A crise hídrica já é uma realidade para milhões de pessoas em todo o mundo. Agora, um novo estudo sugere que até o final deste século, cerca de 8% de toda a população mundial pode ser afetada por secas extremas — isso representa o dobro da taxa de 3% registrada entre 1976 e 2005.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan e publicado na Nature Climate Change. Com base em 27 modelos de simulação climático-hidrológicos globais, cobrindo um período de 125 anos, os cientistas concluíram que o armazenamento de água em ambientes naturais, ou TWS, pode diminuir em dois terços do mundo devido às mudanças climáticas.
A sigla TWS (terrestrial water storage) refere-se à água acumulada em gelo, neve, rios, lagos, reservatórios, pântanos, solos e lençóis freáticos. É ela que determina o fluxo da água no ciclo hidrológico e, portanto, o quanto desse recurso está disponível. Uma queda desse indicativo significa um maior número de secas no futuro.
De acordo com os pesquisadores, as nações do hemisfério sul serão afetadas de forma desproporcional, sendo que muitas regiões já enfrentam problemas de falta de água. Essa escassez do recurso será uma ameaça também a questões como segurança alimentar, conflitos e migrações.
Yadu Pokhrel, autor principal do estudo e professor associado de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Estadual de Michigan, alerta que “precisamos nos comprometer com uma melhor gestão e adaptação dos recursos hídricos para evitar consequências socioeconômicas potencialmente catastróficas devido à escassez de água em todo o mundo”.
[Futurity]