Sem astronautas, Artemis 1 voará para Lua com Alexa a bordo
Se tudo ocorrer como o planejado, no próximo dia 29 de agosto, o foguete da Artemis 1, da NASA, partirá em direção à Lua. Apesar desta primeira missão não transportar astronautas, a espaçonave Orion levará a bordo uma passageira inusitada: a Alexa.
O uso da assistente inteligente da Amazon faz parte do Callisto, um projeto de demonstração tecnológica desenvolvido através de um acordo comercial entre a agência espacial dos EUA e a empresa Lockheed Martin.
O objetivo é testar como a tecnologia disponível comercialmente na Terra poderá auxiliar astronautas em missões no espaço profundo. A ideia é que dados sobre status de voo, orientação da nave ou níveis de recursos a bordo possam ser acessados facilmente por meio de comandos de voz.
Além da Amazon, a Lockheed Martin também fechou uma parceria com a empresa Cisco, para testar o software de videoconferência Webex. Segundo o site 9to5Mac, os softwares personalizados foram instalados em um iPad da Apple – instalado no console central da Orion, como visto na foto abaixo:
Durante a viagem para a Lua, controladores da NASA enviarão comandos de voz por meio do sistema Webex. A Lockheed Martin afirma que a assistente poderá responder milhares de perguntas específicas, como “Alexa, quão rápido a Orion está viajando?” ou “Alexa, qual é a temperatura na cabine?”.
Se funcionar, a tecnologia poderá tornar os trabalhos a bordo mais simples, seguros e eficientes. Futuramente, o sistema poderá ser utilizado na estação lunar Gateway, ou em missões em Marte.
“À medida que os humanos viajam mais longe no espaço, essa tecnologia pode permitir que os astronautas operem de forma mais independente da Terra”, afirma a NASA.
Alexa no espaço
Vale ressaltar que o uso de uma assistente inteligente no espaço não é algo tão simples assim. Para funcionar aqui na Terra, a Alexa depende da nuvem da Amazon — utilizando softwares e serviços de internet, através de servidores e data centers ao redor do mundo.
No espaço, não há internet ou servidores. Além disso, utilizar a nuvem da Terra não seria algo prático, pois a assistente poderia demorar demais para responder aos comandos — principalmente nas viagens espaciais mais distantes. Para resolver a questão, a Alexa terá um banco de dados viajando a bordo da espaçonave, além de contar com o apoio da Deep Space Network, uma rede de radiotelescópios da NASA ao redor do mundo.
Além disso, o hardware também precisa ser reforçado para protegê-lo da radiação espacial.
“A Orion já é a espaçonave mais avançada já desenvolvida para levar astronautas à Lua, e a tecnologia de ativação por voz pode levá-la ao próximo nível, permitindo que os sistemas de computador interativos das espaçonaves de ficção científica se tornem uma realidade para a próxima geração de exploradores”, explica Howard Hu, vice-gerente do programa Orion no Johnson Space Center da NASA.
Além da Alexa, a Artemis 1 testará o novo foguete SLS, da NASA, assim como a espaçonave Orion, em uma viagem real de ida e volta à Lua. A missão serve para testar tecnologias e procedimentos para a retomada dos voos tripulados para a superfície lunar, a partir de 2025.