_Uber

Sensores do carro autônomo do Uber ignoraram ciclista em acidente fatal, diz reportagem

Em março, uma mulher atravessava uma rua carregando uma bicicleta em Tempe, no Arizona, quando foi atingida por um Uber que estava testando seu modo de direção autônomo. A vítima morreu em decorrência dos ferimentos. Desde então, o Uber vem estudando o que deu errado e aparentemente a empresa concluiu que o hardware estava funcionando […]

Em março, uma mulher atravessava uma rua carregando uma bicicleta em Tempe, no Arizona, quando foi atingida por um Uber que estava testando seu modo de direção autônomo. A vítima morreu em decorrência dos ferimentos. Desde então, o Uber vem estudando o que deu errado e aparentemente a empresa concluiu que o hardware estava funcionando corretamente, mas que a sensibilidade do software não estava configurada do jeito certo.

• Vídeo de acidente fatal com Uber autônomo mostra vítima aparecendo do nada na estrada
• Uber planeja parar de mostrar seus locais exatos de embarque e desembarque aos motoristas

Duas fontes “com conhecimento a respeito do assunto” disseram ao The Information que a investigação interna do Uber descobriu que duas câmeras, o Lidar e o radar do carro de testes de direção autônoma estavam funcionando corretamente. Infelizmente, o sistema que determina quais objetos ao redor do carro podem ser ignorados com segurança foi aparentemente modificado de uma maneira que fez com que ignorasse a pedestre naquela situação.

Uma motorista de segurança estava no carro naquele momento. Imediatamente depois da batida, muita atenção se voltou às cenas da câmera do painel que mostrava que a motorista não estava prestando atenção na via. Não há nenhuma maneira em que se possa afirmar que a motorista humana teria conseguido reagir a tempo, mesmo se estivesse focada.

O Information explica por que o Uber não deu tanta prioridade ao software. Da reportagem:

Existe uma razão pela qual o Uber modificaria seu sistema para ser menos cuidadoso com objetos ao redor do carro: eles estavam tentando desenvolver um veículo autônomo que fosse confortável de se viajar. Em contraste, pessoas que recentemente viajaram em veículos da Waymo ou Cruise da General Motors, disseram que a corrida pode ser brusca, com freadas repentinas mesmo sem nenhuma ameaça à vista. Isso geralmente é resultado dos veículos reagirem a falsos positivos, quando o sistema de sensores pensa que vê objetos se movimentando quando na realidade não estão lá, ou a objetos que provavelmente não causarão problemas mas são tratados como tais. A perspectiva do Uber tem sido de que um protótipo de carro que dirige sozinho e que freia bruscamente constantemente também seja perigoso.

A rival Waymo lançou seus primeiros carros totalmente autônomos sem a necessidade de um motorista de segurança em novembro do ano passado e tem se preparado por um teste comercial nos subúrbios ao redor de Phoenix, também no Arizona. Internamente, o Uber aparentemente tem tentado atingir o mesmo objetivo até o final do ano. Em um perfil recente, o novo CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, disse que ele considerou encerrar o programa de carros autônomos quando assumiu o cargo, mas seus colegas rapidamente mostraram a ele por que o negócio seria essencial para o progresso da companhia em direção aos lucros.

• Passeamos em um carro autônomo Waymo e foi surpreendentemente tranquilo

Procuramos o Uber para um posicionamento sobre a matéria e nos enviaram o seguinte comunicado:

Estamos cooperando ativamente com a [National Transportation Safety Board (órgão de transporte dos EUA)], em suas investigações. Por respeito a esse processo e à confiança que construímos com a NTSB, não podemos comentar os específicos do incidente. Enquanto isso, iniciamos uma revisão de segurança completa em nosso programa de veículos autônomos e trouxemos o ex-presidente da NTSB, Christopher Hart, para nos aconselhar sobre nossa cultura geral de segurança. Nossa análise está procurando por todos os elementos, desde a segurança do nosso sistema até nosso processo de treinamento para operadores de veículos, e esperamos ter mais detalhes em breve.

Para qualquer assunto específico relacionado ao acidente, foi pedido para que entrássemos em contato com a NTSB.

Dada a implacável dedicação do Uber em cortar custos e impulsionar seu crescimento de qualquer maneira possível, é fácil assumir que se trata de apenas mais um caso do Uber sendo Uber. Ao mesmo tempo, o acidente fez com que o Arizona suspendesse a condução de quaisquer testes com carros autônomos da empresa no estado, e a companhia decidiu paralisar os testes em todas as cidades em que vinha atuando com o sistema. Não está muito claro se o Uber está tomando riscos desnecessários para atingir seus objetivos internos, mas certamente estão pagando um preço alto neste momento.

[The Information, Reuters]

Imagem do topo: Getty

Sair da versão mobile