Plantas criam mecanismo para compensar desaparecimento de abelhas
Quando uma pessoa pensa em um jardim, a primeira imagem que vem à mente é de um lugar verde, repleto de flores coloridas e abelhas beijando as plantas no centro das pétalas. Contudo, o cenário atual pode não ser bem assim.
Nas últimas décadas, a população de insetos polinizadores de flores diminuiu. Por exemplo, um estudo feito na Alemanha concluiu que mais de 75% dos insetos voadores desapareceram de áreas protegidas no país durante os últimos 30 anos.
No entanto, conforme a quantidade de polinizadores diminuiu e a reprodução se tornou mais difícil, as plantas evoluíram. Agora, elas caminham em direção à autofertilização, segundo uma nova pesquisa publicada na revista New Phytologist.
A arte da adaptação
Pesquisadores da Universidade de Montpellier e do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), na França, analisaram violetas silvestres que crescem na região de Paris. Eles compararam dados das flores atuais com aquelas do período entre 1992 e 2001.
Para isso, utilizaram sementes coletadas nessa época e recriaram as plantas em laboratório. Depois da comparação, eles perceberam que as flores tinham características diferentes.
Primeiramente, a pesquisa constatou que as violetas atuais são cerca de 10% menores que antes. Elas também produzem 20% menos néctar e são menos visitadas por polinizadores do que seus ancestrais.
Assim, os cientistas identificaram o que chamaram de círculo vicioso. Nesse padrão, a diminuição do número de insetos polinizadores leva à redução da produção de néctar pelas flores.
Isso, por sua vez, pode piorar o cenário para esses animais, contribuindo para o declínio desses insetos. De modo geral, os pesquisadores consideraram que essa é uma evolução rápida.
Dessa forma, eles destacam no artigo que é preciso implementar medidas para preservar a população de polinizadores o mais rápido possível. Só assim é possível preservar as interações entre plantas e polinizadores, que existem há milhões de anos.