para criar um sistema de raízes novo.

Por ser do Panamá, os pesquisadores acreditam que o mecanismo é uma adaptação para a sobrevivência. Isso porque o país foi criado a partir de atividade vulcânica, de forma que seu solo tem camadas de cinzas, o que dificulta a distribuição de nutrientes à vegetação ali presente.

Para sobreviver ao solo pobre em alimento, a samambaia zumbi provavelmente desenvolveu essa habilidade. Além disso, a samambaia tem como característica o crescimento lento. Em geral, apenas uma ou duas folhas novas são cultivadas por vez. Por isso, o mecanismo “zumbi” é essencial para sua sobrevivência.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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